Zona Norte de Ribeirão tem lixão a céu aberto a 100 metros de horta

09/10/2015 14:31:00

Weber Sian / A Cidade
Terreno no Avelino Palma virou ponto de descarte irregular de lixo: de entulho a bicho morto (Foto: Weber Sian / A Cidade)

Um cenário dividido entre alface e pneus velhos. Couve e animais mortos. Rúcula, almeirão, agrião e chicória disputam espaço com entulho, móveis descartados e embalagens vazias de alimentos e bebidas, fora lixo orgânico de todas as espécies.

Quem passa pela avenida General Euclides Figueiredo, no bairro Avelino Palma, zona Norte de Ribeirão Preto, se depara com cenas antagônicas nos terrenos que a margeiam.

Ao passo em que é possível ver uma horta bem cuidada em um solo fértil para abastecer um comércio local, em poucos metros se depara com o flagrante descaso da população e do poder público: um verdadeiro lixão a céu aberto em três pontos distintos da via.

O eletricista Douglas de Oliveira, 50 anos, ajuda o primo, dono da horta, a cuidar da plantação há três anos. E culpa, pelo acúmulo de lixo em local inapropriado, a deficiência de uma coleta regular por meio da Administração municipal.

“A Prefeitura fazia a coleta aqui até cinco meses atrás, mas nenhum caminhão aparece faz tempo”, denuncia.

Oliveira, entretanto, também sabe que falta conscientização da população. “A prefeitura até fazia a parte dela, mas horas depois que eles limpavam aparecia gente aí para jogar de tudo. Lixo, cachorro morto, resto de comida”, relata.

O autônomo Jessé Arantes, 58 anos, aproveita o “lixão” de outra forma. Construindo sua casa no bairro Quintino Facci 2, ele aproveita restos de obras jogados na área para procurar por material que pode ser reaproveitado.

“Sempre acho tijolos, mangueiras, ferragens. E acabo levando. Como sempre passo por aqui, vira e mexe acho coisas que posso usar”, conta.

Lixo ‘invasor’

Ter de passar pelo local todos os dias entre o trabalho e a residência, entretanto, não é tarefa das mais fáceis. Arantes faz o rotineiro caminho em cima de uma bicicleta, onde transporta tudo o que consegue coletar. “Mas tem cada dia mais lixo e está invadindo a ‘estradinha’. Aí fica difícil até de a gente passar”.

Segundo o autônomo, os moradores dos bairros vizinhos já acionaram o Executivo para tentar providências. “Aqui não tem hora. De manhã, de noite, o dia todo vem gente jogar lixo. O pessoal do bairro já cansou de ligar para a prefeitura, mas faz muito tempo que não vem ninguém.” 

Milena Aurea / A Cidade
Em outro espaço da mesma avenida, terreno dá lugar a cultivo de saborosas hortaliças (Foto: Milena Aurea / A Cidade)

Prefeitura diz que limpou área há três semanas

Por meio da assessoria de imprensa, a Prefeitura de Ribeirão informou que equipes da Coordenadoria de Limpeza Urbana (CLU) retiraram entulho do local há três semana. Mas ressaltou: “a população insiste em fazer o descarte irregular constantemente”.

O departamento responsável pela limpeza se comprometeu a colocar a área novamente na programação.

Segundo a administração, “como o descarte acontece, na maioria das vezes à noite, fica difícil fazer o flagrante”. A ajuda da população é importante. “Os moradores podem denunciar a irregularidade pelo Serviço de Atendimento ao Munícipe pelo telefone 156.”

Lixão está à beira de estação de água do Daerp

O local da avenida General Euclides Figueiredo que apresenta mais acúmulo de lixo fica ao lado de uma estação de tratamento de água do Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto), autarquia ligada à Administração municipal.

Mesmo com o problema, a assessoria de comunicação, por meio de nota, informou oficialmente que o lixo não causa transtornos para o conservação, tanto do local, quanto da água que passa pela região.

“A área do Reservatório do Daerp está limpa, até porque estamos realizando melhorias de estruturas nos equipamentos do local”, resumiu.

Arte / A Cidade



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