Abelha sem ferrão é nova atração no Zoo

25/06/2015 10:57:00

Bosque implanta viveiro de insetos para reforçar a polinização das plantas. Visitante pode tocar nas abelhas

F.L. Pinton/A Cidade
O estudante Murilo Frutuoso e os colegas da escola municipal José Delibo foram os primeiros a conhecer o meliponário (Foto: F.L. Piton/A Cidade) 

O Bosque e Zoológico Fábio Barreto ganhou ontem um meliponário (viveiro de abelhas nativas sem ferrão) para intensificar a polinização das plantas. Quem passar pelo local poderá ver e tocar, sem medo, quatro espécies do inseto. São elas: Uruçu-Aramela, Iraí, Mandaçaia e Jataí.

O professor de biologia Osmar Malaspina, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), explica que, além de produzirem mel, as abelhas são imprescindíveis para a manutenção da biodiversidade. Isso porque elas realizam a polinização, que é a transferência do pólen de uma flor para outra, permitindo a reprodução das plantas.

“Para a produção de hortaliças, como pimentão, berinjela, morango, pepino, melancia e melão, essas abelhas são extremamente importantes. Elas dão mais variabilidade, quantidade e qualidade a esses produtos”, afirma.

Malaspina conta que existem 20 mil espécies de abelhas no mundo e, pelo menos, 3 mil no Brasil. As abelhas sem ferrão se reúnem em colmeias com, no máximo, 5 mil indivíduos e produzem de 500 a 4 mil mililitros de mel por ano, diferentemente das abelhas com ferrão, cujas colmeias chegam a 50 mil indivíduos, e produzem cerca de 20 quilos de mel por ano.

Segundo o chefe do bosque, Alexandre Gouvêa, o mel produzido pelas abelhas meliponini será utilizado para alimentar os animais do zoológico. “Além disso, as crianças vão ter a oportunidade de tocar nas abelhas. É uma experiência diferente, já que na escola, a gente aprende por meio de fotos”, destaca.

O meliponário agradou aos alunos da escola municipal José Delibo. “Aprendi muitas coisas sobre as abelhas. Nunca tinha tido a curiosidade de pesquisar sobre elas”, comenta Murilo Fruttuoso, 12 anos.

A estudante Vitória de Marco, 13 anos, conta que não sabia da existência das abelhas sem ferrão. “Achei bem interessante. Vou trazer a minha mãe”, diz.

O viveiro também chamou a atenção de Taís Prudêncio, 12, e Caio Leandro, 13. “Gostei, porque elas ficam soltas e não machucam”, observa Taís. “Acho que isso vai ajudar na escola”, pondera Caio.

Para o secretário do Meio Ambiente, Daniel Gobbi, o meliponário vai permitir que os alunos entendam a importância das abelhas na cadeia alimentar. “Sem elas, os outros seres vivos não teriam alimentos”, ressalta.

Multinacional fez doação de 16 mil abelhas

O meliponário do bosque é resultado de uma parceria entre a Secretaria do Meio Ambiente de Ribeirão Preto e a Syngenta, empresa especializada em sementes e produtos químicos voltados para o agronegócio. A multinacional doou as mais de 16 mil abelhas, distribuídas em oito colmeias, duas para cada espécie, buscando desenvolver uma agricultura sustentável.

“Temos o objetivo de promover o incremento da biodiversidade em, pelo menos, 5 milhões de hectares ao redor do mundo e a gente identificou nessas abelhas sem ferrão nativas do Brasil uma oportunidade muito grande de materializarmos isso”, frisa o gerente de segurança de produto, Luiz Dinnouti.

De acordo com o professor Malaspina, somente o grupo de abelhas sem ferrão poliniza até 90% das árvores nativas do Brasil. “Se a gente fosse pagar o serviço que as abelhas prestam para a gente em termos de produção de alimentos, teríamos que depositar € 150 bilhões por ano na conta delas”, salienta.

Arte/A Cidade

 



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