Falta de aparelho impede alta de idoso em hospital de Ribeirão Preto

07/07/2015 10:01:00

Antônio Luciano de Oliveira, 97 anos, está liberado para continuar seu tratamento em casa, mas há uma dívida no caminho

Matheus Urenha / A Cidade
Antônia Lídia de Oliveira Costa, 60, mostra o pedido de oxigenoterapia domiciliar para o pai de 97 anos: ‘‘A Saúde está sem saúde’ (foto: Matheus Urenha / A Cidade)

O idoso Antônio Luciano de Oliveira, de 97 anos, já poderia ter recebido alta do Hospital Estadual de Ribeirão Preto, onde está internado em razão de problemas respiratórios, mas terá de permanecer hospitalizado até que a Prefeitura disponibilize um concentrador de oxigênio para ele dar continuidade ao tratamento em casa.

A família do idoso alega que formalizou o pedido para adquirir o equipamento sem custo, mas foi informada de que o aparelho estava em falta em razão de uma dívida da Administração municipal com a empresa Air Liquide, fornecedora do produto.

A filha do idoso, Antônia Lídia de Oliveira Costa, 60 anos, conta que seu pai tem enfisema pulmonar e começou a passar mal no dia 10 de junho. Ele foi levado à UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde) e diagnosticado com pneumonia. Como não havia vaga para internação, o paciente voltou para casa e passou uma semana tomando antibiótico.

Após o tratamento, ele continuou debilitado e retornou à unidade de saúde. De lá, o idoso foi encaminhado para o Hospital das Clínicas e, depois, transferido para o Hospital Estadual.

No dia 27, "seu" Antônio recebeu alta, mas, ao chegar em casa, teve dificuldade para dormir por falta de ar. Ele conseguiu, então, uma consulta com um pneumologista e foi novamente internado no Hospital Estadual.

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, o paciente está dependendo do concentrador de oxigênio para ser liberado. "A Saúde está sem saúde. Ele está ocupando a vaga de alguém que está precisando de um leito", lamenta Antônia. 

Aluguel

O neto do idoso, Carlos César Aparecido Macedo, 45 anos, afirma que o aluguel do equipamento custa R$ 320 por mês e que essa despesa comprometeria o orçamento da família. "Não temos condições de alugar. Já gastamos muito com remédios", destaca.

A diarista Aline Cristina Reis de Araújo, 25 anos, também teve problemas com o fornecimento do aparelho. Sua mãe, Edina Chaves Reis de Araújo, 52 anos, sofreu um acidente vascular cerebral em janeiro e, há três meses, foi acometida por uma pneumonia e infecção de urina, precisando ser internada no HC.

"Minha mãe foi medicada e disseram que ela poderia ir para casa, desde que tivesse um concentrador de oxigênio, ou seria enviada para um hospital de retaguarda em Araraquara. Por ser longe, preferi alugar o aparelho", relata Aline. 

Dívida estaria em negociação

A prefeitura admitiu a falta de pagamento para a Air Liquide, mas não informou o valor devido. "A Prefeitura de Ribeirão Preto reafirma que está em tratativas com a empresa para que a questão seja resolvida o mais breve possível", assegurou em nota.

A empresa, por meio de sua assessoria de imprensa, ressaltou que a dívida está em negociação e que não interrompeu a prestação do serviço hospitalar. Segundo a fornecedora, todos os pacientes serão atendidos.

A advogada Rogéria Shimura, coordenadora da Comissão do Direito do Idoso da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Ribeirão Preto, explica que é possível ajuizar uma ação judicial para requerer o aparelho gratuitamente.

Para isso, a pessoa deve se dirigir a uma delegacia e registrar um boletim de ocorrência. O próximo passo é contratar um advogado ou procurar a Defensoria Pública. "É importante ter uma documentação que comprove que o Poder Público não está prestando o atendimento necessário", esclarece.



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