Terceira fase da Operação Têmis pode revelar novo 'braço' de esquema

13/06/2018 20:13:00

Operação da Polícia Civil, realizada nesta quarta-feira (13), investiga ligação de sindicalistas com advogados de Ribeirão Preto que entraram com mais de 50 mil ações fraudulentas

Polícia Civil cumpriu mandados na manhã desta quarta-feira (13) (Foto: Reprodução / EPTV)


A Polícia Civil de Ribeirão Preto cumpriu dois mandados de busca e apreensão da terceira fase da Operação Têmis, na manhã desta quarta-feira (13). A ação pode revelar mais um braço da operação montada por advogados locais, que aplicavam golpes reclamando na Justiça diferenças salariais em nome de pessoas que não sabiam das ações.  

O primeiro mandado foi cumprido na casa de Evaldo Barbosa do Nascimento, no bairro Sumarezinho. Ele é presidente da Associação dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Ribeirão Preto e Região (AATENFRPR) e do Sindicato dos Profissionais Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Ribeirão Preto e Região (Sindatenfe). Em seguida, fui cumprido um mandado na casa de Sidmar Daveio Oliveira, presidente da Núcleo de Combate ao Assédio Moral no Trabalho (Nucamt), no Jardim das Pedras.  

De acordo com o pedido de busca encaminhado à Justiça, Evaldo e Sidmar teriam criado associações, possivelmente de fachada, ligadas ao escritório Lodoli, Caropreso, Bazo & Vidal Sociedade, do qual quatro advogados foram presos em janeiro, na primeira fase da operação. À EPTV, ambos negaram as acusações de ilegalidades.  

O Sindatenfe, segundo o pedido, está localizado no mesmo endereço da Associação "Pode Mais", um dos locais nos quais eram levantados clientes para os advogados ingressarem com ações fraudulentas. No documento também é afirmado que Evaldo "participava ativamente das atividades da referida associação captando clientes para o escritório" e que a AATENFRPR, que tinha a mesma finalidade, está sediada na casa do homem.  

"A finalidade [da terceira fase da operação] é corroborar o que a gente já tinha, ou seja, indícios de que, de fato, estavam vinculados ao esquema. E, com os documentos e computador, a gente objetiva materializar essa prova de indícios nesse sentido. Um dos exemplos é que o sindicato [Sindatenfe] tinha como endereço o da Pode Mais, um dos alvos da primeira fase da operação. Então, já há um indício de que ele já tinha vínculo com os advogados investigados lá com todo o esquema", diz o delegado Gustavo André Alves. No relatório está presente a informação que Klaus Philipp Lodoli, um dos denunciados da Têmis, foi advogado de Evaldo.  

Já no endereço registrado do Nucamt, que também agia da mesma forma, não havia nenhuma entidade em funcionamento. Quem ocupa o lugar é uma das filhas de Sidmar.  

"A gente identificou que essas associações e sindicatos não tinham sede física, corroborando já parte dessa suspeita que mantinham documentos das associações e sindicatos na própria residência, pela ausência dessa sede física. E agora a gente vai analisar os equipamentos de informática e documentos apreendidos para corroborar esse princípio de prova que a gente já possui, dessa possibilidade de captação de clientes", diz o delegado Gustavo André Alves.  

Nas três entidades, de acordo com o delegado, foram encontrados elos entre os dois homens, "os quais figuram em funções distintas nos seus quadros, ora como presidente, diretor ou tesoureiro".  

Ambos técnicos de enfermagem do Hospital das Clínicas estariam afastados das atividades da Associação do Servidores do Hospital da Clinicas de Ribeirão Preto (ASHC) e do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Ribeirão Preto (SINDSERVSAUDE) "por atos incompatíveis com as políticas de ambas as entidades".  

Sidmar e Evaldo podem ser presos. "A gente não descarta nenhuma possibilidade, tudo vai depender evidentemente da análise dos documentos e do material apreendido e do que isso vai configurar especificamente como crime. Para a gente, aí sim, concluir o inquérito policial". (Com EPTV)

ENTENDA O CASO
Quem são os denunciados da Têmis?
- Renato Rosin Vidal - advogado civil
- Klaus Philipp Lodoli - advogado civil
- Gustavo Caropreso Soares de Oliveira - advogado civil
- Angelo Luiz Feijó Bazo - advogado civil
- Thales Vilela Starling - advogado criminalista
- Douglas Martins Kaufmann - advogado criminalista
- Ramzy Khuri da Silveira - Khuri Recuperadora de Ativos
- Luiz Felipe Naves Lima - Consultoria Neo Price
- Ruy Rodrigues Neto - Neo Price e Associação Pode Mais (Limpe Seu Nome)
- Clóvis Angelo, vulgo "Capitão" - Responsável por recrutar captadores de clientes para o Escritório LCBV  

Do que os denunciados são acusados?
De utilizar cadastros de pessoas (inclusive os recolhidos na caravana "Muda Ribeirão", que o vereador Isaac Antunes (PR) promoveu no período pré-eleição 2016) para distribuir mais de 50 mil ações fraudulentas que gerariam um prejuízo estimado em R$ 100 milhões para várias empresas. Eles são denunciados por organização criminosa, estelionato, falsidade ideológica, fraude processual e violação do sigilo bancário. Todos eles negam os crimes.  

De oito pessoas presas na operação, quatro foram soltas por uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Outros quatro fizeram delação premiada.



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