Famílias pedem votos para políticos desde a década de 80

28/09/2014 17:38:00

Para eleger Duarte Nogueira e Baleia Rossi, famílias Souza e Rangon disputam o mesmo eleitorado

Matheus Urenha / A Cidade
Maria Aparecida e Sebastião não escondem material de campanha que utilizam para divulgar a candidatura de mais um Nogueira, rotina desde a década de 1980 (Foto: Matheus Urenha / A Cidade)

Hoje com 65 anos, Sebastião Souza, dedicou boa parte da vida fazendo campanha para Duarte Nogueira. Primeiro o pai, que foi prefeito de Ribeirão Preto (1969/1973 e 1977/1983). A partir de 1992, foi o filho, Duarte Nogueira Júnior (PSDB), que recebeu a ajuda do amigo da família.

Sebastião e a esposa Maria Aparecida de Souza, apoiaram Nogueira pai a partir da década de 1980. “São pessoas honestas e comprometidas com o bem do povo”, disse Sebastião, que chegou a ser vereador entre 2004 e 2008.

Mas em 1990, Nogueira acabou falecendo. “Foi ai que em 1992 nós unimos forças e lançamos o Nogueira Júnior para a campanha a prefeito”, recorda. Nogueira foi derrotado por Antônio Palocci (PT).
A partir de então, Nogueira foi três vezes deputado estadual e busca em 2014 o terceiro mandato de deputado federal. “Todo mundo na minha casa é Nogueira, minha mulher, meus quatro filhos e meus quatro netos”, garante Sebastião.

Família Rossi

Matheus Urenha / A Cidade
Danielle, Marisa e Fernanda pedem votos para os Rossi: ‘somos todos da mesma família’ (Foto: Matheus Urenha / A Cidade)

Marisa Rangon, de 62 anos, conta com orgulho como a família ganhou gosto pela política. “Meu marido [Antonio Rangon, já falecido] não gosta de política, mas depois que conheceu o Wagner Rossi a coisa mudou”, conta Rangon. “A família toda começou a trabalhar com ele”, acrescentou.

Wagner Rossi foi deputado estadual entre 1983 e 1990 (2 mandatos) e depois deputado federal entre 1991 e 1998 (2 mandatos). Entre abril de 2010 e agosto de 2011 foi Ministro da Agricultura.

“Depois do Wagner veio o Baleia, que começou cedo na política. Em 1998, meu marido faleceu, mas nós seguimos apoiando os Rossi”, contou Marisa. Baleia Rossi (PMDB) entrou para a vida pública em 1992, como vereador. Ficou na Câmara de Ribeirão Preto até 2002 (3 mandatos) e depois virou deputado estadual (está no terceiro mandato). Em 2014, ele tenta o primeiro mandato como federal.

“Minha filhas (Fernanda Rangon, 38 anos, e Danielle Rangon, 34), também apoiam o Baleia e o Wagner. Somos praticamente da mesma família”, concluiu ela.

Professor da USP enxerga fanatismo

Maxmiliano Martins Vicente, professor dos cursos de Comunicação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), disse que não é muito comum famílias perpetuarem apoios políticos, mas pode acontecer.

“O exemplo mais clássico é o Malufismo [com Paulo Maluf]. Quem vota no Maluf não enxerga São Paulo sem ele. Criou-se um fanatismo pelas várias obras que o Maluf fez. Na prática, porém, vemos várias denúncias de corrupção na vida pública do Maluf”, analisou. Neste ano, Maluf tenta se candidatar a deputado federal, mas está barrado pela Lei Ficha Limpa.

Para o especialista, a política não pode ser tratada como um esporte. “A razão tem que prevalecer sobre o fanatismo. É preciso participar de discussões e ampliar o debate mostrando propostas e realizações. Não simplesmente pedir o voto”, finalizou Maxmiliano.



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