Associação planeja ação contra salário de Zezinho

22/05/2015 08:08:00

Prefeito tucano não se manifesta sobre o caso, mas prefeitura emite nota ressaltando boa gestão dele

Mariana Martins / Especial
Prefeitura informa que Zezinho não é atraído pelo salário. (Foto: Mariana Martins/Especial)

A Amasert (Amigos Associados de Sertãozinho) planeja mover uma ação popular contra o salário do prefeito de Sertãozinho, Zezinho Gimenez (PSDB), por considerá-lo “imoral”.

Na última segunda-feira, o Legislativo de Sertãozinho aprovou um projeto de autoria do Executivo, que reajustou o salário dos servidores municipais em 7,6%.

O problema é que lei municipal atrela o salário do prefeito, do vice e dos secretários a tabela de reajuste do funcionalismo. Com isso o salário de Zezinho, que já era mais alto do que o dos prefeitos das capitais, saltou de R$ 28,8 mil para R$ 31 mil, ficando superior até o da presidente Dilma Rousseff - R$ 30.934.

Após quatro dias, a prefeitura se posicionou sobre o caso e emitiu uma nota, informando que Zezinho quer apenas ajudar a população.

Segundo Claudinei Luis Silva, presidente da entidade de combate à corrupção e fiscalização dos órgãos públicos e vice-presidente da OAB de Sertãozinho, a iniciativa será formalizada em ata ainda esta semana.

O encontro dos integrantes da entidade também definirá detalhes sobre a coleta de assinaturas. Isso porque pela legislação, a ação popular precisa da assinatura de 5% dos eleitores e Sertãozinho tem cerca de 87,2 mil - sendo necessárias 4,3 mil assinaturas.

“Pode não ser ilegal, mas é imoral. O prefeito poderia abrir mão de parte desse supersalário, que não condiz com a sua responsabilidade na prefeitura comparando com prefeitos das capitais. O salário dele só pode ser reajustado porque também subiu o dos ministros do STF. Além do mais o Zezinho não para na cidade. Tem negócio como empresário, está sempre viajando.”

A ação popular deve defender a redução tanto do salário do prefeito quanto dos 17 vereadores – apesar de serem projetos distintos. “O Legislativo em Sertãozinho é falho, deveria atuar mais, os vereadores não fiscalizam. Vamos coletar assinaturas na praça e entrar em contato com outras entidades civis para nos ajudar. A divulgação será nas redes sociais”, enfatizou.

Para Jorge Sanchez, conselheiro da Amarribo Brasil – entidade sem fins lucrativos de combate à corrupção -, o reajuste no salário de Zezinho Gimenez é ilegal e antiético. A OAB de Sertãozinho vai apurar se há irregularidade no reajuste de cerca de 1% acima da inflação.

‘Aumento salarial é ilegal’

De acordo com Jorge Sanchez, conselheiro da Amarribo Brasil – entidade de combate à corrupção, sem fins lucrativos -, o reajuste no salário do prefeito de Sertãozinho, Zezinho Gimenez (PSDB), é “ilegal, imoral e até antiético”.

“O salário dos vereadores, do prefeito e do vice devem ser fixados de uma legislatura para a seguinte. A Justiça admite, no máximo, a correção da inflação no ano. O reajuste realizado, no caso do prefeito de Sertãozinho, fere a legislação ordinária e a Constituição, portanto, é ilegal”, afirmou o conselheiro.

Para Sanchez, o chefe do Executivo deveria ter mais espírito público e abrir mão de parte de seu salário. “A Câmara é quem vota, mas é o prefeito que tem poder de não sancionar ou de abrir mão de parte de seu salário. Não seria nenhum sacrifício, até seria uma atitude honrada continuar com os R$ 28,8 mil, que já é um supersalário”.

O conselheiro ainda ressaltou que não há cabimento um prefeito ganhar mais que a presidente. “A sociedade tem que participar do abaixo-assinado”, destacou.

Prefeito quer apenas ajudar a população

O A Cidade não conseguiu contato com prefeito Zezinho Gimenez ontem, mas a prefeitura informou que os “acréscimos aos salários vêm de anos anteriores, e são incorporados anualmente.”

A nota informa que Zezinho quer apenas ajudar. “Como é de conhecimento de todos, o prefeito Zezinho Gimenez é um empresário bem-sucedido em seus negócios de atuação e não foi o salário de prefeito que o atraiu; mas, sim, a relação antiga com a cidade e o desejo em dar sua contribuição à população”.

O Executivo ainda elogia a gestão de Zezinho, que “colocou a cidade entre as 10 mais importantes do país, no ano de 2007”.

A prefeitura cita a crise atual enfrentada e diz que “ele [Zezinho] e sua equipe vêm trabalhando e buscando alternativas para recolocar a cidade na posição que merece”.

Reajuste foi aprovado sem polêmica

O reajuste de 7,6% no salário do prefeito Zezinho Gimenez (PSDB), do vice e dos secretários foi aprovado por unanimidade na Câmara, na última terça-feira, sem nenhuma polêmica ou discussão por estar atrelado ao dos servidores.

O índice foi acordado entre a prefeitura e a categoria após dois dias de greve – em 2014 o reajuste foi de 6% e em 2013, 6,2%. Pela Constituição, nenhum salário público pode ser superior ao dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), que atualmente está em R$ 33,7 mil.

Matéria publicada pelo A Cidade, no dia 1º de março, já mostrava que o então salário de Gimenez era superior até o do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que recebe R$ 21,6 mil.

A prefeita Dárcy Vera (PSD) recebe R$ 17,3 mil/mês, enquanto que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), tem o salário, hoje, de R$ 24,1 mil.



    Mais Conteúdo