Proposta de identificação de carros tem resistência entre os vereadores

10/02/2017 09:00:00

Apresentado por quatro novatos, projeto é considerado 'exagerado' pelo presidente da Câmara de Ribeirão Preto

Weber Sian / A Cidade
Carro oficial estacionado na Câmara de Ribeirão Preto (foto: Weber Sian / A Cidade)

 

Uma proposta para que os carros oficiais da Câmara de Ribeirão Preto sejam identificados com o brasão do Legislativo e o número do gabinete do vereador usuário já gera resistência entre os parlamentares.

Proposto por quatro vereadores novatos com o argumento da “transparência”, o projeto é considerado “exagerado” pelo presidente da Câmara, vereador Rodrigo Simões (PDT). “Acho desnecessário, estão extrapolando, se apegando a pequenos detalhes. A transparência está nos dados que divulgamos no site da Câmara”, destacou.

Um dos autores do projeto, o vereador Renato Zucoloto (PP) acredita que, com a identificação, a população poderia denunciar até mesmo o mau uso do veículo público. “Se o carro oficial for utilizado com parcimônia e objetivo público não acredito em alegações de que poderia ser depredado”, enfatizou.

Para especialista ouvido pelo A Cidade, apesar de interessante, a proposta tende a ser rejeitada.
Atualmente, a frota do Legislativo segue o padrão dos carros oficiais contendo apenas placas brancas.

“Eu acho que a identificação expõe muito o vereador e os assessores, mas o plenário é soberano na decisão”, emendou Rodrigo.

O projeto está sem parecer da Comissão de Justiça. O relator do projeto na comissão, vereador Marinho Sampaio (PMDB), explicou que a matéria possui erros a serem corrigidos, como a responsabilidade pela regulamentação e pelos gastos. Porém, Marinho também é contrário a identificação.

Autores defendem mais transparência na frota

Três dos quatro vereadores que assinam o projeto de Resolução para identificação dos veículos da Câmara abriram mão de utilizar os carros oficiais. Eles negam que a proposta tenha relação com a decisão pessoal de usar carro próprio. O vereador Adauto Marmita (PR) é o único dos quatro que faz uso do carro oficial e vê com bons olhos a identificação. “A legislatura passada fez muita besteira e essa não tem o que esconder. Temos que mostrar transparência e trabalho. Eu sinto orgulho de representar a Câmara e a população”, frisou Marmita. Segundo o vereador Boni (Rede), que também assina a proposta, a matéria deve ser reapresentada na próxima semana com os equívocos corrigidos. “A Comissão de Justiça nos avisou desses descuidos”, afirmou. O vereador Luciano Mega (PDT) não foi encontrado pela reportagem ontem para comentar o projeto, que também é de sua autoria. Já Renato Zucoloto (PP) ressalta que cobrará a discussão do projeto em plenário. “Se algum vereador não concordar com a identificação dos carros oficiais terá que se posicionar votando em plenário e não usar subterfúgios para não votar”, ressaltou.

Pressão psicológica

Para o consultor político Eduardo Negrão, apesar de interessante, o projeto deve ser rejeitado na Câmara. “A transparência é bem-vinda, mas não acredito que o projeto seja aprovado porque passada a eleição, o agente político quer ser o mais discreto possível e a identificação faz uma pressão psicológica em cima dos vereadores”, avaliou, emendando que “só será ofendido o político que fizer mau uso do veículo público”.

Parecer sem pressa

Marinho Sampaio (PMDB), relator do projeto na Comissão de Justiça, disse que está fazendo um levantamento junto a outros municípios e que não emitirá nenhum parecer “da noite para o dia”. “Da forma como está, o projeto é ilegal. Eu defendo o uso correto do veículo, mas sou contra a identificação porque pode causar transtornos aos vereadores, aos assessores e aos próprios carros. Já tivemos problemas no passado”, diz.  



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