Assaltantes queriam R$ 100 mil de donos de lotéricas

10/07/2018 15:01:00

Casal de empresários foi rendido em São José do Rio Pardo e trazido para Ribeirão Preto, na madrugada desta terça (10); marido entregou R$ 35 mil para libertar a mulher

Casal deixa a DIG de Ribeirão após roubo em Rio Pardo (Foto: Ricardo Canaveze / ACidade ON)
 

O empresário de 63 anos feito refém em São José do Rio Pardo com a mulher, 55, e libertado em Ribeirão Preto, na madrugada desta terça-feira (10), declarou que os criminosos exigiam mais de R$ 100 mil para soltá-los. O casal é proprietário de três lotéricas - duas em Rio Pardo e outra em Mococa. A mulher somente ficou livre após a entrega da quantia de R$ 35 mil em dinheiro.

As vítimas foram rendidas por volta das 20h desta segunda-feira (9) quando chegavam de carro à residência onde moram, em um bairro nobre de Rio Pardo.  Dois assaltantes já estavam na área interna da casa.  

O casal relatou que houve ameaças a todo o momento e exigência de dinheiro e joias. As vítimas, contudo, não sofreram agressão física. "Eles perguntavam sobre a quantidade de dinheiro que havia na lotérica e se o carro-forte havia passado", disse o empresário.  

Às 23h30, um comparsa chegou em veículo de cor escura. Segundo as vítimas, esse era o que passava as instruções por meio de um telefone celular para os dois que estavam no interior da casa.  

Os assaltantes chegaram a levar cada uma das vítimas para um cômodo a fim de verificar possíveis conflitos de respostas ao que eles perguntavam.  

Em um determinado momento, o empresário disse que propôs aos bandidos que um deles fosse com ele até uma das lotéricas para pegar o dinheiro de um cofre auxiliar ao qual teria acesso, já que a abertura do cofre principal dependeria da empresa de transporte de valores.  "Não tinha mesmo os R$ 100 mil", afirmou a vítima, que disse que um carro-forte já havia recolhido o dinheiro no sábado (7).    

O empresário contou que o trio ficou com receio de que fossem pegos pelo sistema de alarmes da lotérica, que é monitorado.  "Os mais influentes do grupo chegaram à conclusão de que seria melhor vir para Ribeirão", disse.  

Com um dos criminosos na direção, o empresário foi trazido no próprio carro, uma Rand Rover Evoque. Já a mulher foi colocada no banco traseiro do carro dos bandidos e seguiu com dois deles no veículo. O modelo do automóvel, porém, as vítimas não souberam descrever.  

Ao chegarem a Ribeirão, a mulher foi levada para o bairro Planalto Verde, na zona Oeste, e o empresário voltou para Rio Pardo sozinho para buscar o dinheiro e libertar a esposa.   

Empresário foi trazido para Ribeirão no próprio carro (Foto: Ricardo Canaveze / ACidade ON)

O resgate  

Já quase no início da manhã, o empresário retornou com aproximadamente R$ 35 mil, dinheiro que ele pegou nos cofres de suas duas lotéricas na cidade.  

Um dos criminosos mantinha contato com ele por meio do telefone celular da esposa, que estava com o empresário.  "Ele pediu para circular por um lago [no Parque das Artes, zona Sul de Ribeirão]. Até que uma hora falou para parar, colocar a sacola com dinheiro na calçada e vazar. Perguntei: cadê a minha esposa? Porque eu cumpri com a minha parte", relatou.  

A mulher foi libertada horas depois da entrega do dinheiro. O marido já estava na CPJ (Central de Polícia Judiciária) da rua Duque de Caxias.  

"Fiquei com um deles, que estava armado, perto de uma caixa d´água. Por volta das 5h, ligaram e avisaram que o dinheiro havia sido entregue. Ele me libertou, deixou R$ 100 para tomar um táxi e disse que havia uma padaria e um orelhão perto", contou a mulher.  

Uma pessoa que passava pelo local percebeu que a mulher estava nervosa e a auxiliou a fazer contato com a PM (Polícia Militar).  

O reencontro do casal ocorreu na CPJ sob forte emoção. Os dois deram um longo abraço e choraram juntos.  "Estava com medo de que fizessem alguma coisa com meu marido. O que estava comigo me deixou muito tranquila e disse que, com 100% de certeza, não iria me matar, independente da entrega do dinheiro. Nós vamos superar isso juntos, porque nosso amor é muito grande", disse.  

A DIG (Delegacia de Investigações Gerais) apura o caso registrado na CPJ como roubo a residência. Para esse caso em específico está previsto o aumento de pena de um terço até a metade em razão das vítimas terem sido mantidas em poder dos criminosos com restrição da liberdade.   

Além do dinheiro, foram roubados um celular, joias, roupas e relógios de pulso. 

Nenhum suspeito, contudo, ainda havia sido identificado. Houve contato, inclusive, com a DIG de Casa Branca e com a Delegacia de Polícia de São José do Rio Pardo.  

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