Filha diz que precisou levar a mãe, vítima de infarto e sem convênio, até estacionamento do Hospital Ribeirânia à espera do Samu
Uma mulher de 80 anos passou mal quando visitava um parente no Hospital Ribeirânia, na noite desta terça-feira (12). A família alega omissão de socorro, pois precisou chamar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para que a mulher, sem convênio médico, fosse levada até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Treze de Maio.
Mary Dalva Oliveira Bergamini foi diagnosticada com infarto e precisou ser encaminhada à Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), onde aguarda um procedimento de cateterismo, segundo a filha Maura Bergamini de Abreu Machado Gonzalez y Gonzalez.
“Minha mãe estava com os sintomas de um infarto, como náusea, diarreia e dor no braço. Não estava nem conseguindo andar. Apenas mediram a pressão dela no Hospital Ribeirânia, que estava em dez por seis, e disseram que poderia ser um mal-estar”, contou a filha.
Maura disse que, ao solicitar uma ambulância do Samu, foi informada que somente a enfermagem poderia fazer o pedido pelo fato de a paciente estar no interior de em uma unidade hospitalar.
“Como a enfermeira-chefe não apareceu, pedi uma cadeira de rodas, fui com a minha mãe até o estacionamento e passei o endereço de onde estava para o Samu fazer o atendimento”, afirmou.
Mary Dalva foi levada para a UPA e, depois do primeiro atendimento que apontou um infarto agudo do miocárdio, precisou ser encaminhada ao HC-UE, onde permanece internada.
“Por sorte, o plantonista era um médico cardiologista e ele disse que por um triz minha mãe não morreu. Eu acho tudo isso um absurdo. Estamos em um mundo cruel em que as pessoas olham para si próprias e não para o outro”, comentou a filha, em tom de desabafo.
Um Boletim de Ocorrência (BO) por omissão de socorro foi registrado na Polícia Civil, que deve apurar as responsabilidades.
Outro lado
O Hospital Ribeirânia informou, por meio de nota, que primeiro vai apurar o fato para se manifestar posteriormente. Contudo, o hospital já adiantou que “tem como conduta socorrer o paciente, independente dele ter ou não plano de saúde”.
A Secretaria Municipal da Saúde disse, também por meio de nota, que recebeu o chamado para atendimento da idosa e que a referência era que a paciente estaria no estacionamento do Hospital Ribeirânia.
A Saúde diz que “não houve qualquer proibição em entrar no hospital para socorrê-la, nem acompanhamento ou qualquer envolvimento nas ações que ocorreram anteriormente dentro do hospital, antes do atendimento do Samu”. E conclui: “a paciente foi imediatamente atendida e encaminhada à UPA”.