Em coletiva, Deltan Dallagnol também falou sobre o que espera do próximo presidente e das 'sementes' que a operação espalhou no País
Em coletiva com a imprensa no início da noite desta segunda-feira (17) em Ribeirão Preto, Deltan Dallagnol, procurador da República e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou que "se a gente [população] está preocupado com o combate da corrupção, mais importante que o presidente, é o voto no deputado e ao senador".
Deltan explica que as revelações de corrupção feitas pela Lava Jato podem ter dois efeitos no povo: gerar um voto mais consciente, tendo por base especialmente o critério de passado limpo ou, então, gerar a concepção de que todo político é corrupto, portanto a escolha em quem votar é feita com outros critérios.
"Qual desses efeitos a Lava Jato vai gerar é difícil dizer [...] nós podemos mostrar à sociedade que existem boas opções. Se a pessoa se dedicar a buscar candidatos, especialmente a deputado federal, estadual e senador, com pouco de esforço acha alguém com passado limpo e que tem uma visão de mundo que atende à sua expectativa em relação ao governo no futuro".
O procurador também comentou os efeitos da Lava Jato no País. Para ele, além de ter espalhado sementes de investigações para diversos lugares do país, como pedaços de informações e provas, ela também tem o efeito de inspiração, como na Operação Sevandija.
As engrenagens do sistema de Justiça são feitas para não funcionar contra poderosos. O que a Lava Jato fez foi mostrar que é possível você extrair resultados úteis desse sistema, ainda que de modo excepcional, e as pessoas começaram a acreditar que é possível produzir justiça mesmo contra as engrenagens do sistema".
Próximo presidente
Sobre o próximo presidente do Brasil? Deltan espera que em cima do diagnóstico que a Lava Jato faz, venha o tratamento. "Tratamento só pode vir por meio de reformas legislativas que podem ser impulsionadas pelo Congresso Nacional e também sejam apoiadas pelo presidente da República".
Currículo
Deltan Dallagnol
Nascido em 29 de janeiro de 1980, em Pato Branco (PR), é procurador da República e coordenador da força tarefa da Lava Jato em Curitiba. Com mestrado na Universidade de Harvard tornou-se, aos 34 anos, coordenador da força tarefa do caso Lava Jato. É um dos protagonistas da equipe que empreendeu um novo modelo de investigação, acusando mais de 280 pessoas por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, muitas delas poderosas, e que vem recuperando mais de R$ 10 bilhões.