Para não serem hostilizados, a maioria evita exposição pública e opta apenas por reuniões com a família
Seis meses após a Operação Sevandija, os investigados ainda sentem os abalos da bomba detonada pela
Polícia Federal e Ministério Público Estadual: estão reclusos, envergonhados, de bolso vazio e dependendo financeiramente de familiares. Para não serem hostilizados, a maioria evita exposição pública e opta apenas
por reuniões com a família. Antes assíduos das redes sociais, muitos chegaram até a excluir suas páginas.
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Dárcy perdeu foro privilegiado e responderá a processo em primeira instância, no Fórum de Ribeirão (foto: F.L.Piton / A CIDADE - 23.nov.2011)
Sem amigos e sem empregada, Dárcy Vera faz a faxina de casa
Abandonada pela maioria esmagadora dos amigos, a ex-prefeita Dárcy Vera vive reclusa em sua residência de alto padrão no bairro Ribeirânia desde que deixou a Penitenciária Feminina de Tremembé, há quase três meses. Sem empregados, ela mesma faz a faxina com a ajuda da mãe e da irmã. Ela não sai de casa para não ser hostilizada na rua – a exceção é a obrigação de se apresentar no Fórum a cada 15 dias e um curso de pós-graduação na USP, em São Paulo, nos finais de semana. Para isso, ela precisa apresentar à Justiça as passagens de ida e de volta e o atestado de frequência do curso. É de lá que vem o aconchego de antigas amigas de faculdade. Apesar de sua vida política ter naufragado, Dárcy segue filiada ao PSD. A advogada Maria Cláudia Seixas disse apenas que Dárcy “está obedecendo à risca todas as determinações judiciais” e não respondeu sobre a saúde da ex prefeita, que sofre de problemas renais.
Marco Antonio tenta retomar a vida e a profissão de advogado
Com a inscrição na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ativa, o ex-secretário de Administração e ex-superintendente do Daerp Marco Antonio dos Santos, considerado o homem forte nos dois mandatos da ex-prefeita Dárcy Vera (PSD), tenta reconstruir a vida. A Cidade apurou que ele está oferecendo serviços advocatícios para amigos e tenta captar clientes fazendo propaganda por e-mail. No entanto, nenhuma ação teria sido distribuída, conforme consulta no site do Tribunal de Justiça. Após cair na Sevandija e ser preso em duas ocasiões, o ex-secretário quase não é visto na cidade e deixou, inclusive, de fazer as caminhadas diárias no Parque Curupira, que fica a poucos metros do condomínio de luxo onde mora. Da política, o ex-secretário demonstra querer distância: se desfiliou do PSD, partido que comandava em Ribeirão, e foi excluído da direção da Executiva estadual.
Luchesi vive com salário da mulher
Antes da Operação Sevandija, o ex-secretário da Casa Civil Layr Luchesi Junior era um frequentador assíduo de bailes promovidos pelo Ipanema Clube e de camarotes de shows organizados em Ribeirão. Hoje, o segundo homem forte do governo Dárcy Vera (PSD) vive recluso em casa e depende financeiramente da mulher. O advogado dele, Fábio Boleta, conta que o cliente também deixou de frequentar o curso de direito no ano passado. “Como ele não tem como pagar a mensalidade, já que seus bens estão bloqueados pela Justiça, foi obrigado a trancar a matrícula”, afirmou. Luchesi, que antes de ocupar cargo público era bancário e jornalista, ainda não conseguiu emprego. “Ele tem evitado sair, frequentar restaurantes, até mesmo para preservar a própria intimidade e da família”, disse o advogado. No Ipanema, onde Luchesi é diretor social, funcionários afirmam que ele desapareceu. No entanto, o ex-secretário mantém presença ativa nas redes sociais, já que compartilha postagens de familiares e também do deputado federal Baleia Rossi (PMDB). Luchesi mantém sua filiação ao PSD.
Deprimida, Zuely completa três meses em tremembé
A advogada Maria Zuely Alves Librandi completou anteontem três meses na prisão e aguarda deprimida, segundo seu defensor, o julgamento do mérito do habeas corpus que pode libertá-la da Penitenciária Feminina de Tremembé. O julgamento deve ocorrer na próxima quinta-feira (9). Segundo o advogado José Carlos Bento, sua cliente cumpre todas as atividades de rotina da penitenciária. “Mas ela está bastante ansiosa para sair de Tremembé e retomar sua vida. Ela está bastante inconformada também com as mentiras propagadas. Ela é inocente”, diz. Bento afirmou que Zuely tem recebido constantemente visita de familiares na unidade prisional.
Sandro não deixa de tomar cafezinho no Centro
Apontado como o intermediador das propinas os honorários da advogada Maria Zuely Librandi, o advogado Sandro Rovani mantém sua rotina normal de trabalho. Segundo seu advogado de defesa, Julio Mossin, Sandro cumpre expediente em seu escritório de advocacia, localizado no Centro. Menos conhecido que os ex-secretários de Dárcy Vera, ele não sofre assédio ou hostilidade na rua. “Sandro continua com vida normal, mesmo com as restrições impostas pela Justiça.” Sandro também é visto constantemente pelos conhecidos tomando café em uma cafeteria no Calçadão e almoçando em um restaurante da rua São Sebastião. Para conhecidos, quando é questionado sobre a Sevandija, ele afirma que conseguirá provar sua inocência.
Ex-sindicalista administra empresa
Principal delator do esquema de corrupção dos honorários do acordo das perdas saláriais, o ex-sindicalista Wagner Rodrigues conta que administra empresa própria de comunicação. Segundo Wagner, sua empresa presta mais serviços de comunicação sindical. “Moro em Ribeirão. Tenho endereço fixo, mas tenho prestado serviços para clientes de Brasília”, afirmou. Wagner, que era servidor licenciado da prefeitura, está afastado de suas funções pela Justiça.
Pandolfo excluiu fotos do Facebook
Ex-servidora da Coderp, Maria Lucia Pandolfo, a Malu, não é vista na cidade nem pelos amigos. Em seu perfil no Facebook, ela excluiu todas as fotos. Amigos contam que, antes da Sevandija e de ela ser presa, Maria Lucia fazia constatemente postagens e, inclusive, compartilhava mensagens de políticos ligados ao PMDB.
Davi trabalha nas empresas da família
Ex-superintendente da Coderp, Davi Cury afirma que sua rotina pessoal não mudou, mesmo depois de ter permanecido 24 dias preso e diante da repercussão nacional da Sevandija. “Estou trabalhando normalmente nas empresas da minha família. Como eu não era uma figura muito conhecida, as pessoas não me reconhecem. Se elas reconhecem, não falam nada”, afirmou o empresário. Segundo Davi, o nome dele foi jogado irresponsavelmente no mesmo balaio de pessoas ligadas ao esquema de corrupção na prefeitura. “Vou provar minha inocência”, diz. David deixou de fazer postagens nas redes sociais, mas mantém sua filiação ao PMDB.
Após ser preso, Ângelo evita exposição
Após ser preso pela Operação Sevandija, o ex-secretário da Educação Ângelo Invernizzi Lopes optou por levar uma vida com menos exposição pública. Segundo o advogado Clodoaldo Armando Nogara, o ex-secretário tem frequentado apenas encontros familiares e não tem participado de eventos públicos. “Ele está trabalhando na empresa da mulher e desempenha serviços de contabilidade. Apesar de ir à empresa normalmente, o ex-secretário mantém um escritório na própria residência, onde fica a maior parte do tempo”, disse o defensor. Clodoaldo relatou que, diferente do ex-colegas de trabalho, Angelo não está deprimido. “Está muito bem. Tranquilo”, ressaltou. O ex-secretário mantém duas páginas no Facebook. No entanto, sua última postagem foi feita no dia 28 de agosto do ano passado, dois dias antes de a Sevandija ser deflagrada. Mas tem tem mantido contato com alguns amigos pelo Facebook. Apesar de declarar a jornalistas que não gostava de participar de agenda política, o ex-secretário mantém sua filiação ao PSD desde abril de 2012.