Projeto contra fusão põe em xeque plano de lideranças

03/03/2015 09:59:00

Proposta pode por fim ao sonho do PSD de incorporar o PL; PR também tenta criar uma nova legenda

Milena Aurea / Jornal A Cidade
Walter Gomes tenta fundar o Muda Brasil, mas critica bagunça na criação de legendas (Foto: Milena Aurea/ A CIdade)

A menos de sete meses do prazo-limite, partidos e políticos se articulam em busca de maior espaço nas eleições de 2016. Porém, um projeto aprovado na Câmara dos Deputados, na última semana, pode mudar as regras do jogo e atrapalhar os planos de legendas, como PSD e PR.

A matéria, que ainda precisa ser votada no Senado, endurece as regras para criação e fusão de partidos.
O projeto destaca que fusões só podem ocorrer cinco anos após a criação de uma nova sigla. Se for aprovada pelos senadores e entrar em vigor até o dia 2 de outubro, a matéria colocará fim as expectativas do PR e do PSD de aumentarem suas respectivas bancadas com vistas às urnas.

A direção nacional do PR se articula para criar o partido Muda Brasil e, após fusão, acabar com a sigla que ficou desgastada com o esquema do mensalão.

Em Ribeirão Preto, o presidente da Câmara, vereador Walter Gomes (PR), conseguiu oito mil assinaturas para criação do Muda Brasil, em menos de 30 dias. Com o auxílio do vereador Giló (PR), o diretório local enviou 10 mil fichas para a executiva nacional e aguarda novas para seguir coletando assinaturas.

“Acho errado fundar um partido só por fundar, de olho no fundo partidário, porque vira bagunça. Mas acredito que há partidos políticos sérios sendo criados, como é o caso do Muda Brasil. Vários deputados e até vereadores virão com a gente”, garantiu Walter.

Situação semelhante enfrenta o PSD do ministro das Cidades, Gilberto Kassab - que costura nos bastidores a recriação do PL para depois fundi-lo ao PSD.

Foi esta mobilização que resultou na apresentação do projeto para endurecimento das regras, de autoria do DEM - que sofreu debandada com a criação do PSD, em 2011 -, com o apoio do PMDB – que hoje tem a maior bancada.

O presidente do diretório local do PSD, Marco Antônio dos Santos, não foi localizado ontem. O presidente interino do PSD, Guilherme Campos, negou que o projeto prejudique a criação do PL. “Não altera em nada, o PL continua”, frisou.

Polêmica com o novo PL
A equipe do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, apresentou à Justiça Eleitoral de São Caetano do Sul assinaturas falsificadas e de pessoas mortas nas fichas de apoio à refundação do PL.

A fraude foi revelada pelo jornal “Folha de São Paulo”, que teve acesso aos registros protocolados por José Rubens Domingues Filho, membro da executiva do PSD e ex-integrante da gestão Gilberto Kassab na prefeitura de São Paulo.

Das 106 assinaturas encaminhadas ao cartório, somente 11, o equivalente a pouco mais de 10%, foram aceitas.

José Rubens Domingues Filho informou que não têm controle sobre as assinaturas, mas que orientam os promotores a evitar regiões com alto índice de reprovação na Justiça Eleitoral.

Rede pode parar de novo
O projeto aprovado na Câmara dos Deputados ainda impede que pessoas filiadas assinem fichas de apoio a novos partidos.

Esse item pode prejudicar principalmente a oficialização da Rede Sustentabilidade da ex-ministra e ex-senadora Marina Silva.

Fundada há dois anos, a Rede emperrou ainda em 2013 e precisa de 32 mil assinaturas para ser oficializada junto à Justiça Eleitoral – os cartórios validaram 460 mil assinaturas e rejeitaram outras 240 mil do total de 700 mil assinaturas apresentadas. Por precaução, Marina deve entregar mais 70 mil essa semana.

Um dos fundadores da Rede, o vereador Marcos Papa (sem partido) classifica o projeto como sendo um “grande retrocesso”. “Nosso processo está aberto, quero crer que a nova regra não se aplique ao nosso caso. Vamos consultar o nosso jurídico”, disse.



    Mais Conteúdo