Corpo de engenheiro morto por lutador de jiu-jítsu é enterrado em Batatais

20/04/2015 20:11:00

Paulo César de Oliveira morreu de maneira brutal em hotel de Campo Grande (MS)

Mastrangelo Reino / Especial
O engenheiro elétrico Paulo César de Oliveira morreu após ser espancado (foto: Mastrangelo Reino / Especial)

Um homem calmo e avesso à confusão. Esse era o perfil do engenheiro elétrico Paulo César de Oliveira, 49 anos, morto de maneira brutal no último sábado por um lutador de jiu-jítsu em um hotel de Campo Grande (MS).

O enterro da vítima ocorreu na tarde de ontem no Cemitério da Saudade em Batatais, cidade onde morava. No velório, familiares buscavam uma justificativa para o ato extremo de violência.

“Meu pai nunca se envolveu em uma discussão, ele era um homem que raramente alterava a voz, ainda estamos sem entender”, disse, consternado, Vinicius de Oliveira, 22 anos, filho mais velho do engenheiro que também era pai de uma jovem de 18 anos.

Paulo César estava em Campo Grande há 15 dias. Segundo familiares, a vítima se preparava para assumir o cargo de diretor em uma hidrelétrica na capital do Mato Grosso do Sul e retornaria para Batatais no domingo, data em que comemoraria os 50 anos de idade junto aos familiares e amigos. “Eu falei com ele no sábado e percebi que estava feliz e pronto para voltar”, relatou Vinicius.

A maneira como o engenheiro foi morto chocou os familiares. Devido à gravidade das lesões causadas por chutes e socos desferidos pelo lutador Rafael Martinelli Queiroz, 27 anos, o caixão de Paulo César ficou lacrado e uma foto da vítima foi colocada em cima da urna.

“Foi uma agressão gratuita, não precisava disto. Meu irmão ficou com o rosto desfigurado, isto foi uma covardia”, contou Emílson José de Oliveira, 47 anos, irmão da vítima.

Irmão da vítima, Marcelo Lúcio de Oliveira, 34 anos, diz que Paulo César não tinha um perfil violento e sempre lutou pela paz. “Meu irmão nunca matou uma formiga, tinha um coração enorme fazia o bem para todo mundo”, contou.

O filho de Paulo César fez questão de lembrar as conversas com o pai, que sempre pedia para ele fazer o bem. “Ele sempre pautou sua vida para o que era certo. Pedia para eu ser correto, mas acabou perdendo sua vida quando só queria descansar após um dia de trabalho”, revelou Vinicius.

Antes de matar Paulo César, o lutador de jiu-jítsu de 27 anos discutiu e agrediu a namorada, que estava grávida. Ela conseguiu fugir do quarto e pedir socorro para funcionários do hotel. Paulo César de Oliveira, 49 anos, estava hospedado no mesmo andar do casal.

Reprodução / EPTV
O lutador de jiu-jítsu Rafael Martineli, de 27 anos, foi preso (foto: reprodução / EPTV)

Acusado é tomado por fúria

Pesando cerca de 140 kg e com quase dois metros de altura, Rafael Martinelli Queiroz é de São Paulo e estava hospedado no mesmo hotel para participar de um campeonato de jiu-jítsu em Campo Grande. Ele se desentendeu com a namorada e agrediu a mulher de 24 anos, que está grávida. 

Desesperada, ela saiu em busca de socorro. O lutador faixa preta de jiu-jítsu arrombou seis apartamentos do hotel e quebrou vários objetos, como guarda-roupas, cadeiras, extintores de incêndio e algumas câmeras de vigilância. 

A procura pela namorada terminou no quarto 216, onde o engenheiro elétrico estava hospedado. “A primeira hipótese é que a vítima teria aberto a porta e reclamado. Mas a gente acredita que ele invadiu o quarto acreditando que a namorada estava lá e matou o Paulo César com uma cadeirada na cabeça”, revelou o delegado Tiago Macedo. 

Após a agressão, o lutador desceu para a recepção e entregou uma corrente de ouro dizendo pertencer ao hóspede do 216. 

A recepcionista foi até o quarto e encontrou a vítima caída no chão ao lado da cama. “No local encontramos um boné usado por Rafael. O corpo da vítima estava bem machucado, as lesões eram bem traumáticas”, contou o delegado.

Lutador estaria incomodado

Segundo o delegado que investiga o caso, um casal de amigos que viajou com Rafael até Campo Grande alegou que ele se sentia incomodado com a gravidez da namorada. 

“Um amigo relatou que o Rafael estava nervoso, porque a namorada teria afirmado que estava grávida e ele alegava que o filho não é dele”, contou o delegado.

Segundo a polícia, Rafael não participou do campeonato de jiu-jítsu. “Os amigos disseram que ele não competiu e que estava perturbado”, disse.

Rafael foi preso em frente ao hotel. Na delegacia, porém, se negou a prestar depoimento. O delegado espera que o lutador dê sua versão na manhã desta quarta-feira. O acusado está detido em uma cela da Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos, Assaltos e Sequestros de Campo Grande. 
 



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