Vereadores de Ribeirão Preto gastam de R$ 84 a R$ 4,6 mil

08/06/2017 09:41:00

Custos com viagem, combustível e telefone variou 5.000% entre os primeiros quatro meses do ano

Marcelo Fontes / A Cidade

 

O gasto dos gabinetes dos vereadores da Câmara de Ribeirão Preto com três itens - viagem, combustível e telefone - variou 5.000% entre os primeiros quatro meses do ano.

O vereador Rodrigo Simões (PDT), presidente da Casa, gastou com esses três itens, entre janeiro e abril de 2016, R$ 4.618. Já o vereador Boni (Rede), no mesmo perído, teve um gasto de R$ 84. Simões explicou que tem um gasto mas elevado por ser o presidente da Câmara. Já Boni, justificou o gasto baixo, como “opção”.

Para Fábio Augusto Pacano, cientista político e sociólogo, os políticos precisam buscar formas econômicas na hora de usar o recurso público. “A evolução do mundo online, por exemplo, pode diminuir gasto com combustível, telefone e correspondência”, analisou o especialista.

Transparência

Até o ano passado, a Câmara de Ribeirão Preto não tinha o gasto detalhado por gabinete. Constava no portal Transparência apenas os valores globais - incluindo gabinetes, TV Câmara e administrativo. Por isso, não é possível traçar um comparativo com o que foi gasto pelos gabinetes em 2016 com os valores de 2017.

Neste ano, o detalhamento dos gastos é acompanhado pela Comissão Permanente de Transparência. “Nosso sistema contábil ainda é muito precário. Está atrasado 30 anos. Estamos trabalhando para que a Câmara tenha uma situação mais moderna”, explicou o vereador Fabiano Guimarães (DEM), presidente da Comissão.

Após a implantação do novo sistema, além de divulgar os gastos com viagem, combustível e telefone, será possível detalhar informações referentes a compra de selos, envelopes, etiquetas e outros.
Já o presidente da Câmara disse que várias medidas de contenção de gastos estão sendo implantadas em 2017. “Um exemplo é a licitação para compra de combustível. Ano passado, a Câmara comprou 76 mil litros. Esse ano, apenas 56 mil litros, uma redução de 27%”, explicou Rodrigo Simões. 

Mais requisitado

Para Rodrigo Simões (PDT), o fato de o gabinete dele gastar mais com combustível e telefone se explica pelo fato dele ser presidente. “O gasto é fruto de trabalho. O gabinete da presidência acaba recebendo mais ligações e, por isso, precisa dar mais retornos também. Minha equipe anda pelos bairros ouvindo os munícipes. Fico tranquilo porque sei que os gastos são motivados por trabalho”, falou Rodrigo Simões. O presidente da Casa também disse que não abre mão que ele e os assessores tenham esse contato com a população. “Vereador precisa estar na rua, ouvindo as pessoas. É isso que minha equipe faz”, finalizou.

Questão de opção

Boni, que é vice-presidente da Câmara, gastou apenas R$ 84 com telefone. Não gastou com combustível nem viagens. O segundo vereador que menos gastou foi Renato Zucoloto (PP), com R$ 308 - quatro vezes mais que Boni. Para o vereador da Rede, que não utiliza o carro da Câmara, o gasto baixo é uma “questão de opção”. “Tenho outras opções no gabinete, então minha equipe quase não usa o telefone da Câmara. De qualquer forma, não acho que os meus colegas que utilizam mais os recursos estejam errados. Pode ser que no futuro meu gabinete também use”, falou Boni.

É trabalho

O vereador Bertinho Scandiuzzi (PSDB), que gastou R$ 2.411 com telefone, reconheceu que o gabinete utiliza bastante o telefone, mas para trabalho. “Eu gasto pouco com combustível, mas utilizo muito o telefone. Quando o munícipe chega com um problema, já pego e ligo para a secretaria responsável da prefeitura e tento resolver o problema. Dou a resposta imediata. Então eu gasto, mas é trabalho de vereador.”

Bastidores

Os gastos dos gabinetes já renderam algumas recomendações e broncas nesses primeiros meses do ano. Há uma recomendação, por exemplo, de que cada gabinete pode utilizar apenas 12 garrafas de água por mês. Já no início de maio, um vereador deu um ‘bronca’ nos funcionários do gabinete dele porque a conta de telefone veio muito alta. O parlamentar chegou a proibir o uso do telefone, para que a cobrança diminuísse no mês seguinte.

Investimento

O vereador Marcos Papa (Rede), foi quem mais gastou com viagem - R$ 679 - nos primeiros quatro meses do ano. “Não é um gasto, é um investimento. Acredito que os municípios devem olhar para os bons exemplos, para as fórmulas de sucessos de outras cidades, como é o caso de convênios com a iniciativa privada. Como exemplo desse intercâmbio podemos citar a política de morador de rua e a Controladoria, que deverão ser implementadas em Ribeirão.”

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