Pradópolis anula prova de concurso público após fraude

03/07/2015 08:53:00

Uso de celular por candidatos, rasura de provas por fiscais e falta de lacre das folhas de respostas causaram anulação

Matheus Urenha / A Cidade
A candidata Drieli Bianchi ficou revoltada com a anulação da prova, já que diz ter errado apenas duas questões do concurso (foto: Matheus Urenha / A Cidade)

A Prefeitura de Pradópolis anulou o concurso que iria preencher 87 vagas em 49 diferentes funções na administração municipal por suspeita de fraude.

A anulação ocorreu depois de a prefeitura receber três denúncias formais de candidatos que apontaram uma série de irregularidades.

Segundo o decreto de anulação do certame, publicado no último dia 16, fiscais estavam com celular na sala de aplicação da prova e fotografaram e rasuraram provas. Alguns candidatos também utilizaram o telefone durante o exame, colocando em risco a igualdade de condições. Além disso, não foram entregues envelopes para lacração das folhas de respostas.

“A empresa foi comunicada sobre a anulação e nos próximos dias deverá ser divulgada a nova data do concurso”, disse Rodrigo Domingos, diretor de Assuntos Jurídicos da Prefeitura de Pradópolis.
“Estou revoltada, a anulação foi uma palhaçada”, disse a candidata Drieli Gomes Moronta Bianchi, que prestou a prova para fiscal de serviços e obras.

Drieli conta que viu, após o concurso, fiscais saírem com provas na mão que não estariam lacradas. “Achei estranho isso, mas só tive certeza que havia tido alguma coisa errada, alguma trapaça, quando a empresa não quis considerar correta uma questão que entrei com recurso”.

Das 30 questões, Drieli errou apenas duas – uma ela afirma que está correta, até consultou professores de concurso. Após o indeferimento, ela protocolou, em abril, um pedido na prefeitura para reconsiderar a decisão da empresa. “Estou aguardando até agora, mas nem devem responder mais porque a prova foi anulada”. A prova foi aplicada em março.

Em abril, cerca de 4 mil alunos da rede municipal ficaram sem aulas por dois dias porque dez diretores de escola foram desligados após determinação da Justiça (leia mais ao lado).

Outro lado
A empresa que fará a nova prova será a mesma, a RBO, da Capital. O A Cidade tentou, mas não conseguiu contatar a empresa.

Os candidatos que não puderem fazer a nova prova devem acionar a empresa para solicitar o dinheiro de volta.

Justiça manda prefeitura demitir 40 servidores

Liminar da juíza Luana Ivette Zuliani exige que a Prefeitura de Pradópolis demita, até 29 de julho, 40 servidores nomeados para cargos públicos em abril do ano passado de maneira irregular, por meio de decreto de autoria do prefeito Aldair Cândido de Souza (PMDB).

A determinação atende ação civil pública impetrada pelo promotor Hermes Morais, no mês passado. Pela decisão, a prefeitura deve mandar embora os funcionários que não ingressaram via concurso público.

O ingresso da ação ocorreu depois que o TJ (Tribunal de Justiça) considerou inconstitucionais os decretos que proveram os 40 cargos. O Tj atendeu Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) movida pela Procuradoria Geral de Justiça.

“A prefeitura está há três anos no poder e ainda não conseguiu concluir o concurso. Editaram uma Lei Complementar para manter essas pessoas nos cargos”, disse o promotor. O diretor jurídico acrescenta que 35 servidores já foram demitidos em abril deste ano, após determinação da Justiça. Segundo ele, os outros cinco seguem no cargo por meio de Lei Complementar aprovada pela Câmara, em setembro do ano passado.
 



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