Região de Ribeirão Preto tem quase 2 milhões de habitantes

29/08/2014 09:22:00

Sertãozinho apresentou taxa de crescimento acima da média nacional; Luiz Antônio tem mais do que o dobro dela

Milena Aurea / A Cidade
Sertãozinho registrou uma taxa de crescimento de quase 8%, entre os anos de 2010 e 2014 (Foto: Milena Aurea / A Cidade)

Somadas, a população de Ribeirão Preto e dos 27 municípios da região chegam a quase 2 milhões de habitantes.

Para efeito de comparação, o número é equivalente aos moradores das 724 cidades com menor número de habitantes do Brasil juntas. Os principais destaques da região são Franca e Sertãozinho. 

Entretanto, alguns municípios menores também apresentaram um “boom” de crescimento. É o caso de Luiz Antonio (54 Km de Ribeirão), que aumentou a sua população em 15,5% em quatro anos, ganhando 1,7 mil novos habitantes. Em seguida vem Serra Azul (41 Km) e Pontal, com 14,6% e 12,1% de crescimento, respectivamente.

Como um todo, a população da região cresceu 7,5% de 2010 até o mês passado. Nesse período, a população brasileira aumentou 6,3%.

Açúcar e álcool

Para o professor titular em finanças da USP de Ribeirão Preto, Alberto Borges Matias, o crescimento de cidades de região está vinculado principalmente ao setor sucroalcooleiro.

“Pontal e Pradópolis, por exemplo, são cidades rodeadas de unidades produtoras de açúcar e etanol, isso atrai o trabalhador”, explica. Já Luiz Antônio, segundo ele, é um polo de atração devido à produção de celulose. 

Segundo o professor de economia da USP, Luciano Nakabashi, o crescimento também está relacionado ao custo de vida, que é menor se comparado aos municípios maiores. “Isso empurra a população para morar em cidades pequenas”, explica.

Ele alerta para as consequências do incremento populacional. “É necessário se atentar para problemas como a água. Estamos encontrando dificuldades em relação a falta deste recurso e pode piorar. Também é preciso ter cuidado com mobilidade urbana, pois o trânsito se torna primordial com um aumento populacional”, afirma.

IBGE está errado, diz Prefeitura

A prefeitura de Ribeirão Preto diz acreditar que o número de habitantes estimado pelo IBGE, de 658 mil moradores, “está incorreto”.

Para o Palácio Rio Branco, o município já teria 700 mil pessoas. “A população flutuante de Ribeirão é grande, devido ao número de universidades, faculdades, oportunidades de estudo e emprego no município. Pessoas que ficam temporariamente, mas que desfrutam da infraestrutura da cidade, utilizam dos serviços municipais também”, justifica a administração em nota de imprensa.

Um dos motivos de reclamação da prefeitura é que a estimativa do IBGE é levada em consideração no repasse de verbas federais, principalmente o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

A prefeita Dárcy Vera (PSD), inclusive, cobra do governo federal maior repasse de verbas às prefeituras, pontuando que a falta de recursos para investimentos em serviços básicos e infraestrutura é um dos principais desafios para acompanhar o crescimento populacional.

O Palácio Rio Branco afirma valorizar toda a região, e diz haver “uma boa relação entre os municípios para a criação da Região Metropolitana de Ribeirão Preto.

Ribeirão cativa, mas também assusta

Foi amor à primeira vista. Quando a empresária Adriana Pinho, 34 anos, visitou Ribeirão Preto pela primeira vez, em 26 de dezembro do ano passado, decidiu que queria morar aqui.

E foi rápido: vinte dias depois, abriu com a sócia uma franquia de estética no município, deixando de viver em São Paulo após 33 anos ininterruptos na capital do Estado.

O trânsito ribeirão-pretano, apesar de lento para quem convive com ele há anos, foi um dos motivos da paixão. “O fluxo é muito mais rápido em comparação com São Paulo”, diz. Além disso, o calor e a boa oferta de gastronomia e lazer foram decisivos.

Ribeirão tem, entretanto, seus pontos negativos. Ela já foi vítima dos criminosos duas vezes em quase oito meses de estadia, algo que nunca havia ocorrido em São Paulo. Sua sócia, Raffaella Hanna, 38 anos, que se mudou da capital para cá junto com ela, foi igualmente vítima.

“Tive meu carro levado em um assalto a mão armada em fevereiro, um mês depois de me mudar para cá”, diz, confessando que a violência em Ribeirão a deixou assustada.

Apesar da criminalidade, ambas dizem que a mudança valeu à pena. Tanto que a estimativa populacional de 2015 já pode levar em consideração o marido de Adriana, que também pretende repetir o trajeto capital-interior.

ANÁLISE
Custo de vida é maior nas capitais

Esse crescimento populacional tem um significado ainda maior. Percebo que a nossa região continua atraindo muitas pessoas, apesar dos boatos negativos em relação ao setor sucroenergético. Outra explicação que encontro, é as pessoas estão migrando para as cidades menores porque os grandes municípios encareceram muito o setor imobiliário. Nas cidades pequenas é mais barato para se viver. Por outro lado, Ribeirão Preto vai se consolidando cada vez mais como um grande polo regional. Muita gente sai de suas cidades e vem pra cá. Aqui vão encontrar o que não existe de maneira ampla nos seus municípios, como entretenimento e variedade na alimentação. Mas, ressalto, é necessário planejamento para que o crescimento populacional não traga surpresas.

Alberto Borges Matias
Economista e docente da USP

Arte / A Cidade



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