Empresário diz que não viu Nicole presa ao cinto do carro

29/06/2016 14:25:00

'A vida dela [Nicole] foi ceifada. A minha também', disse em seu julgamento

F.L.Piton / A Cidade
Interrogatório de Pablo (centro) começou às 12h30; clique na imagem para abrir galeria (Foto: F.L.Piton / A Cidade)

 

Aos 41 anos, Pablo teve que relembrar o que viveu na madrugada do 11 de setembro de 1998, quando tinha 23. "Eu não sou a vítima aqui. Não estou negando que houve um acidente. Mas eu não tive intenção. Sei que independente do resultado, isso [sofrimento] vai continuar. A família dela [Nicole] foi destruída. A minha também. A vida dela foi ceifada. A minha também", disse em seu julgamento.

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Pablo contou que, naquela noite, foi à Chácara das Mangueiras com dois amigos por volta das 21h. No local, os amigos comeram e beberam e, depois de cerca de duas horas, se dirigiram ao Posto do Fran, na avenida Presidente Vargas.

Do posto de combustíveis, o trio rumou para a Chácara da Japonesa, no Recreio das Acácias, onde a prostituta Selma Heloísa Artigas da Silva, conhecida como Nicole, costumava fazer programas. Os três teriam bebido mais no local e, após algumas horas, retornado ao Posto do Fran.

Em seguida, Pablo teria saído sozinho para dar uma volta de carro. Ele relatou que andou em alta velocidade pela avenida Antônio Diederichsen com sua Mitsubishi Pajero prata e voltou ao posto.

No entanto, ao chegar ao local, não encontrou os amigos e imaginou que eles haviam retornado à Chácara da Japonesa. Ele se dirigiu, então, à chácara, mas seus amigos não estavam lá.

Na porta do estabelecimento, Pablo se deparou com o carro de Donizete Machado Lemos, que levava algumas garotas de programa para jantar naquele momento.

Assim que parou o carro em frente à chácara, o empresário afirma que Nicole saiu do carro de Donizete, entrou na sua caminhonete e pediu uma carona até o Reb's Café, na avenida Nove de Julho.

Com a moça no banco do passageiro, Pablo teria optado por pegar o Anel Viário para não ser visto com a garota de programa, já que sua namorada morava na Nove de Julho, próximo à Recreativa.

Segundo o réu, naquela época, somente ele e mais uma ou duas pessoas tinham uma Pajero na cidade e, portanto, ele seria facilmente reconhecido.

O empresário relatou que entrou pela avenida Adelmo Perdizza e, na avenida Caramuru, Nicole segurou na direção, tentando pegar uma entrada para o Parque Ribeirão Preto.

De acordo com Pablo, ele disse que não entraria naquela rua, porque tinha que acordar cedo no dia seguinte. "Eu trabalho o dia inteiro, você só trabalha à noite", teria dito.

Nicole teria ficado ofendida e pedido para o empresário parar o caro. Em seguida, ela teria descido da caminhonete e ele teria arrancado e saído em alta velocidade.

Pablo alega que a Pajero tinha subwoofer (alto-falante para a reprodução de frequências baixas) e que a música estava muito alta, o que o impossibilitava de ouvir qualquer som fora da caminhonete.

Apenas dois quilômetros depois, na altura do número 3402 da avenida Caramuru, Pablo percebeu que havia algo errado com a Pajero e parou o veículo para ver o que ocorria. "Eu estava sete quarteirões de casa. Confesso que nem reconheci a moça. Fiquei apavorado. Eu parecia uma criança de 3 anos. Estava morrendo de medo. Tentei parar uns carros que vinham na pista contrária, mas ninguém parou. Fiquei desesperado. Soltei a mão da moça [que estava enroscada no cinto], entrei no carro e fui para casa", narrou.

Pablo afirmou que, ao chegar em casa, contou o que havia acontecido para a mãe, tomou um calmante e foi levado para o apartamento da irmã. Na segunda-feira, ele se apresentou à polícia na presença do então advogado, Said Halah. "Não percebi, não vi. Não tive condições de fazer nada", declarou.

O empresário também admitiu que, antes da morte de Nicole, já havia sido processado pelo atropelamento de uma pessoa em 1992. Ele estava alcoolizado no momento do acidente, mas acabou sendo absolvido. 



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