Insegurança de servidores do Daerp será alvo de inquérito

30/07/2015 10:16:00

Promotor diz que é absurdo órgão público não cumprir as normas de proteção à vida dos funcionários

Reprodução / Facebook Daerp - 19.jun.2015
Máquina está com motorista dentro, indicando ação simultânea, sendo que deveria estar distante. Ausência de contenção no muro (foto: Reprodução / Facebook Daerp - 19.jun.2015)

A ausência de segurança nos trabalhos do Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto) será investigada pelo Ministério Público e Câmara Municipal. Para o promotor de Justiça Sebastião Sérgio da Silveira, que determinou ontem a abertura de inquérito civil, a situação é “absurda”.

Na edição desta quarta-feira, o A Cidade trouxe o alerta de quatro especialistas apontando que os servidores da autarquia correm o risco iminente de acidentes, inclusive fatais, devido ao não cumprimento de normas previstas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

A situação mais grave ocorre na abertura de valas para reparos da rede de água e esgoto. Imagens postadas pela própria autarquia nas redes sociais mostram servidores em buracos com profundidade superior a 1,75 metros sem proteção nas laterais, para evitar soterramento.

Além disso, eles não utilizam itens básicos de proteção, como capacetes, e as máquinas não ficam à distância segura dos funcionários.“É absurdo um órgão público não cumprir as normas de proteção à vida e saúde de seus empregados”, afirmou Sebastião, que irá exigir esclarecimentos da direção do Daerp.

Câmara
A situação também preocupou o vereador Bertinho Scandiuzzi (PSDB), presidente da Comissão Especial de Estudos (CEE) que analisa a gestão da autarquia.

“Como pode o Daerp deixar a situação chegar a esse ponto, colocando em risco a vida de funcionários”, questionou o tucano.

Na próxima terça-feira (4), a CEE irá ouvir o superintendente do Daerp, Marco Antônio dos Santos, sobre a falta de segurança.

O presidente do sindicato dos servidores municipais, Wagner Rodrigues, também será convidado.
Ao A Cidade, ele afirmou que recebe muitas denúncias de servidores. “O Daerp não sabe nem onde estão as tubulações de gás encanado no município, que podem ser atingidas em uma escavação. Falta um maior diálogo entre a Secretaria de Obras e autarquia em orientações desse sentido, por exemplo”. 

Serviços serão padronizados

Em janeiro deste ano, o Daerp contratou, por meio de licitação, a empresa “Hoperações Consultoria e Assessoria em Planejamento” por R$ 361 mil para realizar a padronização dos serviços da autarquia.

Os estudos, que ainda estão em andamento, irão criar um “modus operandi” para os serviços operacionais, como troca de bombas dos poços artesianos e reparo das redes.

Atualmente, a maioria dos serviços leva em consideração a memória e experiência dos servidores.

A falta de padronização faz com que ocorram incidentes como estouro de canos ao ligar um poço esquecendo a válvula fechada a, até, troca de bombas com suspeita de queima, sendo que o problema era no painel elétrico, conforme o A Cidade mostrou em outubro de 2013.

Segundo a assessoria de imprensa do Daerp, a padronização trará a “melhoria na qualidade dos serviços operacionais e de segurança”.

A direção da autarquia diz que será a primeira vez que ela, em toda a sua história, terá a padronização completa de seus serviços.

Em nota enviada à imprensa, o Daerp também ressaltou que segue as normas de segurança do Ministério do Trabalho, que possui equipamentos de segurança com certificação e orienta os servidores a utilizá-los. A autarquia informou não ter conhecimento oficial da abertura de inquérito pelo MP.



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