Um mês após morte de estudante da USP, acusado segue solto

13/03/2018 09:00:00

Ministério Público Estadual confirmou ontem que prisão temporária foi decretada depois de acusado ser indiciado na Polícia Civil

 

Um mês após o estudante Héber Galante Assalin Júnior, 22 anos, ser esfaqueado num apartamento no Jardim Botânico, na zona Sul de Ribeirão Preto, a mãe dele, Cristina Galante, só tem um desejo: "alguém me ligar e falar que ele [Carlos Portugal Arouca Júnior] está preso. Isso vai amenizar um pouquinho, 0,000001% da minha dor." 

O estudante morreu no dia 14 de fevereiro, um dia após os ferimentos na  Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas.  O namorado dele, o gerente de supermercados Carlos Portugal Arouca Júnior, de 38 anos,  é acusado de ser o autor do crime. Ele teria matado o estudante  por não aceitar o fim do namoro dos dois. 

Hoje, sem o filho, Cristina diz sobreviver graças à fé e esperança de que a Justiça será feita. "Se eu não acreditar nisso, eu não vou sobreviver, eu tenho que acreditar. Nós ainda precisamos, apesar da lentidão que anda nossa Justiça, precisamos acreditar que aconteça. Acredito que aconteça, tenho fé em Deus e nos nossos policiais". 

Carlos chegou a se apresentar no 4º Distrito Policial no dia 26 de fevereiro. Porém, como a Justiça não havia decretado a prisão temporária pedida pela Polícia Civil no dia 16 de fevereiro, o homem foi ouvido, indiciado pelo crime de homicídio doloso e liberado.  

Em reportagem do ACidade ON publicada no dia 1º de março, a Delegacia Seccional informou que o inquérito policial já havia sido encerrado e encaminhado ao Poder Judiciário com pedido de prisão preventiva do investigado.  

Porém, até a noite desta segunda-feira (12), o inquérito ainda não havia sido entregue ao promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino. A demora na tramitação do inquérito, segundo Marcus Túlio, pode ser justamente por Carlos estar solto.  

"Como ele não foi preso ainda, a tramitação é mais demorada mesmo. Se ele tivesse preso, seria um inquérito de réu preso. A própria lei diz que quando o indiciado tá preso, determina um prazo de dez dias para ele [processo] ser remetido. Mas como ele não está preso, esse prazo não precisa ser observado", explica o promotor.  

Já o mandado de prisão temporária de Carlos, segundo o promotor, já foi deferido. O ACidade ON recebeu informações de que o gerente de supermercado estaria em Salvador (BA), onde tem familiares.   

"Meu filho se foi, mas o assassino está livre por aí. Agora a gente só carrega a dor da perda e a esperança de que a Justiça seja feita". 



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