Delegado de Ribeirão Preto acusado de extorsão é afastado

22/07/2016 09:38:00

Leandro Árabe é suspeito de, junto a 3 policiais, extorquir empresário suspeito de tráfico de drogas

Matheus Urenha / A Cidade
Os policiais Roberto Santos, o Foca, Augusto Vaquero, e Luiz Henrique Maringoli foram presos pela Corregedoria da Polícia Civil (Matheus Urenha / A Cidade)

 

A Justiça determinou o afastamento provisório do delegado Leandro Árabe da Polícia Civil e a quebra do sigilo bancário dele e de sua mulher.

Acusado pelo Ministério Público e pela Corregedoria de, junto a outros três policiais civis, extorquir um empresário para paralisar uma investigação de tráfico de drogas. Árabe agora só pode deixar Ribeirão Preto com autorização judicial.

Anteontem, o investigador Luís Henrique Maringoli de Lima foi o terceiro policial a ser preso acusado de participar do crime. Outros dois policiais - Roberto Mario dos Santos, o Foca, e Augusto Vaquero - estão atrás das grades desde o dia 8 de julho.

Árabe atua no 4º DP e é acusado de concussão, prevaricação, extorsão e integrar associação criminosa entre 2014 e 2016, quando estava na Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes).

O delegado teve a prisão preventiva solicitada pelo MP, mas negada pela Justiça. Até ontem, a Corregedoria não tinha sido oficiada sobre o afastamento.

As investigações apontam que Árabe e os três policiais teriam agido para “travar” o inquérito 095/14, aberto em fevereiro de 2014 na Dise após um veículo Audi A3 ser apreendido com entorpecente. Em troca, teriam exigido, em março de 2016, R$ 100 mil do proprietário do carro - dos quais R$ 80 mil foram pagos. A última quantia, R$ 20 mil, foi repassada em 7 de julho para Foca. O encontro foi filmado e as cédulas xerocadas antes de ser entregue.

No dia seguinte, Árabe teve sua casa revistada em cumprimento de mandado de busca e apreensão e foi levado para depor coercitivamente na Corregedoria.

Em sua carteira, foi apreendida uma cédula de R$ 100 com a mesma numeração da que foi entregue a Foca - preso nesse dia com Augusto Vaquero. O delegado nega participação no crime. A Justiça autorizou a quebra do sigilo bancário de Árabe e de sua mulher no período de janeiro de 2014 a 14 de julho deste ano.

“O delegado Leandro estaria atuando com os demais acusados há muito tempo”, diz decisão do juiz Eduardo Alexandre Young, de 15 de julho. O processo está sob sigilo, mas o despacho foi obtido pelo A Cidade.

Os três estão presos preventivamente no Presídio Especial da Polícia Civil, em São Paulo.
Árabe, segundo o juiz, não teve a prisão preventiva decretada porque as provas até então coletadas “não se mostraram bastantes para vincular de forma segura” sua participação nos crimes de concussão e extorsão.

Dinheiro para cerveja

Em depoimento à Corregedoria, Árabe negou participação no crime e disse que a cédula de R$ 100 encontrados em sua carteira em 8 de julho, com a mesma numeração de uma das notas dos R$ 20 mil que foram entregues no dia anterior pela vítima de extorsão ao policial civil Foca, “foi um presente do próprio colega para compra de uma caixa de cerveja em um bar.

Segundo o despacho judicial, a versão não foi confirmada por Foca.

Em 8 de julho, Foca foi preso temporariamente. Em sua casa foram encontrados, dentro de uma cômoda, R$ 6,3 mil frutos da extorsão.  Na casa de Augusto Vaquero, também preso naquele dia, foram encontrados R$ 9,8 mil.

As cédulas haviam sido xerocadas previamente pela vítima da extorsão, e o dinheiro apreendido com os policiais apresentou a mesma numeração.

Advogados não são localizados 

O A Cidade não conseguiu localizar ontem familiares ou advogados do investigador de polícia Luis Maringoli e do delegado Leandro Árabe.  O nome de ambos foi ocultado pelo A Cidade na reportagem sobre o caso publicada em 9 de julho porque, à época, não havia pedido de prisão contra eles, nem divulgação de provas que poderiam incriminá-los.

A defesa do policial “Bola” afirmou que não poderia dar informações porque o processo está sob sigilo judicial e que aguardam a denúncia do MP para se pronunciarem.

Procurado, um dos advogados de Augusto disse que, por ora, a defesa não iria se manifestar sobre as acusações. 

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