Palácio Rio Branco completa 100 anos em ruínas

13/01/2017 12:55:00

Cartão postal da cidade sofre com a falta de manutenção; infestação de cupins e infiltrações corroem o prédio

Weber Sian / A Cidade
Palácio Rio Branco, sede da Prefeitura de Ribeirão Preto; veja mais fotos na galeria (foto: Weber Sian / A Cidade)

 

No próximo dia 26 de maio, o Palácio Rio Branco - um dos cartões postais de Ribeirão Preto - completa 100 anos. Mas, em vez de festa, há muito lamento neste centenário. O charmoso patrimônio histórico está em ruínas pela falta cuidado e manutenção. Na maioria das salas existe infiltração, pisos e vidros estão quebrados, uma infestação de cupins corrói teto, portas e janelas. Uma situação totalmente precária.

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A última reforma do prédio aconteceu em 1992, quando todo o madeiramento foi trocado, encanamentos e rede elétrica modernizados e o estilo preservado. Desde então, muito pouco foi feito pelo espaço que sedia o gabinete do prefeito, secretaria de Governo e da Casa Civil e Comunicação Social, entre outros departamentos.

A pior situação é a do Salão Nobre, pois o forro de madeira do teto está corroído pelos cupins e pela umidade. As paredes estão repletas de infiltração e com a pintura descascando.

O secretário da Casa Civil Nicanor Antonio Lopes diz que não há muito que se fazer no prédio com a estrutura da Prefeitura funcionando. “A solução é sair de lá, para então restaurar o local”, afirma. “Para que o Palácio do Rio Branco volte a ser o patrimônio histórico fabuloso e importante para a cidade”, reforça.

Mudança

Devido aos problemas – e até para promover uma reforma do prédio – o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) estuda a mudança de endereço da prefeitura. Em seguida, o Palácio seria restaurado e transformado em um espaço cultural de mostras permanentes e temporárias. 

Palácio de Ribeirão é ‘réplica’ de hotel da França

O Palácio do Rio Branco foi inaugurado em 26 de maio de 1917. Na época, chamado Paço Municipal, o prédio foi encomendado pelo então prefeito Joaquim Macedo Bitencourt ao engenheiro Antônio Soares Romeu, que se inspirou em um hotel de Paris em sua construção. O Palácio possui dois pavimentos e um porão. A princípio, no andar térreo foram instaladas salas destinadas à Prefeitura, Procuradoria, Instrução Pública, Contadoria, Repartição de Obras, Secretaria, Biblioteca, Portaria, Pagadoria e Recebedoria, Tesouraria e o vestíbulo de entrada; e no andar superior funcionavam as salas de Sessões, das Comissões, do Presidente e do Prefeito, e o Salão Nobre para recepções. Hoje, o Palácio do Rio Branco é tombado pelo patrimônio histórico, mas sofre pela falta de manutenção de sua estrutura.

Weber Sian / A Cidade
A madeira das janelas que não foram destruídas pelos cupins estão carcomidas pela ação do tempo; veja mais fotos na galeria (foto: Weber Sian / A Cidade)

 

Prefeitura estuda mudança de endereço

A falta de manutenção do Palácio do Rio Branco acendeu o alerta do novo governo, que avalia transferir a sede da Prefeitura para outro imóvel, mais novo e com acessibilidade. “Estamos estudando a mudança da Prefeitura para o prédio da Caixa, na Rua Américo Brasiliense”, afirma o prefeito Duarte Nogueira (PSDB). “No térreo ficaria o atendimento ao público e o Poupatempo Municipal; e no primeiro e segundo andar ficaria toda a estrutura do Palácio do Rio Branco”, explica. Segundo Nogueira, o custo da mudança seria zero. “O prédio é da Caixa Econômica Federal e ela está disposta a cedê-lo à Prefeitura sem ônus algum, ou seja, não teremos que pagar aluguel”, diz. “Estamos em conversa. Estive com o superintendente da Caixa, visitamos o prédio e disse que nos interessa”, reforça. Agora, o Governo espera a consulta à presidência da Caixa para fazer o pedido oficial. “Enquanto isso, levamos um engenheiro para calcular o custo de reforma e implantação das melhorias para o atendimento ao público, e se for viável financeiramente vai acontecer.”

Análise - Danos revelam falta de cuidado com o patrimônio

Os problemas encontrados no Palácio do Rio Branco tratam-se de falta de manutenção e cuidado com o patrimônio público. Não há como culpar alguém, pois todas as gestões que passaram por lá falharam. Todos tiveram sua parcela de culpa pelo desconhecimento do valor e da conservação do patrimônio municipal. É fato que a manutenção, normalmente, é cara, pois é feita por pessoas especializadas. Mas, o poder público tem como destinar ou fazer projetos que possam gerar fomento para cuidar desses espaços. É uma questão de cuidado e valorização histórica. Acredito ser ideal tirar momentaneamente a Prefeitura do Palácio do Rio Branco para investir em sua restauração. Digo momentaneamente, pois o prédio foi feito para isso. Manter a sua função é manter seu valor, o que seria um grande ganho para Ribeirão Preto. Maria de Fátima Costa Mattos, historiadora de arte.

Weber Sian / A Cidade
Devido à infiltração, o forro de madeira do Salão Nobre está apodrecendo e há o risco de desabamento do tetopelos cupins estão carcomidas pela ação do tempo; veja mais fotos na galeria (foto: Weber Sian / A Cidade)

 

 

 



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