Trechos de decisões do juiz Sérgio Moro na Operação Lava Jato foram usados em documento anexado ao processo
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Ribeirão Preto utilizou trechos de decisões do juiz Sérgio Moro na Operação Lava Jato para defender a prisão dos acusados na Operação Sevandija, por terem promovido a “corrupção sistêmica” na prefeitura.
“Embora a prisão cautelar seja um remédio amargo, é melhor do que a contaminação da democracia pela corrupção sistêmica. Em um determinado nível, a corrupção coloca em risco a própria qualidade de democracia”, afirma o magistrado de Curitiba em um dos trechos utilizados pelo Gaeco.
As citações a Sérgio Moro estão em documento de 56 páginas protocolado na tarde desta quarta-feira (17) no processo eletrônico dos crimes envolvendo os R$ 69,9 milhões de honorários advocatícios de Zuely Librandi. Nele, os promotores rebatem os argumentos das defesas dos acusados de que toda a investigação deveria ser anulada.
Segundo os promotores, os envolvidos no esquema dos honorários deveriam ser presos “pela presença de um sistema corrupto dentro da Prefeitura de Ribeirão Preto que tende a se perpetuar”, “por haver um saldo de propina a pagar de corruptores para corruptos” e “por pertencerem eles à associação criminosa que se dedicava à prática de crimes contra a administração, inclusive havendo fortes evidências de lavagem de capitais para ultimar a divisão dos valores”.
São réus nesse processo Zuely Librandi, Sandro Rovani, Marco Antonio dos Santos, Wagner Rodrigues e André Hentz.
A ex-prefeita Dárcy Vera (PSD), presa nesta sexta-feira (19) e acusada de participar deste esquema, ainda não faz parte do processo em primeira instância – quando a operação Mamãe Noel foi deflagrada, em 2 de dezembro, ela tinha foro privilegiado e seu caso tramitou no Tribunal de Justiça (TJ). Sua documentação, porém, já foi remetida para Ribeirão Preto.
Um dos motivos da prisão dos envolvidos foi o fato de, dos R$ 45 milhões que Zuely recebeu dos honorários, apenas R$ 1,8 milhão foram bloqueados em suas contas bancárias.
O Gaeco, novamente, lembra de Sérgio Moro. “Enquanto não houver rastreamento do dinheiro e identificação de sua localização atual, há um risco de dissipação do produto do crime, o que inviabilizará a sua recuperação”.
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