Vereador, a esperança de uma nova política

23/05/2016 14:40:00

Para especialistas, pressão de eleitores pode provocar boas mudanças na conduta dos políticos locais

Weber Sian / A Cidade
O artesão Osman Vinagre Ielpo é um dos poucos que se lembra em quem votou e acompanha passos do vereador (Foto: Weber Sian / A Cidade)

 

Descrente da política, o povo brasileiro faz coro quanto à necessidade de mudanças, que vão desde o número de partidos até as atitudes dos nossos representantes. Numerosos e mais próximos da população, os vereadores são a base para essa mudança na classe política, na opinião de especialistas ouvidos pela reportagem.

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Não basta votar é preciso participar

“[Os vereadores] são mais sensíveis à cobrança e à pressão dos eleitores. É salutar que adotem novas posturas e promovam uma mudança no jeito de fazer política”, ressalta o especialista em administração pública, Marco Aurélio Damião. O que “dificulta” algumas mudanças, para o advogado, é o fato de o sistema político ser organizado por legislação federal.

Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em todo o País, 415 mil pessoas concorreram a uma cadeira de vereador nas eleições de 2012. Só no Estado de São Paulo foram eleitos mais de 6,9 mil vereadores.

Grande parte dos eleitos foi esquecida pelos próprios eleitores. A maioria das pessoas ouvidas pela reportagem não se lembra em quem votou há quatro anos. É o caso da dona de casa Suelen de Oliveira Zamara, de 33 anos, moradora do bairro Ipiranga, zona Oeste. “Não lembro. Me pediram para votar em alguém na época e eu votei. Não costumo acompanhar a política por falta de interesse”, afirmou.

Para o cientista político Maximiliano Martin Vicente, o voto não deve ser visto como uma obrigação, apesar de ser obrigatório, mas como um direito. “Somos responsáveis pelos políticos que temos. O voto é livre no Brasil desde 1989 então, no balanço, eu diria que estamos aprendendo, mas que a população ainda precisa acordar”, frisou.

O artesão Osman Vinagre Ielpo, de 53 anos, morador do Planalto Verde, zona Oeste de Ribeirão, acredita ter acertado em sua escolha há quatro anos. “Confesso que eu não esperava muito, mas acertei na escolha dentro da expectativa que criei. Acompanho o trabalho da Câmara e acho importante para os meus votos futuros”, diz.

Por falar em futuro, a operadora de caixa Silvanete Reis Ramos, de 28 anos, moradora do Orestes Lopes de Camargo, zona Norte, não lembra em quem votou há quatro anos, mas garante que a crise política nacional a tornou mais exigente para as eleições de outubro.

“Em 2012, votei em alguém da igreja atendendo um pedido do meu pai e me arrependi. A crise nacional me fez refletir, porque de certa forma mexeu comigo e com minha família. Além de escolher bem meu candidato, pretendo acompanhar sua atuação”, enfatiza.  

Arte / A Cidade

 

Arte / A Cidade

 

Antes de votar, avalie bem o candidato

Com início no dia 16 de agosto, a propaganda eleitoral gratuita deste ano não contará com blocos de propaganda de vereadores em dias específicos, como foi em 2012. Serão realizadas apenas inserções durante a programação diária, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Por isso, a população deve redobrar a atenção para acertar na escolha, de acordo com o consultor político Helder de Carvalho. “O eleitor deve estar atento se as propostas do candidato são de competência do vereador, são úteis à sociedade, são viáveis e se ele tem possibilidades de realizar as funções inerentes ao cargo”, especifica.

O especialista ainda destaca que o eleitor pode conhecer as propostas dos candidatos pela internet e pelo material que os postulantes disponibilizam, como jornais ou panfletos.

Entretanto, o advogado Marco Aurélio Damião, especialista em Administração Pública, adverte que “a campanha eleitoral pode mascarar as deficiências de caráter e a falta de comprometimento do candidato com as causas sociais e o progresso da cidade”.

“O eleitor também deve considerar a trajetória pessoal e profissional do político, como por exemplo, os sinais exteriores de riqueza desproporcionais a sua condição financeira”, avalia.



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