Morto em um protesto em 2013, familiares e amigos se lembram do estudante Marcos Delefrate e rezam por julgamento
“Eu estou cansada.”
A um dia do quarto ano da morte de Marcos Delefrate, a mãe Maria Rosenilda da Conceição Delefrate carrega nos ombros – e no coração – a apreensão em esperar por Justiça. Justiça contra o empresário Alexsandro Ichisato de Azevedo, acusado de matar o jovem em um protesto no dia 20 de junho de 2013, e que ainda não foi julgado.
Voltar nesta segunda-feira (19) ao local onde filho morreu atropelado dói tanto que se torna visível em seu rosto. Porém o que Maria mais gostaria de ver ainda não ocorreu – e isso é o que mais a machuca. “Tantos casos já resolvidos. A Justiça é muito falha. Está na hora dela [Justiça] reagir, está demorando demais”, lamenta Maria.
Apesar de ficar com o “coração na mão” de deixar o marido Paulo, que está com depressão, em casa, Maria tirou um momento do seu dia – e da visita - para rezar um Pai-Nosso ao lado do busto erguido em homenagem ao filho. Ela reza enquanto espera. Espera por Justiça.
Quem espera ao seu lado é Neusa Lopes Matias. Vizinha e tia de coração de Marcos, ela se lembra com carinho de um pequeno Marcos que alegrava seu dia. “Ele era tão educado e querido por todos, sempre nos visitava”, relembra com carinho.
Tenta se lembrar também da noite em que Marcos morreu. Porém o choque da morte foi tanto que, até hoje, os detalhes não foram organizados em sua cabeça. “Foi uma coisa tão de repente, uma surpresa tão grande e ele era tão jovem”, lamenta.
Participando e apoiando a família Delefrate desde o acidente, Neusa também espera a Justiça ser feita. “Está demorando, mas acredito que acontecerá. Falei para a Maria que não pode desanimar, tem que seguir em frente”.
Relembre o caso
No dia 20 de junho de 2013, cerca de 25 mil pessoas foram às ruas, em Ribeirão Preto, para pedir a redução dos preços das passagens de ônibus. Após quase três horas de protesto, que seguia tranquilo, Alexsandro Ichisato de Azevedo tentou passar com o seu carro no meio dos manifestantes, que protestavam no cruzamento da avenida João Fiúsa com avenida Adolfo Bianco Molina.
Ao ser impedido, o suspeito teria dado ré e acelerado o carro, quando atropelou 13 pessoas, incluindo Marco Delefrate, de 18 anos. O jovem morreu na hora. Ichisato está preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Ribeirão desde julho de 2013.
Confira no jornal A Cidade desta terça-feira (20) uma reportagem especial sobre o caso.