MP denuncia e pede prisão de três PMs pela morte da lutadora Luana

19/04/2018 15:38:00

Promotor Eliseu José Berardo Gonçalves acusa os policiais de homicídio triplamente qualificado; Polícia Civil havia indiciado o trio apenas por lesão corporal seguida de morte


Luana Barbosa dos Reis Santos morreu após ficar cinco dias internada no HC de Ribeirão Preto
 

Os três policiais militares, acusados de espancar e matar Luana Barbosa dos Santos Reis, de 34 anos, em abril de 2016, foram denunciados pelo Ministério Público, na tarde desta quinta-feira (19), por homicídio triplamente qualificado, cuja pena pode chegar a 30 anos de prisão.   

No final da denúncia, o promotor Eliseu José Berardo Gonçalves pede a prisão preventiva dos três policiais. O entendimento dele contraria o da Polícia Civil, que concluiu o inquérito no último dia 5 e indiciou o trio apenas por lesão corporal seguida de morte.

Além disso, foi categórico na denúncia. Ao ACidade ON, afirmou que, desde o início, entendeu que o crime tratava-se de algo grave. "Já recorri anteriormente porque nunca foi apenas uma lesão corporal", afirma Gonçalves.  

O caso segue para análise da Justiça que decidirá se os PMs, cujos nomes não foram divulgados, devem ou não responder ao processo criminal e se vão aguardar presos até o julgamento do processo. A expectativa é que o processo chegue às mãos do juiz competente até sexta-feira (20). Não há prazo para a decisão judicial.

Laudo do IML (Instituto Médico Legal) apontou que Luana morreu em decorrência de uma isquemia cerebral e traumatismo craniano, cinco dias depois de ser agredida pelos PMs durante uma abordagem policial.  A lutadora teria se negado a ser revistada pelos policiais do sexo masculino. Segundo a denúncia, ela teria sido agredida na rua e depois dentro do camburão da PM.

Outro lado  

ACidade ON questionou a Corregedoria da PM sobre a situação administrativa dos acusados, mas até a publicação desta reportagem não obteve retorno.  

Já a SSP (Secretaria de Segurança Pública) confirmou o indiciamento do trio. Por meio de nota, disse apenas que "a Polícia Civil conclui o inquérito como lesão corporal seguida de morte. O caso foi encaminhado ao poder judiciário no último dia 5 de abril".  

O caso  

No dia 8 de abril de 2016, Luana saiu de casa pilotando uma moto com o filho na garupa. Em seguida, foi abordada por três policiais militares. Ela teria negado a revista por oficiais do sexo masculino e, por isso, foi supostamente agredida no meio da rua. Depois, dentro de um camburão.  

À época, a família chegou a acusar o trio de racismo e homofobia, já que a vítima era negra e lésbica. Já o Comando da PM apontou o histórico criminal de Luana, com passagens por roubo e tráfico de drogas, além de alegar que ela teria reagido e atacado os policiais primeiro. Dois deles chegaram a registraram lesões em boletim de ocorrência.    

Encaminhada a delegacia e posteriormente ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto com febre alta, ela morreu cinco dias depois por isquemia cerebral e traumatismo craniano, segundo laudo emitido pelo IML.  

Procurado pela reportagem após a confirmação da denúncia, na tarde desta quinta-feira (19), o advogado de acusação, Daniel Rondi, disse que, na investigação, não restaram dúvidas de que o houve dolo eventual. "A família de Luana está feliz com o indiciamento, apesar dos dois anos que se passaram sem respostas".  

"Entendemos a deficiência da polícia de conclusão em 30 dias. Existe uma sucateamento na parte de segurança pública que resulta em um tempo estendido como esse. Mas, precisamos acreditar na Justiça para que tragédias como essa não voltem a acontecer", finaliza. 







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