Homicídio de Brama é o 4º de uma série de execuções

28/06/2017 13:37:00

Sucessão de mortes interligadas começou em janeiro de 2016 com assassinato do PM Edson Luiz Marques

Reprodução / WhatsApp
O soldado Roberto Pereira Abramovícius, 38 anos, foi morto na manhã desta quarta-feira (21) (Foto: Divulgação/WhatsApp)

 

A morte do cabo da PM Roberto Pereira Abramovicius, 38 anos, o Brama, é a quarta de uma série de quatro execuções iniciada em 17 de janeiro de 2016 com a morte de outro policial militar, o cabo Edson Luiz Marques. É o que revela a divulgação da identidade do acusado do crime – Alef Vieira dos Santos, de 23 anos.

O delegado Alexandre Jorge Dahur Filho diz que Alef foi reconhecido e apontado como o autor do homicídio de Brama pelos próprios familiares. Ele teve prisão temporária pedida à Justiça e está foragido.

O crime seria uma vingança pelo homicídio do irmão Alfred Vieira dos Santos, 17 anos, morto com 41 tiros na frente de casa em 27 de julho do ano passado. Antes mesmo de Alfred ser executado, segundo Dahur Filho, a família registrou queixa denunciando supostas ameaças que o cabo estaria fazendo a Alfred.

No dia em que o adolescente foi morto, no ano passado, os familiares afirmaram ao A Cidade que Brama sempre passava apontando com o dedo (imitando um arma) para o menor.


Morte do cabo Edson
Alfred, por sua vez, cumpriu medida socioeducativa na Fundação Casa no ano passado por envolvimento na morte do cabo Edson. Ele foi detido oito dias após o crime e acabou confessando que era o condutor da motocicleta que levou Patrick dos Santos até o policial, mas negou, em depoimento, saber que ele seria assassinado (leia mais abaixo).

Já Patrick – apontado como o autor dos tiros que mataram Édson - foi morto três dias depois, na madrugada do dia 20 de janeiro, por policiais militares dentro de casa que teriam ido até o local para atender uma denúncia. Os policiais alegaram que ele estava armado e agiram em legítima defesa, mas familiares do jovem alegam execução. (Colaboração Cristiano Pavini)


Delegado descarta ligação de PM

O delegado Alexandre Dahur Filho nega que o cabo Brama estivesse envolvido na morte de Alfred Vieira dos Santos. “Não acreditamos na possibilidade do policial [Brama] estar envolvido porque ninguém, em sã consciência, com mínima de inteligência, avisaria uma vítima, principalmente um policial, que a mataria ou algo nesse sentido e depois realizaria o crime”, afirmou Dahur, em entrevista coletiva.

Ao A Cidade, o delegado afirmou que, até hoje, a morte de Alfred não foi esclarecida, mas que acredita que o Setor de Homicídios já tenha investigado e descartado eventual participação de Brama no homicídio do jovem.


Para ouvidor, é a lei de Talião

Para o ouvidor das Polícias do Estado, Júlio César Fernandes Neves, se os quatro homicídios estiverem de fato interligados é um sinal de que as pessoas não esperam mais pela Justiça e recorrem à lei de Talião - olho por olho e dente por dente - para que os crimes não fiquem impunes. “O Ministério Público e a Justiça têm de funcionar para acabar com a impunidade. O Estado não pode se omitir”, opina.

Ele afirmou que solicitou à Procuradoria-Geral de Justiça a nomeação de um promotor para acompanhar as investigações.

 

 

ENTENDA O CASO

17 DE JANEIRO DE 2016
Policial militar Edson Luiz Marques é assassinado na tarde de um domingo, enquanto fazia bico de segurança em uma padaria no bairro Ipiranga. Testemunhas dizem que dois jovens, em uma motocicleta, participaram da ação.

20 DE JANEIRO DE 2016
Principal suspeito da morte de Edson, Patrick Cardoso dos Santos, 20 anos, é morto dentro de sua casa na madrugada em uma operação da Polícia Militar, com tiros no tórax e no ombro. Os policiais alegam que ele estava armado e agiram em legítima defesa, mas familiares do jovem alegam execução. Patrick havia deixado a Fundação Casa há um mês.

25 DE JANEIRO DE 2016
Alfred Vieira dos Santos, 17 anos, é detido por suspeita de participação na morte do PM. Ele era o condutor da motocicleta que levou Patrick até Edson Marques, mas negou, em depoimento, saber que o policial seria assassinado.

27 DE JULHO DE 2016
Alfred Vieira dos Santos, 17 anos, conhecido como “Tiquinho”, recém-saído da Fundação Casa, é executado na frente de casa, no Jardim Jandaia, com 41 tiros. Familiares e amigos ouvidos pelo A Cidade disseram que o PM Roberto Abramovicius, o Brama, o ameaçava constantemente.

1º DE MARÇO DE 2017
Alef Vieira dos Santos, 23 anos, irmão de Alfred, foge da Penitenciária de Tremembé. Ele estava no regime semi-aberto e cumpria pena por roubo.

21 DE JUNHO DE 2017
- PM Roberto Abramovicius, o Brama, é executado com dois tiros na cabeça enquanto fazia bico de segurança em um posto de combustível no Ipiranga. Suspeito chegou a pé, matou o policial, roubou uma motocicleta e fugiu.
- Após a morte de Brama, seis pessoas são baleadas e duas executadas em vias públicas na zona Norte.

 Reprodução / WhatsApp
Casos foram registrados nos bairros Jardim Jandaia, Simioni e Ipiranga na tarde desta quarta-feira (21) (Foto: Reprodução/WhatsApp)

 

24 DE JUNHO DE 2017
Na madrugada, três pessoas são baleadas no mesmo local no Ipiranga. Duas morrem. O único sobrevivente se chama Alef, mas não se trata do irmão de Alfred. Ele recebe alta hospitalar.

Thiago Roque
Homens foram baleados no Ipiranga na madrugada deste sábado (24) (Foto: Thiago Roque/ACidade ON)

 

27 DE JUNHO DE 2017
DIG afirma que Alef dos Santos, irmão de Alfred, é o principal suspeito da morte de Brama. Motivação do crime seria retaliação à morte do irmão.

 

MAPA DA VIOLÊNCIA NA ZONA NORTE

 



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