Hospital Cantinho do Céu atende 60 pacientes com paralisia cerebral

18/06/2017 12:30:00

Graças ao trabalho voluntário que se espalha de norte a sul de Ribeirão Preto, muita gente tem uma vida mais feliz

Weber Sian / A Cidade
O Cantinho do Céu aposta no contato e no carinho para ajudar os pacientes com paralisia cerebral (Foto: Weber Sian / A Cidade)

 

O Hospital de Retaguarda Cantinho do Céu é uma instituição filantrópica que, há 34 anos, abriga em torno de 60 pacientes com paralisia cerebral em Ribeirão Preto. Destes, oito não moram na entidade – passam o dia em atendimento de segunda a sexta e retornam para as suas famílias à noite.

Com equipe composta por mais de 70 funcionários, o Cantinho do Céu oferece serviço de assistência social, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, auxílio geral e motoristas em período 24 horas. Parte dos acolhidos recebem alimentação por sonda, dependem de traqueostomia e todos tomam banho no local.

A fundadora Sônia Ponciano relata que tudo começou quando tinha 19 anos e sua família acolheu uma menina de apenas 5 anos, a Elaine, que nasceu com paralisia cerebral. A mãe não tinha com quem deixá-la no horário de trabalho e tampouco tinha conhecimentos para ajudar a filha.

Elaine tinha uma saúde muito frágil e estava muito doente quando foi acolhida. Poucos anos depois, a mãe de Elaine faleceu e a menina passou de vez a integrar a família de Sônia, recebendo cuidado diário em período integral.

“Eu a levava todos os dias na Apae para ela fazer fisioterapia. Lá, tive contato com muitas outras crianças na mesma situação e cujas famílias não tinham qualquer estrutura emocional para cuidar. São pessoas que nunca andaram, que nunca falaram, e precisam fundamentalmente de carinho”, conta.

Pouco a pouco, Sônia e sua família foram abrigando as crianças que conheciam e precisavam de ajuda. Doze anos depois, em 1983, nasceu o Cantinho do Céu, que oferece serviço gratuito à população, vive de doações e de auxílios da prefeitura da cidade voltados para apenas 14 pacientes.

A fundadora, que também atua como voluntária, investiu todas as suas economias na inauguração do projeto. Para manter a estrutura e a folha de pagamentos em dia, o Cantinho do Céu realiza bingos, vende rifas e conta com um bazar montado com peças doadas. 

Weber Sian / A Cidade
Thiago e Elaine são, para Sônia, dois grandes exemplos de superação dentro do Cantinho do Céu (Foto: Weber Sian / A Cidade)

 

Exemplos que emocionam

Hoje, Elaine tem 46 anos, passa o dia todo na instituição e, quando o dia acaba, volta para casa com Sônia, que se tornou uma irmã de coração.

“Você olha para ela e não dá 20. Ela é muito feliz, muito tranquila, tem uma saúde de ferro. Nunca mais ficou doente. Ela é um ser humano perfeito, entende tudo à sua volta e reconhece as pessoas de quem gosta. É a minha maior companheira”, diz, emocionada.

Se deixar, a fundadora leva todas as crianças para a sua casa. Se envolve com cada um que entra no Cantinho do Céu. O Thiaguinho, por exemplo, chegou para Sônia com apenas dez meses e, há 20 anos, mora na instituição.

Diagnosticado com a síndrome Pierre Robin, o rapaz nasceu com má formações no rosto, dificuldades para respirar, deformidades nasais, problemas cardiovasculares, entre outras dificuldades.

“Quando a gente o conheceu, ele tinha muita dificuldade, usava sonda, tinha traqueo, não comia pela boca, não tinha peso. A gente instalou um quarto para atendê-lo e ele lutou muito para viver. É um verdadeiro guerreiro”, relata.

Paz e alegria são as recompensas

Recentemente, a entidade recebeu um aviso que pegou todos de surpresa: foi intimada a se tornar um hospital de retaguarda e fazer todas as alterações necessárias no prédio. Com isso, os gastos aumentaram e a folha de pagamentos, também.

“Ainda não acabamos as adequações de hospital, mas, no final, pudemos até ampliar os nossos atendimentos. Agora, temos voluntários que vêm diariamente, temos mais funcionários contratados e carinho em dobro para oferecer”, diz.

Sônia dedicou toda a sua vida para o trabalho voluntário, envolveu seu marido no projeto, amigos e continua espalhando suas ações com quem cruza. Apesar dos esforços, das noites maldormidas de preocupação com paciente e das aflições econômicas, ela afirma que é capaz de muito mais.

“Eu recebo tanta paz, tanta tranquilidade de volta por causa do que oferecemos a essas crianças. Sou tão feliz por ter tantas histórias encaixadas na minha, que sinto como um presente que Deus me deu. Ver a melhora na saúde, na qualidade de vida dessas crianças me traz uma alegria que não cabe em mim”, conclui.

Cantinho do Céu - Fundado em 1983
Atua no tratamento e acompanhamento de pessoas com paralisia cerebral, com sequelas severas, múltiplas e irreversíveis, decorrentes principalmente de anóxia neonatal

Como ajudar

Acesse o site www.cantinhodoceu.org Lá, terá as opções para adotar financeiramente uma criança, doar o Imposto de Renda ou a Nota Fiscal Paulista. Para doações de alimentos, peças para o bazar ou se tornar um voluntário, entre em contato pelo número (16) 3622-0853

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