Ser médico é o sonho de muitos jovens ao prestar vestibular. Segundo a Fuvest, para cada uma das 80 vagas disponibilizadas no vestibular de 2018 para medicina na USP de Ribeirão Preto, existem 86 candidatos. Para quem conquista o sonho de exercer a profissão, comemorada no dia 18 de outubro, um dos momentos mais importantes da carreira é a residência nos hospitais escola. Em Ribeirão Preto, a Santa Casa é referência na formação de médicos.  

Com 122 anos de existência, o hospital tem um lugar especial na vida dos médicos que passam por lá e, muitas vezes, permanecem. "Foi na Santa Casa que me formei médica, continuei trabalhando e crescendo profissionalmente, me aprimorei no serviço e fiz especializações. Além disso, atuo na residência médica, ensinando e compartilhando toda minha experiência com os médicos mais jovens", comenta a ginecologista e obstetra Maria Cecília Barbelli Feitosa (CRM 19404), de 71 anos.  

"Ser médico vai além das especialidades, sempre digo que para ser médico, além do trabalho árduo e incansável, é fundamental gostar de gente e amar o próximo. O bom médico também deve ter caráter, bom senso, amor à vida e, acima de tudo, se colocar no lugar do próximo. Esses atributos não são adquiridos na faculdade, é uma questão de formação pessoal", opina a especialista em clínica médica e cardiologia, Ana Letícia Biagiotti (CRM 157975), de 29 anos.  

A Santa Casa é referência para atendimentos de média e alta complexidade em ginecologia e obstetrícia, sendo responsável por boa parte dos partos do SUS do município, e também na área de neurologia, cardiologia, urologia, entre outros. O hospital hoje tem grande atuação tanto na área pública como na conveniada, com um plano próprio de saúde, o Santa Casa Saúde, que atende 25 mil beneficiários.   

Estrutura e atendimento  

Ao todo, são 254 leitos, 250 médicos credenciados, 250 médicos residentes e em fase de especialização, 1.060 funcionários, uma média mensal de 18.000 atendimentos, 1.600 internações e 800 cirurgias, além de 1.500 atendimentos na Unidade de Urgência e Emergência. A Santa Casa de Ribeirão Preto também possui centro cirúrgico com 11 salas e centro de transplante renal.  

"Já formamos mais de 200 médicos e 400 especialistas. Hoje, são profissionais que atuam na saúde do país todo e contribuem com a evolução da medicina. Incentivamos a participação dos médicos em congressos, em cursos de imersão e na produção científica", explica o médico especialista em cardiologia e terapia intensiva Luís Eduardo Amaral Muniz (CRM 52388), que também é gestor do Hospital de Ensino e Pesquisa da Santa Casa.  

O hospital tem parceria na formação acadêmica dos alunos de medicina, psicologia, enfermagem e fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá. "Nosso compromisso maior é o aperfeiçoamento constante dos Programas de Residência Médica, associando ensino e assistência com a incorporação das mais modernas tecnologias em benefício de todos", completa Muniz.    

 
Tradição e modernidade  

Em 2004, a Santa Casa solicitou o Credenciamento de Residência Médica e hoje possui 15 residências credenciadas. Em janeiro de 2010 iniciou seu plano de revitalização. A fachada do prédio ganhou características arquitetônicas modernas, a área verde recebeu nova jardinagem e a recepção foi totalmente remodelada, ampliando o espaço e o conforto ao público. O hospital ganhou novas salas, equipamentos de última geração, e passou a realizar transplantes de rins em junho de 2010.   

 
Uma história de orgulho  

A Santa Casa de Misericórdia foi uma ideia trazida de Portugal, para atender à população carente. Surgiu em 1896 como "Sociedade Beneficente de Ribeirão Preto". Os primeiros atendimentos foram realizados num simples casarão, onde os pacientes recebiam os cuidados médicos.  

Com o crescimento da cidade e o atendimento às pessoas da região, o casarão tornou-se pequeno. A Prefeitura de Ribeirão Preto doou um terreno para ampliação da Sociedade Beneficente, mas o projeto com diversos aparelhos da medicina da época, preenchendo todos os requisitos que uma instituição hospitalar precisava ter para salvar vidas, foi construído apenas parcialmente e logo ficou defasado.  

As soluções só começaram a surgir em 1902, com a chegada do Padre Euclides Gomes Carneiro, que assumiu a Provedoria da Sociedade Beneficente e procurou ajuda. Conseguiu 30 contos doados pelo dono da famosa fazenda Monte Alegre, Francisco Schmidt, o Rei do Café e em seguida, trouxe as Irmãs Salesianas para dirigir a Sociedade, que em 1910 recebeu a denominação de Santa Casa de Misericórdia.  

Até 1923 foram construídos dois Pavilhões, a residência das Irmãs Salesianas e o Pavilhão Pereira Barreto. Em 1935, foi inaugurada a Escola de Enfermagem da Santa Casa, idealizada pelo médico Waldemar Rosa dos Santos, e em 1936 foi criada a Associação Médica órgão responsável pela representação política dos médicos da Santa Casa.  

Em 1939 foi concluído o Pavilhão Tinoco Cabral e a Santa Casa recebeu o "Abrigo Ana Diederichsen", doado pelo benemérito Antônio Diederichsen. O hospital era constituído de doze pavilhões com dez enfermarias, 24 quartos e dois apartamentos. No dia 3 de setembro de 1993, a Santa Casa de Ribeirão Preto recebeu da Associação Paulista de Medicina o Selo de Qualidade. Na época havia no hospital 321 leitos, 895 funcionários e 294 médicos. (Bruna Zanatto, com supervisão de Angelo Davanço)