Dos R$ 7,2 mi previstos para reformar unidades de saúde, apenas metade foi empenhada

23/04/2017 14:33:00

Sem verba, unidades de Ribeirão Preto sofrem desde banheiros quebrados e falta de ventilição para pacientes doentes

Renato Lopes / Especial
Aécio Barbosa aguardou 8 horas por atendimento (Foto: Renato Lopes / Especial)

 

Há três semanas, Aécio Barbosa, 44 anos, teve problemas de pressão alta e ficou sob observação na UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde) do Simioni. Sem leitos, ele teve que se acomodar por oito horas na madrugada sentado em um banco de madeira, devido à falta de leitos ou de poltronas. “Um absurdo”, resume.

Entre 2014 e 2016, a prefeitura projetou no orçamento R$ 7,2 milhões para “reforma e ampliação” de unidades de saúde. Apenas metade, porém, foi empenhada (reservado formalmente) e só R$ 1,8 milhão de fato executado na peça orçamentária.

Em 2013, no âmbito do programa “Governo nos Bairros”, foram reservados R$ 2,1 milhões para reforma de seis unidades de saúde escolhidas pela população – só R$ 13,3 mil foram empenhados, representando 0,6%.

Naquele ano, a Atmosphera recebeu R$ 37,7 milhões dos cofres públicos.

Renato Lopes / Especial
Na UBS João Rossi tem apenas uma das três pias do sanitário masculino funcionando (Foto: Renato Lopes / Especial)

“Aqui é terrível. Já estamos doentes, e dá um mal-estar ainda maior ver tudo isso detonado”, diz Maria Conceição, 50 anos, apontando o mofo no teto da UBDS Simioni.

Na unidade, A Cidade constatou banheiros depredados – inclusive o reservado para pessoas com deficiência, que está sem porta e teve os suportes de apoio arrancados – azulejos quebrados, piso encardido e portas enferrujadas.

A ventilação da unidade também é alvo de reclamação: no corredor da pediatria, que comporta até 40 pessoas, são apenas dois ventiladores.

LEIA MAIS

Com R$ 133,8 mi da Atmosphera 234 projetos seriam viabilizados

Praças e parques estão entregue ao abandono sem as obras prometidas

Prefeitura ‘troca’ verba própria por convênio

Na UBS do João Rossi, estava prevista reforma no valor de R$ 400 mil em 2013 com recursos próprios da prefeitura – jamais investidos. No ano seguinte, porém, veio reforma de R$ 186,2 mil – mas com verba do governo estadual, conforme placa de metal jogada nos fundos da unidade.

“Trocaram todo o telhado, que era de zinco e esquentava muito, pintaram e colocaram aparelhos de ar condicionado. Melhorou muito”, afirmou um funcionário ao A Cidade.

O local, porém, ainda tem problemas: o piso tátil da recepção se descolou do chão e há sanitários quebrados.

Clínica municipal sem verba

Promessa de campanha de reeleição de Dárcy Vera (PSD), a construção de uma clínica municipal para tratamento de dependentes químicos foi relegada a segundo plano e nunca saiu do papel.

Em 2014, o governo municipal chegou a reservar R$ 4 milhões para a clínica, mas nenhum valor foi empenhado. Naquele ano, foram repassados R$ 38,3 milhões para a Atmosphera.

“A clínica municipal nunca foi uma prioridade do governo passado”, lamenta Alexandre da Souza Cruz, coordenador de Saúde Mental da prefeitura.

Segundo a prefeitura, a unidade “não faz parte da Política Nacional de Saúde Mental, que apresenta como diretriz a consolidação de um modelo de atenção aberto e de base comunitária”.

Em 2016, também foram previstos R$ 800 mil, de recursos federais, para a implementação de um Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas).Nada foi empenhado.

Renato Lopes / Especial
A UPA Norte está com as obras paradas por falta de repasses da prefeitura desde 2016 (Foto: Renato Lopes / Especial)


    Mais Conteúdo