Obras da UPA Norte continuam paradas em Ribeirão Preto

24/07/2016 15:02:00

Unidade de saúde deveria ter sido concluída em junho de 2015

Apenas cinco funcionários trabalham na UPA Norte. No início, eram 50 trabalhadores (Foto: Mastrangelo reino / A Cidade)

 

Prometida para ser entregue à população em junho de 2015, as obras da UPA Norte (Unidade de Pronto Atendimento) estão, na prática, paradas. Apenas cinco funcionários da empresa Pafil Construtora estão no local, fazendo o serviço a conta-gotas. No início, eram mais de 50.

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Apesar de a prefeitura negar oficialmente, integrantes do Palácio Rio Branco assumem que o motivo é a falta de verba. A obra custa R$ 3,6 milhões. O Governo Federal já repassou R$ 1,7 milhão, mas a prefeitura, do R$ 1,6 milhão que deveria transferir, só depositou R$ 173 mil (10%).

Além da verba para a obra, a prefeitura não possui caixa para compra de equipamentos e contratação de funcionários.

“Isso é muito, mas muito revoltante mesmo. Se estivesse funcionando, iria aliviar [a UBDS] do Quintino e a UPA. Já esperei horas e horas para ser atendido lá”, diz o entregador Claudinei Cardoso, 58 anos.

Sem atraso no repasse

Em nota, a Prefeitura de Ribeirão Preto afirmou que os repasses à empresa Pafil, responsável pelas obras da UPA Norte, estão em dia. “Os pagamentos dos serviços medidos e fiscalizados já foram efetuados. Neste momento não existe nota em aberto. Os pagamentos são feitos de acordo com o andamento da obra”.

Em consulta no Portal da Transparência, o A Cidade verificou que, mesmo com a obra iniciada em fevereiro de 2014, apenas em 14 de julho de 2016 a prefeitura mexeu em seus cofres: repassou R$ 173 mil do R$ 1,6 milhão sob sua responsabilidade.

A estratégia da prefeitura, segundo o A Cidade apurou, foi pedir à empresa que realize os trabalhos a conta-gotas, pois não tem verba para pagar o andamento da obra na velocidade correta.

Segundo a prefeitura, 60% da obra estão prontos. A justificativa oficial para o atraso são adequações no projeto e “intercorrências climáticas”.

Primeiros 20 metros da avenida Thomaz Alberto Whatelly têm 23 buracos; problema atinge a cidade inteira (Foto: Mastrangelo Reino / A Cidade)

 

Buracos

Quem chega a Ribeirão Preto pelo Aeroporto Leite Lopes logo recebe as boas vindas: 23 buracos de pequeno e médio porte nos primeiros 20 metros da avenida Thomaz Alberto Whately.

Depois, a situação só piora com a presença das crateras de maior porte – algumas com até 30 centímetros de profundidade.

“Está horrível. Não só aqui [no Jardim Aeroporo], a cidade toda está esburacada”, diz o vigilante Érick da Silva Reis, 26 anos. Há quatro meses, a cerca de 100 metros da saída do aeroporto, ele caiu ao desviar de um buraco.

Resultado: braços e pernas ralados, bicicleta danificada e três dias sem trabalhar. “Se estivesse de moto, teria morrido”.

Desde março, a Secretaria de Infraestrutura está sem o Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), principal material para tapar buracos. O motivo: nenhuma empresa quer correr o risco de assinar contrato com a prefeitura, pois teme calote.

O temor não é exagerado: o Palácio Rio Branco devia, em junho, R$ 84,3 milhões a fornecedores.

Em uma noite, buracos fizeram oito vítimas

O frentista Anderson Rodrigues, 24 anos, garante: há um mês viu, na mesma noite, oito motoristas trocarem o pneu furado devido aos buracos da avenida Thomaz Alberto Whately. “Todo mundo com roda torta”, lembra.

Mas diariamente, segundo ele, as crateras fazem vítimas. “Eu mesmo já troquei dois pneus em um mesmo dia”.

Segundo a prefeitura, a avenida é “prioridade” assim que a compra de concreto quente for efetuada - a licitação ocorrerá no dia 29 de julho.

Trabalho noturno

O secretário de Infraestrutura, Osvaldo Braga, diz que as ruas esburacadas não são um “privilégio” de Ribeirão Preto. “É um problema que assola 99% das prefeituras do Brasil, a crise financeira atingiu todo mundo”.

Ele diz que, se não fosse a crise, as quatro últimas licitações abertas para compra do concreto quente não teriam sido desertas, e a situação dos buracos não estaria tão grave.

Um novo certame será realizado no dia 29 de julho, para compra de 4,4 mil toneladas de material. “Se tudo der certo, teremos força-tarefa de tapa-buraco aos finais de semana e no período noturno para regularizar a situação”, promete o secretário.



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