'Apadrinhado' de Walter Gomes, Dadinho é o suplente de Waldyr Villela

12/08/2017 17:02:00

Professor de judô é apontado como um dos 55 apadrinhados do ex-presidente da Câmara de Vereadore

Matheus Urenha / A Cidade
Ariovaldo de Souza (PTB), o Dadinho, é o primeiro suplente de Waldyr Villela (foto: Matheus Urenha / A Cidade)

 

Ariovaldo de Souza (PTB), conhecido como Dadinho, é o primeiro suplente de Waldyr Villela, apto a assumir a vaga na Câmara. A Operação Sevandija revelou, em interceptações telefônicas e apreensão de documentos, que ele era apadrinhado de Walter Gomes (PTB) na empresa Atmosphera. O emprego, inclusive, seria condição para que se lançasse vereador pelo partido.

Ao assumir, Dadinho reforçará a bancada dos ex-funcionários da Atmosphera na Câmara. Além dele, Jean Coraucci (PDT), Maurício da Vila Abranches (PTB) e Marmita (PR) já trabalharam na empresa de Marcelo Plastino e aparecem como apadrinhados em planilhas, conforme A Cidade revelou. Nenhum deles foi denunciado por irregularidades.

Dadinho é apontado como um dos 55 apadrinhados de Walter Gomes na denúncia do Gaeco – cada apadrinhamento foi considerado um crime de corrupção, pela contrapartida de apoio político à ex-prefeita Dárcy Vera (PSD).

Em conversa interceptada pela Polícia Federal em 27 de julho do ano passado, Walter pede a Marco Antonio ajuda para resolver a situação de Dadinho na Atmosphera.

Segundo Walter, Dadinho trabalhava na Secretaria de Educação, mas no papel estava lotado na Secretaria da Cultura. Por isso, não assinava o ponto de controle de frequência. “Ele dá aula para duas mil crianças”, diz Walter na gravação.

Dadinho, embora funcionário da Atmosphera, atuava dando aulas de judô em um convênio da prefeitura com uma associação de basquete para o Projeto Olímpico Escolar Judô Nota 10. Pela associação, o coordenador era o próprio Dadinho.

A Cidade analisou o convênio, que entrou em vigor em maio do ano passado, e uma das cláusulas deixa expresso que todos os custos seriam arcados pela associação.

Na prática, porém, a prefeitura remunerava indiretamente Dadinho pelas aulas, por meio da Atmosphera. Em novembro, após a Sevandija, a associação pediu para encerrar o convênio.

Perda de votos

Walter conta que Dadinho corria o risco de demissão. Além de recorrer a Marco Antonio, o ex-presidente da Câmara também falou com Marcelo Plastino, dono da Atmosphera, pedindo para manter o aliado político no emprego.

Em seguida, ambos combinam uma “coisa boa”: encontro para “tomar café” no final de semana, conforme conversa interceptada pela PF.

A preocupação tinha motivo: Walter diz a Marco Antonio que Dadinho iria, devido a confusão, sair do emprego e largar a candidatura a vereador.

“Ele está a ponto de não sair mais candidato, aí a gente perde três mil votos”, diz Walter. Dadinho teve 1.768 votos nas urnas e foi o primeiro suplente da coligação PTB/PSD. 

Contratação

Em planilhas, consta que Dadinho foi contratado pela Atmosphera em março de 2015 para atuar como Supervisor de Projetos, com salário de R$ 2,7 mil. 

‘Minha atuação sempre foi no esporte’

Ao A Cidade, Dadinho negou irregularidades e afirmou ter todos os documentos que comprovam seu trabalho como professor de judô pelo convênio. “Foram mais de 1,6 mil crianças atendidas pelo projeto. Não havia nada de ilícito”, garante. Ele diz que desde 2000 trabalha com projetos sociais voltados ao judô.

Ele afirma que, desde a contratação pela Atmosphera “há dois anos”, atua no judô. “Não havia mais espaço para contratação pela Cava do Bosque, então fui designado para a [Secretaria de] Cultura. Mas minha atuação sempre foi no esporte”.

A situação, segundo ele, passou a incomodar. Por isso, brigou para que o convênio “Judô Nota 10” fosse assinado. “Era para formalizar algo que eu já fazia, regularizar”, explica.

Ele diz que a prefeitura não ajudou financeiramente o projeto. “Todo o meu salário [da Atmosphera] era em prol das crianças. Praticamente tudo foi tirado do meu bolso para sustentar as aulas”. 

Dadinho também negou que tenha vinculado o cargo na ATmosphera à candidatura a vereador. Ele foi o 30º mais votado em 2012, com 2,3 mil votos. “Sabia que minha hora iria chegar, jamais deixaria de ser candidato.  Posso ter falado isso de cabeça quente, apenas para regularizar o convênio”, diz.

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