Com que voto eu vou?

18/10/2014 16:09:00

Com a disputa pela presidência cada vez mais acirrada, eleitores indecisos ganham mais importância

Weber Sian / A Cidade
Bianca Alves, 20 anos, indecisa: neste momento, a tendência é votar nulo (foto: Weber Sian / A Cidade)

“Não tenho candidato à Presidência da República. As duas opções carregam um passado ruim. É difícil escolher um”, afirmou a promotora Bianca Alves, de 20 anos. A jovem está entre os 17 milhões de brasileiros que dizem não ter escolhido candidato no segundo turno.

Em uma eleição muito equilibrada – as pesquisas do Ibope e Datafolha colocam os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) em empate técnico – os eleitores indecisos e que hoje dizem votar branco ou nulo podem determinar o vencedor.

Para Bianca, o discurso dos dois candidatos não convence a ponto de merecer o voto dela.  A jovem não acredita que o Brasil tenha a ganhar com os dois candidatos. “A presidente Dilma não tem feito muito coisa. O Aécio não passa confiança de ser capaz de mudar. Hoje, minha opção seria votar nulo.”
Para os especialistas ouvidos pelo A Cidade, a forma que a campanha vem se desenrolando não favorece o indeciso, nem a mudança de quem pretende votar branco ou nulo. Temos muitos ataques e pouca ideologia e propostas.

Não é a única
A analista de departamento Luciana Costa, de 32 anos, votou na candidata Marina Silva (PSB) no primeiro turno – ficou em terceiro lugar com pouco mais de 22 milhões de votos. Agora está tendo dificuldade de escolher Aécio ou Dilma neste segundo turno.

“Quero votar em um candidato para não deixar as outras pessoas decidirem por mim, mas está difícil”, explicou a analista. “Eu não aprovo o governo Dilma e o Aécio ainda não conseguiu me passar confiança”, acrescentou.

De acordo com a jovem, ela escuta e lê mais coisas desfavoráveis do que favoráveis aos dois candidatos. “Como anular ou votar em branco não é uma coisa que me agrada, vou acabar deixando para escolher o voto na última hora, depois do último debate”, explicou.

Datas
O segundo turno da eleição para a Presidência da República acontece no dia 26 de outubro. Já o último debate vai ao ar depois das 22h do dia 24 de outubro, na Rede Globo.

Em Ribeirão, 31% decidiram não votar

Se o índice de indecisos, votos branco e nulos nas pesquisas Ibope e Datafolha estão na casa dos 12%, no primeiro turno, em Ribeirão Preto, 31% dos eleitores aptos a votar deixaram de escolher um candidato – dos 429.649 aptos, apenas 296.854 votaram em algum candidato à presidente.

Os votos desperdiçados pelos eleitores de Ribeirão Preto (132.795) superam, e muito, a votação que Marina Silva e Dilma Rousseff tiveram na cidade – 69.973 e 61.631 votos, respectivamente. Apenas o tucano Aécio Neves teve mais votos: 149.009.

No Brasil, 142,8 milhões de eleitores estão aptos a votar. No primeiro turno, porém, os votos válidos somaram 104 milhões ou 73,2%. Já os eleitores que optaram pela abstenção e pelo voto branco ou nulo foram 38 milhões ou 26,8%.

Indefinição até a última hora

Assim como a analista Luciana Costa, o aposentado Francisco Paulo da Silva, de 67 anos, afirmou que pretende aguardar para a última hora para escolher em quem vai votar no segundo turno da corrida presidencial.

“Estou assistindo aos debates e à propaganda eleitoral gratuita. Mas ainda não defini meu voto. É muita coisa negativa que a gente escuta. Isso é o que complica mais”, falou o aposentado.

Para Carlos Manhanelli, especialista em marketing eleitoral, o eleitor indeciso deve ser o “fiel da balança” no segundo turno. “Os candidatos estão esquecendo os indecisos e fazendo uma campanha focada na militância”, opinou Manhanelli.

Segundo o especialista, o tucano Aécio Neves chegou a pedir os votos dos indecisos no programa eleitoral da televisão, mas de forma tímida. “Os partidos deveriam fazer uma pesquisa qualitativa para saber o que os indecisos esperam do candidato”, analisou o especialista. “Mas a situação não caminha para nada disso”, apontou Manhanelli.

Sem ideologia

Para o marqueteiro político, a forma de fazer política ajuda a “formar indecisos”. “Antigamente se debatia ideologia. Hoje, defende-se perfil de pessoas, no caso em questão Aécio e Dilma. São dois partidos de centro, com pessoas que prometem a mesma coisa e só tem a credibilidade pessoal para oferecer ao eleitor”, finalizou.

 



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