Tem candidato que já gastou bem mais do que arrecadou

12/09/2014 10:20:00

Mesmo com arrecadação baixa, candidatos mantêm campanhas de rua

Matheus Urenha / A Cidade
Ricardo Silva, um dos candidatos que estão no vermelho, faz campanha de rua no Centro de Ribeirão (Foto: Matheus Urenha / A Cidade)

Um dos desafios das famílias brasileiras é fechar o mês no chamado ‘azul’, ou seja, equiparar a renda com os gastos. Na eleição a situação não é diferente. Ocorre que candidatos, partidos e coligações não têm a possibilidade de fechar o balanço definitivo da campanha no ‘vermelho’.

Dos 27 candidatos a deputado estadual e federal com domicílio eleitoral em Ribeirão Preto, um a cada quatro fechou o segundo balanço parcial devendo. A situação precisa ser revertida até a prestação final, em 4 de novembro, mas a campanha não pode parar.

Segundo os números entregues ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Baleia Rossi (PMDB), Rodrigo Simões (PP) e Ricardo Silva (PDT), que buscam vaga na Câmara Federal, estão devendo. João Gandini (PSB), Samuel Zanferdini (PMDB), Leo Oliveira (PMDB) e Rafael Silva (PDT), que pleiteiam cadeiras na Assembleia Legislativa, também estão no ‘vermelho’.

Luiz Carlos Bento (PSB), candidato a deputado federal, perdeu o prazo da segunda prestação (até 2 de setembro). O TSE também mostra que três candidatos não gastaram nada e outros seis arrecadaram menos de R$ 10 mil.

Campeão

O déficit ‘campeão’ entre os candidatos de Ribeirão Preto é o do vereador Léo Oliveira, que arrecadou
R$ 75.900 e gastou R$ 148.792 – ficou devendo R$ 72.892. Procurado, Léo Oliveira pediu para entrar em contato com o pessoal que administra a campanha dele.

O staff da campanha explicou que no dia 6 de setembro ocorreu uma entrada importante de recursos e por isso o déficit caiu pela metade. A campanha do vereador garantiu que no dia do balanço final o saldo estará zerado.

Campanha não vai parar

Vereador e postulante a uma vaga na Assembleia, Ricardo Silva garante que ele e o pai, o deputado estadual que busca a reeleição Rafael Silva, vão fechar o balanço no azul. “Temos dificuldade para obter recursos até pelas nossas posições políticas. Mas a campanha não pode parar”, disse. Ele gastou R$ 7.866 a mais do arrecadado – o pai dele R$ 18.960.

O vereador Rodrigo Simões, que tenta vaga na Câmara Federal, foi outro que afirmou que vai fechar a conta no azul – tem déficit de R$ 8.221. Fechando a lista dos ‘devedores’ temos João Gandini (R$ 21.170), Samuel Zanferdini (R$ 2.384), concorrentes à Alesp, e Baleia Rossi (R$ 31.009), que tenta cadeira na Câmara.

Recorde

Candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, arrecadou 11% do valor gasto até agora na campanha. O petista declarou ter arrecadado R$ 4 milhões para um gasto de R$ 35 milhões – está devendo R$ 31 milhões.

ANÁLISE
Dívida pode ser assumida pelo partido

“É essencial para aferição dos gastos de campanha a correta prestação de contas. Nela é possível ver quanto os candidatos gastam, de quem e quanto arrecadam. É a transparência benquista pelos cidadãos. Em 2014, os candidatos devem prestar as contas, de maneira parcial, em duas datas limites: 2/8 e 2/9. A prestação final deve ser apresentada até quatro de novembro. Quem não apresentar suas contas em dia, estará sujeito a não ser diplomado, mesmo que assegure a vitória nas urnas. Mesmo o não eleito, ficará sem quitação eleitoral e não poderá disputar novas eleições. Os candidatos durante a campanha até podem gastar mais do que arrecadam, todavia, tem a data-limite da prestação final para fechar a conta no azul. Ainda existe a possibilidade do partido político [direção nacional] assumir a dívida de campanha”.

Luiz Eugenio Scarpino Jr.
Advogado e Coordenador da Comissão de Direito Eleitoral da 12ª Subseção da OAB – Ribeirão Preto



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