Os três suspeitos de extorquirem padre por vídeo íntimo foram indiciados por homicídio
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(Por Willian Oliveira)
A Polícia Civil concluiu na terça-feira (10) o inquérito que apura as circunstâncias em que o sargento da Polícia Militar, Paulo Sérgio Arruda, de 43 anos, foi morto em uma troca de tiros no último dia 20 de fevereiro, na casa de um padre, no Residencial Olívio Benassi, em Matão.
Ele e outros três policiais de Araraquara, todos de folga, foram até a cidade vizinha para proteger o religioso de três chantagistas. Os suspeitos exigiam R$ 80 mil para não divulgar um vídeo em que o pároco aparecia mantendo relações sexuais com um deles.
O processo corre em segredo de justiça, entretanto, o portal A Cidade ON Araraquara apurou que o Ministério Público já recebeu todo o conteúdo da investigação com depoimentos, fotos, vídeos da reconstituição, laudos periciais e relatórios do serviço de inteligência da polícia com escutas telefônicas e outros métodos de coleta de provas.
A expectativa do delegado Marlos Marcuzzo, que conduziu as investigações, é que o promotor se manifeste até o fim dessa semana.
"Estamos esperando um posicionamento do promotor, para saber se ele quer mais diligências ou não. Eu estou no aguardo", disse ele.
Se o Ministério Público ficar satisfeito com o conteúdo do inquérito pode pedir a denúncia dos suspeitos e se o juiz aceitar eles passam a ser réus no processo. A expectativa é que eles sejam levados a júri popular.
Os suspeitos
Edson Ricardo da Silva, o Banana, de 32 anos, apontado como o atirador, vinha extorquindo o padre Edson Maurício por um vídeo em que os dois mantinham uma relação sexual.
Luiz Antônio Carlos Venção, 28, e Diego Afonso Siqueira Santos, de 21 anos, conhecido como Cocão, também teriam participado da extorsão e, posteriormente, do assassinato.
Os três negam que tenham atirado no sargento Arruda.
Fim das prisões temporárias
A preocupação do delegado é que as prisões temporárias de Banana e Luiz Carlos Venção vencem no fim de semana. "Até sexta-feira (13) temos que ter um posicionamento dele (do promotor)", conta Marcuzzo que espera ver a prisão temporária deles ampliada ou até mesmo a prisão preventiva decretada.
Banana e Luiz Carlos foram presos pela Polícia Civil no dia 16 de março, minutos antes de se entregarem à Polícia Civil de Sertãozinho, ainda na sede da OAB daquela cidade.
Diego se entregou no dia 28 de março, na delegacia de Santa Ernestina. A prisão temporária dele, de 30 dias, já teria terminado, mas foi prorrogada para mais 30.
Indiciados
Apesar de Banana ter sido apontado como o atirador, o delegado Marlos Marcuzzo explica que os três são responsáveis pelo resultado final da ação que terminou com o sargento baleado duas vezes no peito.
"Quem atirou, nos autos, é o Banana. A pena dele pode ser maior porque ele atirou, mas todos participaram do mesmo crime", destaca.
Eles vão responder por homicídio doloso qualificado e extorsão. A pena deles pode ultrapassar os 30 anos de prisão.
O crime
O sargento foi morto no final da noite do dia 20 de fevereiro depois de se envolver em uma troca de tiros com três homens que estariam extorquindo o padre Edson Maurício, de Matão. Arruda e outros três policiais, em horário de folga, foram até a casa do pároco para ajudá-lo com esse problema.
Lá, sem que ninguém esperasse, houve uma confusão. Ao ver os PMs, os acusados atiraram. Houve revide com rápida troca de tiros. O sargento foi baleado duas vezes no peito, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Os acusados fugiram em duas motos.
Nem o padre e nem os demais policiais se feriram. Sargento Arruda teria disparado uma única vez, mas provavelmente depois de já ter sido atingido. O projétil acertou a parede da casa.
Versão do padre
O padre contou ao delegado Marlos Marcuzzo que estava em Araraquara quando um amigo, garagista, lhe ofereceu ajuda para acabar com as ameaças. Foi esse comerciante que conversou com Arruda, que teria se oferecido para ajudar. Os quatro policiais foram em um veículo e o padre, o garagista e outras duas pessoas, foram em um segundo veículo.
Na casa do padre, os policiais entraram e o pároco recebeu novamente uma ligação do Banana que disse que iria até a casa dele.
O suspeito chegou com outros dois homens, em duas motos. Eles entraram na casa do padre e quando encontraram o Sargento Arruda, começaram a atirar.
Outras investigações
A Polícia Militar também investiga o caso e principalmente a conduta dos policiais que não teriam agido de acordo com as normas da corporação. Os três que sobreviveram a troca de tiros foram transferidos do 13º Batalhão da Polícia Militar de Araraquara.
A Diocese de São Carlos, responsável pela paróquia de Matão, também investiga a conduta do padre, que foi transferido da cidade logo após a confirmação da conduta do religioso.
Anos de dedicação à PM
O Sargento Arruda nasceu em Araraquara há 43 anos. Ele ingressou na PM em 1996, realizando, assim um sonho de criança, e seguindo os passos do pai, policial militar aposentado. Casado e pai de três filhos, o sargento era destaque na companhia da Força Tática desde 2013. Durante sua carreira, acumulou elogios e premiações, a última delas o título de Honra ao Mérito concedido pela Câmara Municipal em novembro do ano passado.
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