Saúde e Educação prejudicadas por falta de servidores

21/08/2017 20:58:00

Juntos, os dois principais setores do serviço público perderam 159 funcionários de carreira sem reposição nos últimos 12 meses

Matheus Urenha / A Cidade
Aluno de 13 anos da escola Paulo Freire mostra caderno de matemática sem uso pela falta de professor (Foto: Matheus Urenha / A Cidade)

 

O filho de Maria Aparecida, 55 anos, precisa ajudá-la a pentear o cabelo. A dor em seu braço direito é tanta que ela sequer consegue levantá-lo. Há três meses, aguarda o agendamento de consulta com reumatologista. “Falta médico”, atesta. Os alunos da turma C do 7º ano da escola Paulo Freire ficaram três semanas sem aulas de matemática. A mãe de um deles mostra o caderno em branco. “Falta professor”, explica.

Educação e Saúde correspondem à maior folha de pagamento da prefeitura. Juntos, somam 6,6 mil servidores (74% do total). Ambos, porém, perderam juntos 159 funcionários de carreira sem reposição nos últimos 12 meses.

“Faltam médicos de todas as especialidades. Alguns setores são críticos, outros caóticos. É algo que ocorre desde o governo Dárcy Vera, mas agora parece estar se aprofundando”, afirma Ulysses Strogoff de Matos, presidente regional do sindicato dos médicos. A categoria perdeu 24 profissionais sem reposição entre janeiro e abril.

Hoje, a rede municipal não possui proctologista – o tempo de espera para consulta dessa especialidade é de 2 anos e 11 meses, segundo o Portal de Transparência da prefeitura.

No NGA (Núcleo de Gestão Assistencial) da rua Minas, que centraliza a maior parte das consultas de especialidades, dois dos quatro ortopedistas deixaram a unidade este ano sem reposição – um se demitiu e outro passou a trabalhar no setor de auditoria.

Segundo Débora Alessandra, representante da Saúde no Sindicato dos Servidores Municipais, o setor passa por um “desmonte”.

“Por conta da falta de agentes de administração, agentes comunitários e auxiliares de enfermagem acabam ficando no balcão, recepcionando pacientes e alimentando o sistema de informática”, diz.

 

Matheus Urenha / A Cidade
Maria Aparecida pede mais médicos para tratar da dor no braço (Foto: Matheus Urenha / A Cidade)

 

Educação

O número de funcionários concursados da Educação é o menor desde 2014. Faltam, segundo representantes da categoria, de professores a cozinheiros. Em contrapartida, são 500 contratados emergencialmente.

“Há um déficit recorrente, mas este ano está um pouco pior”, afirma Cristiano Floriano, presidente da Aproferp (Associação dos Professores de Ribeirão Preto).

Ele diz que, em 2017, os professores de apoio foram extintos nas escolas municipais. Eles eram os responsáveis por suporte pedagógico e, principalmente, socorrer as aulas em caso de faltas e licenças de professores titulares.

“Cerca de 70% dos professores são mulheres e a prefeitura não se programa para gestações. Não adianta colocar a culpa no profissional, é falta de planejamento.”

“Olha, tio, quase toda semana falta alguém. Aí, vou para casa mais cedo ou fico na sala de informática”, afirmou ao A Cidade um aluno do sexto ano da escola Paulo Freire.



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