Número de concursos investigados foi de 5 para 27 e licitações de 7 para 35; 29 pessoas foram indiciadas e 14 estão presas
A Polícia Civil concluiu a análise de vários documentos e nesta sexta-feira (31) divulgou novos números sobre a Operação QI, que investiga fraudes em licitações e concursos públicos. O número de concursos investigados subiu de cinco para 27, enquanto as licitações foram de sete para 35.
Nas investigações mais recentes, a polícia encontrou, na sede de uma empresa vencedora de licitações, nomes, logos e papéis timbrados de outras companhias, concorrentes. No entanto, elas faziam parte do esquema e entravam nas licitações apenas para cumprir o mínimo de participações necessárias e não levantar suspeita.
Cada interessado desembolsava de R$ 3 mil a R$ 35 mil para conseguir uma vaga no setor público. O maior suborno pago foi para o cargo de assessor jurídico de Jaboticabal.
"Nós encontramos os gabaritos originais, preenchidos quando os candidatos realizaram a prova. Fizemos a revisão, com base nos editais publicados pela empresa e pela Prefeitura [de Jaboticabal], e identificamos que os três primeiros colocados não obtiveram, no gabarito que eles preenceram no dia da prova, a mesma nota da que foi publicada no edital de resultado final", explicou o delegado Gustavo André Alves.
A estimativa é que a quadrilha tenha faturado pouco mais de R$ 2 milhões de 2014 em diante. Investigações de anos anteriores não foram possíveis por falta de provas, segundo Alves.
"Após realizarem as provas e transcorrerem todas as publicações de editais, como resultado final, homologação e transcurso dos prazos de recuros, as empresas, de algum forma, inutilizam o material do concurso, como gabaritos e cadernos de questões."
Além de ter acabado com a quadrilha, a Polícia Civil comemora o fato de que executivos do alto escalão do poder público foram pegos. Entre eles estão os secretários de governo de Ipuã, Motuca e Miguelópolis. A participação de prefeitos não está descartada.
Ao todo, há investigações em 17 cidades, concentradas principalmente nas regiões e Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Na próxima fase da operação, os casos ficarão sob responsabilidade da delegacia de cada município.
Até o momento, 29 pessoas foram indiciadas na Operação QI, 14 continuam presas e 14 respondem em liberadade. O empresário Victor Toyoji Nozaki, de Ribeirão Preto, está foragido.
Ouça o boletim de Rodrigo Prioli.