Wagner Rodrigues pede perdão judicial a juiz da Sevandija

17/05/2018 09:29:00

Defesa do sindicalista aponta que sua delação premiada foi essencial para desmantelar o caso envolvendo Dárcy

Perdão: O ex-presidente do Sindicato dos Servidores, Wagner Rodrigues (foto: Mastrangelo Reino / A Cidade - 21.jun.2016)
 
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Autor da mais polêmica das delações premiadas da Operação Sevandija, Wagner Rodrigues formalizou ontem (16) pedido de perdão judicial ao juiz Lúcio Ferreira, da 4ª Vara Criminal. Inicialmente, ele ocultou o total de propina recebida de Zuely Librandi e é chamado de mentiroso pelos demais réus.  

O advogado Daniel Rondi cita, na petição, que o ex-presidente do Sindicato dos Servidores assinou a colaboração premiada apenas cinco dias após a deflagração da Sevandija, "prestando informações de suma relevância e essenciais para o desbaratamento de crimes de alta complexidade, mesmo tendo sua vida "colocada em risco".  

Com base na delação de Wagner a investigação foi ampliada. Até então, a Sevandija considerava que Zuely havia sido extorquida por Marco Antonio e Dárcy Vera para a Prefeitura liberar as parcelas mensais dos honorários.
Depois, o Gaeco passou a apurar o acordo prévio de propina entre a advogada e agentes políticos.  

Foi Wagner quem apontou a existência da "lista da propina", encontrada no escritório do advogado Sandro Rovani, com a suposta divisão de dinheiro dos honorários. Nela, consta que Dárcy Vera receberia R$ 7 milhões.  

No acordo de delação premiada, formalizado com o Gaeco em outubro de 2016, ficou acordado que, independente da condenação que Wagner receba, a pena será cumprida em regime aberto (prisão domiciliar) e não seria alvo de prisão preventiva.  

Agora, a defesa do ex-sindicalista pede que a pena seja extinta. A Lei Federal 12.850/2013, que trata das Organizações Criminosas e se tornou a base para delações premiadas em todo o País, afirma que os réus que colaborarem com a Justiça podem ser beneficiados com extinção de até dois terços da pena ou perdão judicial.
Caberá ao juiz Lúcio Ferreira definir se aceita o pedido quando proferir a sentença do núcleo dos honorários.  

O acordo de colaboração premiada de Wagner abrange cinco crimes: integrar organização criminosa, corrupção passiva e ativa, peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso.  

Entretanto, ele ainda pode ser alvo de ação do Gaeco por lavagem de dinheiro, após pente-fino realizado pelos promotores nos repasses feitos por Zuely, divergências em seus depoimentos e acusações de Sandro Rovani. 

Alguns argumentos da defesa de Wagner para o perdão judicial 

1 - Ele apontou o local em que estava a "planilha da propina", mostrando que a delação não ficou apenas em sua palavra, mas em provas materiais;

2 - Assumiu, com arrependimento, ter fraudado atas de assembleias do Sindicato dos Servidores para favorecer Zuely Librandi;

3 - Revelou que as tratativas prévias de propina com Zuely envolviam Dárcy Vera e Marco Antonio dos Santos, o que se tornou um "divisor de águas" na investigação;

4 - Wagner teria sido "convencido" por Zuely e Sandro Rovani que o acordo dos honorários, além de render propinas para ele, seria vantajoso para os servidores.

Vai e volta do dinheiro  

Em setembro de 2016, Wagner disse ao Gaeco que recebeu três repasses de Zuely, mas com valores pequenos, de R$ 5 mil cada. No mês seguinte, assumiu ter recebido R$ 50 mil de "adiantamento" e mais R$ 200 mil (mesmo valor dos imóveis) no início de 2013, e que depois ele e Sandro receberam R$ 537 mil. Um ano depois, ao ser interrogado pela Justiça em dezembro de 2017, ele se lembrou, que na verdade, havia recebido sozinho R$ 1,2 milhão.  

Segundo Wagner, todo o dinheiro foi gasto. "Ajudei conhecidos, paguei cirurgia para uma pessoa, viajei... Quando parei para pensar em guardar, já tinha ido embora", afirmou ao juiz.  

Já Sandro Rovani, que seria o intermediário da propina paga por Zuely, afirmou à Justiça que Wagner recebeu R$ 5,2 milhões.  

O Gaeco descobriu que Wagner remeteu dinheiro a parentes de sua companheira, que moram no Ceará. Um inquérito em aberto investiga o crime de lavagem de dinheiro. O ex-sindicalista não está imune a essa investigação. 

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