'Eu escolhi viver', afirma jovem de 24 anos

10/12/2017 14:29:00

Welber segue o tratamento à risca, milita na prevenção e já está com a data do casamento marcada

Matheus Urenha / A Cidade
Welber encarou a doença de frente e, com tratamento, procura seguir a vida normalmente (Foto: Matheus Urenha/ A Cidade)

 

Ao dizer à médica que os cílios e os cabelos estavam caindo, a primeira pergunta que o representante farmacêutico Welber Henrique, 24 anos, escutou foi: “Você teve relação sexual sem camisinha?”. Depois disso, ele viu sua vida transformada. Além do medo de morrer, conseguir contar à namorada e à família dela que estava infectado com o vírus HIV foi um dos momentos mais difíceis do processo, mas não o único.

A namorada foi submetida aos testes que deram negativo e ele não sabe em qual relacionamento foi infectado.

“A médica olhou para mim e disse que havia dois caminhos. Ou me cuidava ou morreria. Eu escolhi viver. Não me relaciono com minha namorada sem camisinha e nunca perco a hora dos meus remédios”, afirma.

A medicação, aliada ao acompanhamento psicológico e a decisão de encarar os fatos da forma mais positiva possível, fazem parte da rotina de Welber.  “Eu sou uma pessoa normal como todo mundo. Não vou passar minha sorologia ao tocar ou abraçar alguém”.

Ele considera que evitar o assunto ou reduzi-lo a grupos específicos, como os de homossexuais e profissionais do sexo, é a principal barreira para evitar o contágio e combater o preconceito. “Todas as pessoas têm o risco de pegar HIV. Essa doença não está restrita a alguns grupos como se imagina. É importante falarmos sobre isso”, diz.

Nações Unidas

Dias após o lançamento do documentário ”Vivendo Positivo”, a ONU (Organização das Nações Unidas) entrou em contato com ele, pois também estava interessada em divulgar sua história e sua adaptação a um novo medicamento contra o vírus disponível no mercado.

Sua história foi selecionada pela sede da ONU em Genebra e escolhida para um congresso sobre o tema que será realizado em 2018, em Brasília. Ele é um dos dois brasileiros que participarão do encontro como palestrante.

“Minha história foi traduzida para o inglês e agora está na página da Unaids na internet. Isso só aumentou minha vontade de militar pela causa. Existe vida após o diagnóstico, basta se cuidar, é isso que quero que todos saibam”, conclui.

‘Não vou abandonar meus sonhos’, diz Welber

Em Ribeirão Preto, sua cidade natal, o engajado Welber Henrique faz parte de um grupo de WhatsaApp que apoia e agrega pessoas que receberam o diagnóstico da sorologia positiva para o HIV recentemente.

“Com minha experiência, busco auxiliar outras pessoas que foram identificadas com o vírus. Este momento é muito crítico e o apoio é fundamental, eu sei disso porque vivi”, completa. Ele e a namorada estão com o casamento marcado para setembro de 2019 e planejam construir uma família. “Não vou abandonar meus sonhos por conta da minha sorologia. Pelo contrário, hoje eu vivo muito mais intensamente”, diz o representante farmacêutico.  



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