Presidente da Cohab de Ribeirão é alvo em nova etapa da Lava Jato

21/06/2018 13:15:00

PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Nilson Baroni, ex-diretor de operações da Dersa, estatal investigada por superfaturamento nas obras do Rodoanel

 

Baroni foi nomeado para a Cohab em agosto de 2017 pelo prefeito Duarte Nogueira (Crédito: Prefeitura de Ribeirão Preto)

O presidente da Cohab de Ribeirão Preto, Nilson Rogério Baroni, é um dos alvos da Operação Pedra no Caminho, deflagrada na manhã desta quinta-feira (21) pela Polícia Federal e Ministério Público Federal. É um desdobramento da Lava Jato que apura desvio de recursos públicos em obras do trecho Norte do Rodoanel.  

Baroni teve seu apartamento, localizado na rua Arnaldo Victaliano, revistado por agentes da PF nesta manhã, em cumprimento de mandado de busca e apreensão. Ele não foi preso. Ao todo, a operação cumpre 15 mandados de prisão temporária e 51 de buscas.  

Um dos principais alvos da operação é Laurence Casagrande Lourenço, ex- presidente da Dersa, empresa controlada pelo governo de São Paulo e responsável pela contratação das obras do Rodoanel. Ele foi preso no início da manhã na Capital.  

Baroni foi nomeado Diretor de Operações da Dersa em agosto de 2015 e, em alguns períodos, respondeu também pela Diretoria de Engenharia.  

Ele deixou a empresa em agosto de 2017, justamente para assumir a Cohab de Ribeirão Preto, nomeado pelo prefeito Duarte Nogueira (PSDB).  

A Cidade teve acesso a um relatório de fiscalização do TCU (Tribunal de Contas da União), que subsidiou a Operação Pedra no Caminho, apontando, entre outros, que Baroni deu aval em setembro de 2015 para a incorporação de preços de uma empresa que resultou, segundo os auditores, em um superfaturamento de R$ 33,5 milhões.  

O pedido da empresa, segundo o TCU, foi aprovado por Baroni e outros diretores sem que a Dersa tivesse feito análise prévia do mérito da solicitação.  

Investigações
Segundo o MPF, a Operação Pedra no Caminho realiza diligências relacionadas "às investigações de crimes praticados por agentes públicos e empresários durante as obras do Rodoanel Viário Mário Covas Trecho Norte e envolvem a suposta prática de corrupção, organização criminosa, fraude à licitação, crime contra a ordem econômica e desvio de verbas públicas"  

As obras contaram com recursos da União, do Governo do Estado de São Paulo e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e foram fiscalizadas pela Dersa.  

De acordo com o MPF, "para maquiar o sobrepreço adotou-se a prática de jogo de planilhas, expediente comum em fraudes a licitações com muitos itens contratados de forma global, em que o licitante oferece preço acima do mercado para alguns itens e abaixo da referência para outros, de modo a colocar-se artificialmente como menor preço global".  

A Polícia Federal informou que "o inquérito policial foi instaurado em 2016, após um ex-funcionário de uma empresa que atuou nas obras apresentar à PF informações acerca de possíveis manipulações em termos aditivos desta obra do Rodoanel, para aumentar o valor pago a empreiteiras, que já haviam vencido a licitação para realizar as obras".  

O TCU, segundo o MPF, "constatou superfaturamento na casa dos R$ 33 milhões e manipulação proposital de quantitativos nos contratos, que acabaram por ocultar impacto financeiro consistente em acréscimos indevidos que somam mais de R$ 600 milhões de reais".  

A assessoria da PF informou que, "os investigados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de fraude à licitação, estelionato contra o Poder Público, falsidade ideológica e associação criminosa".  
 

Outro lado 
Em nota encaminhada por meio da assessoria de imprensa da prefeitura, Bararoni afirmou que "os fatos estão sendo apurados pelos órgãos competentes em relação aos quais me mantenho, como sempre mantive, à disposição".    

Ele afirmou confiar "na Justiça, que apurará os fatos e as responsabilidades devidas". Disse, também, que sua vida foi pautada "com honestidade e honradez". 

Baroni garantiu que, mesmo após ser alvo da Lava Jato, continua à frente da Cohab de Ribeirão Preto.

Mais reportagens ao longo do dia no ACidade ON e na edição impressa do jornal A Cidade desta sexta-feira.  



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