Música ajuda a tratar problemas e a desenvolver habilidades

24/09/2018 08:41:00

No trabalho terapêutico se pode resgatar a memória, aliviar a ansiedade, estimular a comunicação, aliviar dores e reduzir o grau de estresse

"Tanto na execução da música, quanto apenas ao ouvi-la, várias regiões do cérebro são ativadas", explica a musicoterapeuta Roberta Paciência (foto: Matheus Urenha / A Cidade)
 
A música está quase sempre relacionada a uma forma de entretenimento, nas mais diversas ocasiões. Seja em uma festa, um momento de romance, em uma atividade de relaxamento, durante um exercício ou mesmo para dormir. Mas ela pode ser uma grande aliada no tratamento de doenças e desenvolver habilidades no ser humano e melhorar o desempenho das capacidades cognitivas.  

A musicoterapia utiliza a música para melhorar sintomas físicos e emocionais, e trazer qualidade de vida aos pacientes. No trabalho terapêutico se pode resgatar a memória, aliviar a ansiedade, estimular a comunicação, aliviar dores e reduzir o grau de estresse, entre outros objetivos.  

"Quando escutamos a música, uma parte do cérebro chamada ínsula (que funciona como uma espécie de intérprete do cérebro ao traduzir sons, emoções e sentimentos) libera emoções e sentimentos, nos tornando capazes de sentir e recordar sensações já vivenciadas, sejam prazerosas ou não. Tanto na execução da música, quanto apenas ao ouvi-la, várias regiões do cérebro são ativadas", explica a musicoterapeuta Roberta Paciência (foto ao lado), que trabalha com crianças autistas.  

A musicoterapia trabalha com elementos musicais como sons, melodias, harmonias, ritmos e músicas do próprio repertório do paciente no sentido de promover o bem-estar. "Com crianças autistas, a relação do processo musicoterapêutico é estruturado. E se vai avaliando a execução da dinâmica musical da criança, como ela explora e toca o instrumento, como interage com ele e o ambiente, como organiza esse processo e sua interação com a musicoterapeuta. Através dessa dinâmica, se trabalham formas para ampliar os níveis de comunicação", detalha. 

Cada problema ou indivíduo requerem a utilização de métodos diferentes  

Na terapia com autistas, essa vivência musical também foca o desenvolvimento de habilidades motoras, sensoriais e cognitivas como a atenção, memória e linguagem. "Há a questão auditiva ao receber o som, a parte tátil ao manusear os instrumentos e a visual ao perceber o ambiente", diz Roberta Paciência.  

Quando utilizada de forma contextualizada, a música se torna um remédio para doenças. Mas Roberta ressalta que apesar da música ser universal e provocar sensações prazerosas, ela pode também proporcionar mal estar e trazer uma resposta negativa. "Se não é feito um levantamento adequado do paciente, uma determinada música que se coloca pode desviar a criança do estímulo e da dinâmica que está sendo aplicada. Daí a importância de conhecer os sons que geram reações positivas para aquele indivíduo e que irá permitir desenvolver habilidades", explica.  

De acordo com o problema, a musicoterapia trabalha abordagens diferentes. "Com a criança autista trabalho a abordagem improvisacional, com o adulto uma musicoterapia analítica. Em cada queixa e indivíduo utilizamos métodos diferentes de acordo com a necessidade do paciente", detalha Roberta. 

Sarah se tornou mais paciente e tolerante Com a musicoterapia

Por meio da musicoterapia, Sarah Akaboci, de 9 anos, conseguiu desenvolver uma melhor organização sensorial, afetiva e emocional. "Ela se tornou mais tolerante e flexível, e aprendeu a lidar melhor com as emoções", descreve Roberta.  

Autista, Sarah frequenta as sessões uma vez por semana, há quase sete anos, e sua mãe Renata Santos Akaboci acredita que a musicoterapia foi a que trouxe mais resultados a sua filha.  

"Quando começamos o tratamento era uma equipe multidisciplinar, e de todas as terapias, acredito que é a mais completa por trabalhar o sensorial e o psicológico. Promoveu uma melhora na parte pedagógica, fez a Sarah criar gosto pela música, melhorou o comportamento e a tornou mais paciente", relata.  

Renata afirma que a filha gosta de frequentar a terapia e se sente à vontade. "A música serve como um meio de transporte para a Sarah, por ela não ser verbal, é um forma dela receber o estímulo e de expressar seus sentimentos. Percebemos através dos gestos que está feliz", finaliza.  
   

Música ajuda a tratar diversos problemas (foto: pixxabay)

Veja o que mais a música traz como benefício 

- ESTIMULA O MOVIMENTO
Estudos sugerem que a música pode reforçar a prática de atividade física, servindo como motivação e disfarçando a sensação de fadiga.  

- LEVA AO AUTOCONHECIMENTO
Ao ouvir música a pessoa descobre emoções e sentimentos que ela promove.  

- COLABORA NO SONO
Sons mais suaves e lentos podem ajudar a pessoa a se desligar das preocupações e facilitar que ela durma.  

- FACILITA A COMUNICAÇÃO
Muitas pessoas conseguem revelar sentimentos e se expressar através da música.  

- REDUZ O ESTRESSE
Ouvir música pode provocar queda dos níveis de cortisol no organismo, que quando alto provoca ansiedade.  

- AUXILIA NO APRENDIZADO
Pode ser usada em atividades pedagógicas com o auxílio na aprendizagem, na comunicação e na linguagem.  

- ESTIMULA A MEMÓRIA
Por ativar conexões cerebrais, a música pode fortalecer a memória, aumentar a capacidade cognitiva e o raciocínio lógico.  

- PODE ALIVIAR DORES
Alivia desconfortos, já que age como estímulo em competição com a dor.  

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