Casos de dengue aumentam 1750% e deixam cidade à beira de uma epidemia

16/08/2018 11:44:00

De janeiro a agosto de 2017 foram 35 casos e em 2018 já são 685

Locais que acumulam água podem virar foco do mosquito transmissor
 
Araraquara está em alerta e pode registrar ainda este ano uma epidemia de dengue. De acordo com a Vigilância Epidemiológica, até agora, são 685 casos confirmados da doença e muitos pacientes aguardando resultados de exames. São apenas 19 casos importados, os demais, todos foram contraídos na cidade.  

O número é 1751% maior que o registrado entre janeiro e agosto de 2017, quando Araraquara tinha apenas 35 pessoas infectadas pelo mosquito Aedes aegypt. Em todo o ano de 2017 foram contabilizados 115 casos.
Segundo os dados da Coordenadoria das Vigilâncias em Saúde, o pior ano registrado recentemente foi em 2015, quando a cidade enfrentou uma grande epidemia (8.242 casos).  

Araraquara figura na lista de cidades em estado de alerta, de acordo com boletim divulgado recentemente pelo Ministério da Saúde. O Levantamento de Índices do Aedes aegypti apontou 2,4. O ideal é que esse número fosse inferior a 1,0.  

"Nós temos que ficar muito preocupados com o número de casos que nós temos. Estamos em um período de seca e frio e havendo transmissão, o que é muito sério. Imagina quando chegarmos no verão que é quente e chuvoso", alerta o médico do Serviço Especial de Saúde, Walter Figueiredo.  

Epidemia  

Apesar do resultado preocupante, a Vigilância Epidemiológica nega que haja uma epidemia. A afirmação é baseada em uma nova metodologia para a confirmação do quadro, utilizada, segundo a assessoria de imprensa do município, pela Secretaria de Estado da Saúde.  

O método é chamado de "Diagrama de Controle". É um gráfico estatístico que trabalha com uma frequência histórica de casos de dengue ao longo de vários anos. Só se caracteriza epidemia quando o limite desse diagrama é superado. "Nesse gráfico a gente tem que ultrapassar a linha mediana de Araraquara de incidência por quatro semanas dos anos anteriores e a gente não ultrapassou. Não tivemos esses picos epidêmicos", explicou a secretária de Saúde de Araraquara, Eliana Honain.  

"Nesse momento não está caracterizado, mas muito brevemente, dependendo dos resultados que vierem, dos casos suspeitos, pode ocorrer de ultrapassar, mas a gente não está nesta fase mesmo", confirma Walter Figueiredo.
A metodologia anterior, levava em consideração um cálculo utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde. Nela, a epidemia se caracteriza quando uma cidade atinge o número de 300 casos para cada 100 mil habitantes. Baseado nesse conceito Araraquara já estaria enfrentando sua 6ª epidemia de dengue.    

"Para uma avaliação se determinada população, de determinado lugar, está passando por um surto/epidemia, é necessária a comparação do número de casos/incidência da doença do período atual com o mesmo período anterior", explicou, por meio de nota, o Ministério da Saúde. 

Tipo 2


A grande preocupação das autoridades de saúde é quanto ao vírus que circula na cidade. O tipo 2 não é mais grave que o tipo 1, mas a pessoa que já contraiu o tipo 1 da dengue pode voltar a pegar o tipo 2, mesmo estando imune ao tipo 1.  

"A Prefeitura tem que se anteceder e desencadear as ações para que a gente não venha a ter complicações da dengue. A gente tem consciência de que já está circulando o vírus tipo 2 e que a população de Araraquara é suscetível. Então, nós temos que nos articular em todos os setores. Saúde, Educação, limpeza pública, Daae, Câmara Municipal, para podermos tirar uma série de ações a serem desenvolvidas para que a gente não tenha uma epidemia de dengue em 2019", afirma a secretária de Saúde, Eliana Honain.

Combate  


A Gerência de Controle de Vetores está realizando bloqueio de criadouro e nebulização em áreas com casos confirmados. "Agora com avaliação de densidade larvária realizada em julho, a gerência estará intensificando os trabalhos nas áreas com alto índice de infestação. Serão realizados arrastões e intensificação de vistoria casa a casa. Ações educativas no comércio, em empresas e entidades religiosas também estão previstas", diz a nota enviada pela Prefeitura.  

Ação conjunta  


Durante a reunião da Sala de Situação de combate à dengue, realizada na tarde de quarta-feira (16), na Prefeitura, ficou definido uma força tarefa entre as Secretarias participantes. A Secretaria de Obras e Serviços Públicos irá intensificar a vistoria e autuações em terrenos com mato alto e acúmulo de entulho, além da limpeza de bueiros e arrastão nos bairros com maior incidência.  

A Secretaria de Educação vai realizar ações educativas nas escolas em parceria com o Departamento Autônomo de Água e Esgoto e a Câmara Municipal de Araraquara.  

A Secretaria de Saúde irá intensificar o trabalho de rotina dos Agentes de Controle de Vetores e Agentes Comunitários de Saúde.  

Papel de todos  

Evitar o avanço da dengue não é uma obrigação apenas do poder público. "Essa é a típica doença que se a população não fizer a parte dela a gente não controla", enfatiza Walter Figueiredo".  

Todo morador deve, pelo menos uma vez na semana, fazer uma vistoria em casa em busca de focos de acúmulo de água parada. Permitir o acesso dos agentes da Vigilância Epidemiológica também contribui para o combate, assim como evitar jogar lixo e entulho em terrenos baldios.



    Mais Conteúdo