Gasto do SUS com vítimas de trânsito quase dobra

29/07/2014 07:20:00

Valor em internações saltou de R$ 195 mil para R$ 386 mil, nos cinco primeiros meses do ano

Deivide Leme/Tribuna Impressa
Sérgio passa os dias em casa e à base de remédios (Deivide Leme/Tribuna Impressa)

Os acidentes de trânsito engrossam estatísticas de mortos e feridos, além de mobilizar autoridades a tomarem providências para minimizar os casos. No entanto, há um grande impacto financeiro para o tratamento hospitalar dessas vítimas.

Apenas nos cinco primeiros meses de 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou R$ 386.302,75 em 158 internações de acidentados em Araraquara. O valor é 97,94% maior que o aplicado no mesmo período do ano passado, equivalente a R$ 195.161,14.

O levantamento foi feito pela reportagem com base nas informações disponíveis no sistema DataSUS, do Ministério da Saúde.

Para especialistas, o aumento é explicado pelo também crescente número de acidentes e vítimas. “Nos prendemos aos dados de mortandade e, muitas vezes, nem imaginamos quantas pessoas ficam dias nos hospitais e depois precisam reaprender a viver com as sequelas. O tratamento é sempre caro e doloroso”, aponta

Eduardo Biavatti, especialista em segurança no trânsito.
O tempo de ocupação de um leito hospitalar também aumentou entre 2013 e 2014. De 6,9 dias, passou para 7,2. O valor médio gasto na internação também sofreu alta, passando de R$ 1.711,94 para R$ 2.444,95.

“Esses dados revelam apenas a ponta do iceberg, pois pouco mais de 50% da população araraquarense usa planos de saúde. Então, sequer entrou nessa lista. E isso ajuda a aumentar o preço do plano, pois o custo das operações é dividido entre os associados”, explica
Rodolpho Telarolli Júnior, sanitarista e especialista em medicina de tráfego.

Para os especialistas, se não houver uma grande mudança no trânsito, as consequências podem ser ainda piores, e os gastos, maiores.

“É preciso analisar que grupo está causando mais acidentes e trabalhar com foco”, diz Biavatti.

“O ônus é grande ao SUS, aos planos de saúde e à Previdência Social, pois os afastamentos também oneram os cofres. Corremos um risco de, no ano que vem, falarmos de valores ainda mais altos”, pontua o médico sanitarista.

Sentiu na pele
Na madrugada de 12 de abril, Sérgio Trostdorf, de 51 anos, foi mais uma das vítimas que passaram por essa situação. Ele trafegava pela rua Nove de Julho, com uma motocicleta, quando foi atingido em cheio por um carro em alta velocidade.

O motorista, um jovem de 20 anos, segundo o boletim de ocorrência, estava em alta velocidade e havia ingerido bebida alcoólica.
Trostdorf foi socorrido em estado grave com fraturas nos braços e pernas, necessitando de cirurgia. Ele ficou internado 82 dias, recebendo alta apenas no último dia 2. “Minha sorte é que eu tinha o plano de saúde, pois, se eu precisasse custear tudo, seria impossível. Isso sem contar o que estou gastando com medicamentos”, disse.

Ele ainda deverá passar por outra cirurgia na perna direita, que ficou dois centímetros menor que a esquerda. “Só penso na minha reabilitação, pois peguei um ano de afastamento e não consigo ficar parado. Quero paz, saúde e que minha vida seja como antes”, conclui.

A reportagem completa você confere na Tribuna Impressa desta terça-feira (29). 



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