Candidatos de Ribeirão Preto arrecadam R$ 5,8 milhões

22/09/2018 11:17:00

Campanhas eleitorais alternam entre gastos que já ultrapassam cifras milionárias e postulantes que não receberam sequer um centavo na conta

Dinheiro público já injetou R$ 3,9 milhões nas candidaturas locais (foto: divulgação)


Os 44 candidatos a deputado federal ou estadual com base eleitoral de Ribeirão Preto declararam, até agora, um total de R$ 5,8 milhões arrecadados para a campanha política. Dois em cada três reais vieram de dinheiro público, do fundo destinado aos partidos. Em contrapartida, declararam gastos já contratados de R$ 3,2 milhões principalmente para impressão de santinhos e informativos.  

Com base nas informações analisadas na manhã desta sexta-feira (21) junto ao banco de dados da Justiça Eleitoral, A Cidade traçou o raio-x da movimentação financeira das candidaturas com laços ribeirão-pretanos. Os valores correspondem ao que as campanhas declararam, podendo estar subestimados em relação ao que foi efetivamente praticado.  

A corrida financeira é desigual: enquanto Arnaldo Jardim (PPS) arrecadou R$ 1,9 milhão e gastou R$ 1,3 milhão na sua campanha à Câmara Federal, 16 candidatos declararam não ter nenhuma movimentação de receita ou despesas.  

O consultor político Gilberto Musto, autor de quatro livros sobre campanhas, diz que uma "candidatura está alicerçada em três pilares: recursos financeiros, grupo político e popularidade", ressaltando que quem já exerce um cargo eletivo tem vantagem em relação a um novato.  

CarlosManhanelli, presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos, ressalta que as candidaturas para cargos legislativos não precisam gastar com campanha na rádio e televisão, que geralmente são arcadas pelas coligações, e por isso direcionam as despesas para deslocamento (combustível), gráfica (impressão de panfletos e santinhos) e militância.  

Ele diz não haver, necessariamente, correlação entre despesas e sucesso eleitoral. "É necessário uso inteligente dos recursos", aponta.
Líder de arrecadação, Arnaldo Jardim diz que "acima de tudo, é necessário que tenhamos um debate de ideias do que de exposição de material".  

Ramon Faustino (PSOL), que busca uma vaga para deputado federal, declarou apenas R$ 3 mil de receitas - 0,1% do que tem Jardim. "Contamos com muitos voluntários e apostamos no corpo a corpo, contato com as pessoas".   

Fonte: Análise do A Cidade junto ao Repositório de Dados Eleitorais do TSE. Consulta realizada às 10h de sexta-feira (21). Os candidatos atualizam a prestação de contas com frequências diferentes, portanto alguns estão com dados defasados em uma semana 

 
Dinheiro público 

Com a mais recente reforma eleitoral, a força das doações de empresas privadas, proibidas desde 2016, foi substituída pelo dinheiro público do fundo eleitoral e partidário. Dois em cada três reais das campanhas locais vieram desses fundos, com liberação a cargo dos partidos. Ou seja: quanto maior a influência partidária, mais recursos terá.  

Baleia Rossi, presidente estadual do MDB, teve R$ 1,5 milhão do fundo eleitoral injetados em sua campanha - que representam 99,9% de sua arrecadação. Já Arnaldo Jardim lidera as doações de pessoas físicas, com R$ 802 mil recebidos, seguido por Samanta Nogueira, com R$ 412,9 mil.  

O maior mecenas de ambos é Rubens Ometto Mello, presidente do conselho de administração da Cosan (um dos maiores grupos privados do País, com atuação na área de infraestrutura e energia). Já Yussif Ali foi quem mais abriu a carteira: tirou R$ 200 mil do próprio bolso para investir em sua campanha.  


 
Santinhos e informativos lideram gastos

A publicidade em materiais impressos representa pelo menos um R$ 4 em cada R$ 10 gastos pelos candidatos locais, segundo declaração dos candidatos na Justiça Eleitoral. Os campeões de gastos nessa categoria são Arnaldo Jardim (R$ 546 mil), Baleia Rossi (R$ 287,1 mil) e Samanta Duarte Nogueira (R$ 171,1 mil). No meio digital, Baleia Rossi lidera: ele declarou ter gasto R$ 51,7 mil com impulsionamento de conteúdo, desde propaganda paga nas redes sociais até disparo de emails e mensagens para eleitores.   


PRINCIPAIS DESTINOS DAS DESPESAS CONTRATADAS (Soma dos candidatos a deputado estadual e federal de Ribeirão)

- Publicidade por materiais impressos (santinhos, revistas): R$ 1,3 milhão
- Despesas com pessoal (motorista, panfletário, assessor de imprensa) R$ 784,7 mil
- Publicidade por adesivos R$ 222,5 mil
- Atividade de militância na rua R$ 126,9 mil
- Impulsionamento de conteúdo (postagem em redes sociais, emails, etc) R$ 96,2 mil 

Análise  

Ter mandato faz a diferença, diz especialista 

"A grande diferença em uma campanha eleitoral se dá entre candidatos com e sem mandato. Um parlamentar tem a verba de gabinete para ser investida no trabalho de base, e na reeleição utiliza, de forma legal, esse recurso para visitar seus redutos eleitorais. Além disso, carrega uma carga de capital político e de influência, em grande parte pelo exercício do mandato e, com isso, destinação de emendas parlamentares. Já quem não possui mandato necessita ter um investimento maior junto à base eleitoral. Além disso, a popularidade é um fator relevante. Um candidato que é presidente de uma Apae há 25 anos, por exemplo, será mais popular que um chefe cartorário. Assim, há três principais pilares de uma candidatura bem sucedida: recursos financeiros, grupo político e popularidade".



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