As doenças respiratórias são os principais desafios encontrados nessa época do ano
Com o calor e o tempo seco, começam a surgir os primeiros focos de queimadas em vários pontos da cidade – e aumentam os problemas para a saúde das pessoas. “Tenho problema respiratório de rinite alérgica desde criança e tenho bastante dificuldade de respirar nesta época do ano. Preciso dormir com um umidificador no quarto para amenizar isso”, afirma a fisioterapeuta Fernanda Affonso.
Sim, o problema é mais comum do que você imagina. Existem 14 tipos diferentes de doenças respiratórias já diagnosticadas pelos médicos, que vão desde a rinite (inflamação das vias nasais) até a bronquite (inflamação nos brônquios). As queimadas, então, chegam para piorar a situação: ano passado, foram registradas 724 ocorrências do problema, segundo dados do Corpo de Bombeiros.
E nessa época com baixa umidade relativa do ar, as pessoas que possuem as doenças respiratórias no estado crônico devem ter atenção quando alguns sintomas aparecerem. “Depende do estágio da doença, a pessoa começa a ter até uma sensação maior de falta de ar”, explica o pneumologista Ênio Pasquali Júnior.
Outro cuidado é com a mudança brusca de temperatura, que ocorre nesta época do ano. “Quando a umidade relativa do ar está baixa o aparelho respiratório desidrata, o que favorece os poluentes atmosféricos. Existe uma piora de bronquite e asma crônica e é preciso tomar bastante líquido e também umidificar o ambiente”, avisa o médico.
Duas origens
Para a diretora da ACE Pau Brasil, Simone Kandratavicius, a maioria das reclamações sobre queimada são por conta da estiagem do clima.
Mas é muito comum também um foco surgir por conta de galhos queimados pela população – a falta de consciência segue sendo um obstáculo para o fim do problema.
Ela também critica o Poder Público. “Se o serviço de limpeza urbana fosse mais eficiente, talvez diminuísse o número de ocorrências”, aponta.
Queimada é crime previsto em lei
A queimada, hoje, é crime previsto na lei dos crimes ambientais”, explica o juiz de Direito de Piracicaba Ettore Geraldo Avólio, que defendeu uma tese de mestrado sobre a legalidade e licitude das queimadas.
A lei que disciplina as queimadas urbanas é a 9.605/98. “Na Lei de Crimes Ambientais e no artigo 15 existem algumas situações que agravam a pena do crime, porque causam perigo ou gravidade para a saúde pública”, explica o advogado Fernando Neves.
Existem também os artigos 182 e 183 da lei 10.257/01 presentes na Constituição Federal, que disciplinam as áreas urbanas e regulamentam os dois artigos que falam sobre o estatuto da cidade. “Essa lei disciplina o uso do espaço urbano porque as queimadas normalmente acontecem em áreas não edificadas na cidade. O dono do terreno deve evitar a poluição e a degradação do meio ambiente”, segundo o advogado.