A cada mês, uma pessoa morre em acidente de trabalho em Araraquara

21/10/2014 07:25:00

Na semana passada, em menos de 24 horas, duas graves ocorrências deixaram um morto e dois feridos na cidade

Daiane Bombarda/Tribuna Impressa
 Bombeiros resgatam trabalhador que caiu de andaime (Daiane Bombarda/Tribuna Impressa)

De acordo dados do Cerest (Centro de Referência da Saúde do Trabalhador) de Araraquara, nove pessoas já morreram em decorrência de acidentes de trabalho, no período de janeiro a agosto deste ano. Este número é 50% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, quando seis trabalhadores perderam a vida na cidade.

Os números gerais de acidentes no trabalho, no entanto, diminuíram quase 12% (veja no infográfico), mas o assunto vem à tona após dois casos de graves acidentes em ambiente de trabalho registrados em Araraquara em menos de 24 horas, na semana passada. Uma pessoa morreu e outras duas ficaram feridas.

Segundo Milton Bolini, auditor e gerente regional do Trabalho e Emprego em Araraquara, os casos ainda ocorrem por conta dos empregadores que não cumprem as normas de segurança, bem como dos funcionários que têm confiança excessiva no ambiente de trabalho.

“Na construção civil, por exemplo, há poucos cuidados, profissionais sem experiência, ou qualificação, que acham que nada pode acontecer. Mas uma parede cai e pode matar uma pessoa. Fazemos fiscalizações semanais”, explica Bolini.

Procedimento
Nos casos em que o acidente já ocorreu, Bolini explica que há rápida ação da Gerência Regional do Trabalho e Emprego.

“Fazemos toda investigação e a penalidade é pesada, seguindo o caso até ao Ministério Público do Trabalho e pedindo a correção das irregularidades. Claro que nosso objetivo também é atuar de forma preventiva, antes das tragédias.”

“A empresa que segue as normas demonstra preocupação com seu maior patrimônio, que são seus trabalhadores”, completa a técnica de Segurança do Trabalho Marília Fernanda Soares.

E Bolini aponta evolução nesse sentido. “Já chegamos a ficar dois anos sem registro de mortes em trabalho. Os sindicatos estão mobilizados para isso com cursos para qualificar a mão de obra e evitar acidentes”, diz.

O desafio, para Bolini, está na ampliação de seu efetivo para intensificar as fiscalizações. Hoje, são seis auditores nas ruas e dois internos para cobrir Araraquara e outras 18 cidades, o equivalente a 280 mil trabalhadores. “O ideal seria contarmos com 18 ou 20 profissionais.”

Cidade registrou dois casos graves em 24h
Na tarde da última quarta-feira, dia 15, um ajudante geral de 42 anos morreu após ser prensado entre uma carreta e uma empilhadeira em uma empresa de embalagens no 3° Distrito Industrial de Araraquara.

No dia seguinte, pela manhã, dois homens ficaram feridos após caírem de um andaime no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), no Jardim dos Manacás. O cinto de um deles se soltou, que caiu sobre o outro, que estava mais embaixo.

A técnica em Segurança do Trabalho Marília Fernanda Soares diz que ainda há muita resistência por parte de empresas e funcionários a adequarem-se às normas de segurança.

“Algumas empresas acham desperdício de dinheiro ter um profissional dessa área e creem que nunca vão sofrer com um acidente. Os riscos são muitos dentro do cotidiano das empresas”, finaliza. 



    Mais Conteúdo