MP pede indenização de quase R$ 40 mil a médico que participou de trote com teor machista em Franca

22/06/2019 10:25:00

Promotor diz que juramento entoado por calouras, em fevereiro, ofendeu incontáveis mulheres

Em ação civil ajuizada contra um médico que participou de um trote considerado de cunho machista e sexista, o Ministério Público de Franca pediu uma indenização de 40 salários mínimos, ou R$ 39.920, como reparação de danos morais coletivos.  

Segundo o promotor Paulo César Corrêa Borges, o juramento entoado pelo médico e que os calouros foram obrigados a repetir tem conteúdo machista, misógino e preconceituoso, e que "o discurso ofendeu incontáveis mulheres".  

O caso aconteceu durante a recepção dos novos alunos de medicina da Unifran, em fevereiro deste ano.  

Vídeos com cenas do trote foram publicados em redes sociais na internet e causaram polêmica. Nas imagens, as novas alunas do curso de medicina estão ajoelhadas e repetem a fala de Braia, que surge como uma espécie de juramentador.  

"Juro, solenemente, nunca recusar a uma tentativa de coito de um veterano ou de uma veterana, mesmo que eles cheirem a cecê vencido e elas a perfume barato", diz o médico, seguido pelas estudantes.  

Em outro áudio divulgado, um grupo de calouros também é incitado a fazer outro juramento: "(...) e prometo usar, manipular e abusar de todas as dentistas e fazer [inaudível] que tiver oportunidade, sem nunca ligar no dia seguinte".  

Na época, a Associação Atlética Acadêmica Doutor Ismael Alonso Y Alonso e o Núcleo de Apoio Escutamos, Lutamos e Acolhemos informaram que não são responsáveis e não atuaram como organizadoras do trote.  

A Unifran informou que abriu uma sindicância para apuração dos fatos. A universidade disse que os alunos envolvidos seriam penalizados, conforme previsto no Regimento Geral. O resultado do processo investigatório ainda não foi divulgado pela instituição.  

A defesa do médico informou que ainda não foi notificada sobre a ação, mas justificou que o ele já se prontificou a fazer uma retratação, porque em nenhum momento teve a intenção de ofender as calouras ou as mulheres de forma geral.  

O caso segue na 3ª Vara Cível de Franca. O juiz Humberto Rocha ainda não se manifestou sobre o pedido do MP.  

(Com informações do G1 Ribeirão Preto e Franca)
 
 

Veteranos e calouros participam de trote em Franca (Reprodução EPTV)





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