Torcida do Botafogo no estádio Santa Cruz (foto: F.L.Piton / A Cidade)

Mistério e ansiedade tomam conta da partida entre Botafogo e ABC (RN), hoje, às 19h, no estádio Santa Cruz, pelas quartas de final da Série C do Brasileiro. Esse mistério é quase exclusivo por parte do Botafogo, já que o técnico Márcio Fernandes fechou os treinos durante toda a semana, pouco falou com a imprensa, e não deu detalhes sobre qual o time que levará a campo nos primeiros 90 minutos de uma decisão de 180 minutos pelo acesso à Série B do Brasileiro.

No ABC, o técnico Geninho deixou os treinos abertos, inclusive ontem à tarde, no estádio Palma Travassos, em Ribeirão Preto, e esboçou a equipe titular.

O duelo marca a chance do Pantera disputar a Série B de 2017, após 15 anos, fato que deixa os tricolores e o presidente botafoguense Gerson Engracia Garcia na expectativa. A última vez que o Tricolor participou da Segunda Divisão do Brasileiro, foi em 2002, quando acabou rebaixado.

“Dá até frio na barriga. Não dá para separar o presidente do torcedor, é uma coisa só. Uma mistura de ansiedade com responsabilidade”, destacou o presidente, que em 2015 levou o clube ao título nacional da Série D.

Fernandes x Geninho

O fato de Geninho deixar os treinos abertos não animou Márcio Fernandes. “Existem duas formas de encarar. Pode ser que ele abriu para passar algo que não vá fazer. O Geninho é malandro, experiente. E pode ser que seja verdade”, minimizou o técnico.

Geninho se mostra mais preocupado. “Temos que tentar fazer um bom resultado. Talvez com gols, pois agora o critério de desempate fica parecido com o da Copa do Brasil”, lembrou, sobre o gol qualificado. 

Paixão na arquibancada

Quinze anos se passaram desde a semifinal do Paulistão diante da Ponte Preta. Na época, o estádio Santa Cruz estava tomado de vermelho, branco e preto, com 32.407 pagantes registrados em borderô. O público da noite de hoje contra o ABC (RN), às 19h, pelo primeiro jogo do mata-mata de acesso à Série B do Brasileiro, não irá superar o da decisão de 2001, mas a paixão envolvida em cada torcedor será semelhante - ou até maior.

Com o apoio do projeto “Futebol Sustentável” da FPF (Federação Paulista de Futebol), que comprou 25 mil ingressos por R$ 5 e fez a distribuição por completo em trocas de garrafas pets, o Santão baterá o recorde de público dos últimos tempos em jogo de torcida única, sem a presença de clubes grandes do Estado.

Vinte e cinco mil vozes estarão gritando para empurrar o Tricolor na busca de uma vitória que dê tranquilidade para decidir o acesso no jogo da volta, em Natal. Hoje, os portões do estádio serão abertos às 17h e a diretoria pede para que o torcedor chegue cedo ao estádio, evitando congestionamento nas avenidas e filas nas entradas do estádio.

“Será um público excepcional e motivo de orgulho. Pena que a capacidade do estádio foi diminuída [de 60.000 para 29.240] e não podemos colocar mais torcedores”, comentou o presidente do Bota, Gerson Engracia Garcia, que espera ver uma noite histórica. Por motivos de segurança, o Botafogo é obrigado a deixar dois mil lugares vagos, o que limita o público a 27.240.

Contando as horas

A torcida botafoguense não vê a hora de ouvir o hino do clube na entrada do time em campo e com a arquibancada lotada. “A ansiedade fica a mil. Estamos resgatando o futebol em Ribeirão Preto e vamos tremer o ‘caldeirão’. Temos que sair com a vitória”, comentou o auditor Marcelo da Silva.

“A pausa de uma semana [até o jogo das quartas de final] serviu para aumentar a ansiedade e para unir a torcida botafoguense, que vai ocupar a capacidade máxima atual do estádio. O Santão vai pulsar”, disse o advogado

Tiago Tibério. “Estou contando as horas para ver o Gigante de Santa Cruz lotado”, completou o dentista Flávio Eduardo Evangelista.