Pais acusam Mater de negligência em dois partos

22/08/2014 09:20:00

Recém-nascidos precisaram ser internados na Unidade de Terapia Intensiva do HC e poderão registrar sequelas

Milena Aurea / A Cidade
Oliveira Papa e a mulher, Jennifer Helena: “os médicos já disseram para a gente que existe risco de sequela em nosso filho Igor” (Foto: Milena Aurea / A Cidade)

Duas famílias acusam a Mater de negligência durante a realização de dois partos. Em ambos os casos, os maridos alegam que as mulheres precisaram esperar mais de 12h em trabalho de parto para que os médicos decidissem pela cesárea. Os bebês precisaram ser internados na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas e podem ficar com sequelas.

Matheus de Oliveira Papa, 30 anos, diz que ocorreu uma sucessão de erros desde o momento em que levou a mulher Jennifer Helena de Almeida, 24, à maternidade na primeira vez, no dia 30 de julho.

Jennifer estava com três centímetros de dilatação e fortes contrações, mas os profissionais a medicaram e mandaram ela de volta para casa.

“No prontuário dela está escrito que ela não tinha dilatação. Minha esposa não ia conseguir ter o bebê pelo parto normal. No prontuário está dizendo que o coração do bebê estava oscilante, isso já no primeiro dia que procuramos o atendimento”, diz Papa.

Segundo ele, o filho Igor só foi nascer no dia 2 de agosto, quando um médico percebeu que o caso da mãe necessitava de uma cesárea de urgência, porque Jennifer voltou ao hospital no dia 1º e estava em trabalho de parto desde então. Igor segue internado na UTI neonatal do HC.

“A gravidez da minha esposa não era de risco, agora ele [o filho]está respirando com ajuda de aparelhos e os médicos já disseram para a gente que existe risco de sequela”, explica o pai.

A família chegou a registrar um Boletim de Ocorrência no 5º Distrito Policial e quer que o caso seja investigado.

A família de Jefferson Correa Bonfim, 21 anos, também solicitou prontuário médico à Mater e quer respostas sobre a demora em realizar a cesária de sua mulher.

Parto de Maria Luiza também teve problema

Jefferson Correa Bonfim, 21 anos, conta que a mulher, Caroline Dias, 20, deu entrada no dia 30 de julho na maternidade e que durante o trabalho de parto a pressão dela subiu muito. “Eles [os médicos] sabiam o que estava acontecendo. As outras mulheres que estavam no quarto não estavam na mesma situação que ela. A pressão dela subiu muito conforme as horas passavam, a gente percebeu que tinha alguma coisa errada”, diz.

Ele conta que Caroline pediu a cesárea muitas vezes, quando percebeu que a filha não nascia. Maria Luiza foi direto para a UTI neonatal do HC, mas já deixou de respirar com a ajuda de aparelhos.

“Quero saber o que aconteceu. Minha filha pode ficar com sequelas, os médicos disseram que nós só vamos saber quando ela começar a crescer”, desabafa.

Outro lado
‘Procedimentos foram adotados’

Em nota, o setor de comunicação da Mater (Centro de Referência da Saúde da Mulher) nega negligência nos atendimentos apontados.

Segundo a nota, no caso de Jennifer Helena de Almeida, ela deu entrada no dia 30, mas não estava em trabalho de parto e foi liberada após observação.

Ela chegou no dia 30 com queixa de contração, foi avaliada e constatado que ela não estava em trabalho de parto e a paciente foi liberada depois de ter ficado na observação. No dia 1º ela teria voltado com a bolsa rompida e foi iniciada a indução do parto, porém, a dilatação teria parado e a paciente foi encaminhada imediatamente para o procedimento de cesariana. “Os procedimentos foram adotados para conter a aspiração do mecônio, no entanto não foi possível”, diz a nota.

No caso de Caroline, a nota diz que a paciente deu entrada no dia 30, mas só teve a bolsa rompida na hora da realização da cesárea, no centro cirúrgico. “Como a gravidez já havia atingido 42 semanas, tempo limite, a paciente foi internada e iniciado o processo de indução do parto. Como não houve resposta, os médicos encaminharam para o procedimento de cesariana”, diz a nota.



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