Marco Antonio chora, jura inocência e se diz alvo de 'linchamento'

17/11/2017 13:39:00

Por 5 horas, ele respondeu sobre os apadrinhamentos políticos na empresa Atmosphera

Weber Sian / A Cidade
Marco Antônio chegou com mãos e pés algemados para audiência em Ribeirão Preto (foto: Weber Sian / A Cidade)

 

Assim que entrou na sala de audiência, Marco Antonio, 65 anos, teve as algemas – nas mãos e tornozelo – retiradas. Sentou-se perante o juiz Lúcio Ferreira, da 4ª Vara Criminal, e por cerca de cinco horas, com a voz calma, respondeu aos questionamentos do magistrado, da defesa e do Ministério Público relacionadas, exclusivamente, ao processo de apadrinhamentos políticos na empresa Atmosphera. Ele também é réu nos esquemas do Daerp e honorários advocatícios, mas será interrogado sobre esses fatos nas próximas semanas. Veja, a seguir, os principais pontos do interrogatório, em que o homem forte de Dárcy Vera afirmou ser inocente:

- Apadrinhamentos políticos
Uma das principais provas da Operação Sevandija são as listas de controle de apadrinhados na Atmosphera, apreendidas e interceptadas. Segundo Marco, “essas listas brotavam”, “simplesmente apareciam, tinham em todo lugar [na prefeitura]”, mas afirmou que não possuíam “utilidade alguma”. Ele disse que não havia indicações políticas na Atmosphera, mas sim “encaminhamentos” de currículos feitos por desde integrantes do governo a vereadores da oposição. Negou, também, a compra de voto dos parlamentares da base. Apesar das interceptações telefônicas em que é flagrado controlando a contratação de terceirizados, afirmou que o preenchimento era técnico.

- Dinheiro na casa
Quando a Sevandija foi deflagrada, em 1 de setembro de 2016, foram apreendidos R$ 47,8 mil em sua casa – sendo R$ 40 mil dentro de uma caixa, enrolada em uma blusa e escondida na casa de máquinas de sua piscina. Marco alegou que o dinheiro é uma herança recebida por sua esposa em fevereiro daquele ano, devido à morte de uma tia, e que não foi depositado no banco porque suas contas poderiam ser bloqueadas em razão de ações trabalhistas de uma empresa que teve na década de 1990. Segundo ele, ao ver os agentes da Polícia Federal, sua esposa ficou “apavorada” e escondeu a quantia, que afirma ser de origem lícita. Em delação premiada, o ex-diretor técnico do Daerp, Luiz Mantilla, afirmou que no dia anterior ao da deflagração da Sevandija entregou R$ 30 mil em propina nas mãos de Marco.

- Crime de fraude em licitação e dispensa indevida
Marco defendeu as contratações da Coderp, sem licitação, pela prefeitura, alegando que todos os atos tiveram o aval do departamento jurídico e que todas as secretarias tinham contratos. Disse que, ao assumir a Coderp em 2015, já havia contratos com a Atmosphera em andamento, e que todos os atos foram analisados pela comissão de licitações – formada, segundo ele, majoritariamente por servidores de carreira -, que não fez apontamentos de irregularidades.

- Operação política
Assim como outros réus, Marco afirmou que a Operação Sevandija selecionou os alvos para influenciar as eleições de 2016. “Muitos que poderiam estar na mesma situação em que estou [preso e réu na Justiça] não estão”, afirmou, citando vereadores que eram da oposição e também aparecem nas listas de padrinhos da Atmosphera. “Foram muitas coincidências, que colaboraram muito para o PSDB assumir a prefeitura”. Integrantes da Operação Sevandija sempre negaram, veementemente, direcionamento político das investigações.

- Vida pessoal
Ao ser questionado pela defesa sobre o impacto da Sevandija em sua vida, Marco embargou a voz e chorou. “Jamais imaginaria passar pelo linchamento público que estou passando. Ninguém imagina como é a vida de um preso”, afirmou, citando ser alvo constante de “chacota”.

Rovani comprou casa avaliada em R$ 2 milhões

Reportagem divulgada ontem pela EPTV mostrou que o ex-advogado do Sindicato dor Servidores Municipais, Sandro Rovani, assim como Marco Antonio dos Santos, também comprou um imóvel com cheques da advogada Maria Zuely Librandi. No caso de Rovani foi uma mansão localizada na zona Sul de Ribeirão Preto, avaliada em R$ 2 milhões. Investigações do Ministério Público mostraram que Rovani comprou a casa em 2013 por R$ 950 mil. Desse valor, R$ 300 mil eram relativos a três cheques de R$ 100 mil, emitidos pelo escritório Librandi e Librandi. O negócio, de acordo com a EPTV, foi feito dez meses depois de Zuely ter começado a receber os honorários a que tinha direito por defender funcionários municipais que tiveram perdas salariais causadas pelo Plano Collor. Rovani e Marco Antonio são acusados de integrar um esquema de pagamento de propina, que teria desviado mais de R$ 200 milhões da Prefeitura de Ribeirão Preto.

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