Sepulturas ajudam a contar a história da cidade e chamam a atenção de quem visita o local

Logo na entrada do cemitério está Nicolino Raia, que morreu em 1916. Ele teria sido um farmacêutico muito bondoso e visitantes vão até sua sepultura pedir graças. Diz a lenda que a pessoa que conseguir 'tirar na unha' uma pedra do túmulo consegue o milagre solicitado.
Outro túmulo muito conhecido é do escravo Eduardo Lourenço. O que já chama a atenção é um escravo ter sido sepultado no cemitério São Bento, em 1915. Isso porque, na época, escravos eram levados para serem sepultados fora da cidade. Mas, o que diz a história é que Eduardo era um escravo bondoso e de grande estima para seu senhor, tanto que quando morreu, a família que ele servia, cedeu a sepultura.
Em sua lápide está escrito "Aqui jaz o preto Eduardo, que nasceu escravo em 1937 e alcançou por sua honradez e fidelidade a carta de liberdade em 1889 e faleceu em 1915 cercado de estima e respeito". Eduardo é procurado principalmente por fumantes, que desejam largar o vício.
"Este é um dos túmulos mais visitados deste cemitério. Muitas pessoas atribuem à Eduardo milagres. O túmulo não é tombado, mas a sepultura é preservada pelo município", explica o historiador Rogério Tampellini.
Outro túmulo que é bastante visitado é do engenheiro Edmundo Brusch Varella. Ele foi um dos responsáveis pela construção da estrada de ferro em Araraquara. Sua sepultura é curiosa pois é feita com dormentes, usados nos trilhos.

Outra pessoa que ficou ainda mais conhecido depois de morto foi o médico José de Freitas Madeira. A história relata que ele era uma pessoa bondosa, que atendida muitas pessoas sem recursos. Hoje, seu túmulo é muito visitado e à ele também é atribuído muitas graças.
Nelsinho
Um dos milagreiros mais conhecidos do País tem seu túmulo Araraquara: Nelsinho Santana. Na verdade, hoje, o local é um memorial, pois os restos mortais do menino que morreu aos 9 anos estão em Ibitinga, sua cidade natal.
Nelsinho caiu de uma árvore aos 7 anos, quando brincava com seus irmãos, na fazenda onde os pais trabalhavam e machucou o braço esquerdo. Por conta da gravidade, sentindo dores insuportáveis que o levaram a duas internações, em uma delas teve de amputar o membro. Ele encarou tudo com humildade e avisou ao padre Rudolfo que Jesus o havia chamado e que queria passar o Natal no Céu.
Após 18 meses de dor e sofrimento veio a falecer aos 9 anos na Santa Casa de Misericórdia de Araraquara, na véspera de natal de 1964 às 19 horas, foi sepultado em Araraquara no dia de Natal como indigente, pois a família não tinha recursos para bancar o funeral. Depois uma sepultura perpétua foi doada por uma família religiosa.
Nelsinho é conhecido em todo Brasil pelos milagres e graças alcançadas que a ele são atribuídos através de vários devotos de Araraquara e região.

A família, na época, relatou que tinham recebido uma cópia da certidão de óbito de Nelsinho e que havia pedido por sua intercessão.
Em 24 de Outubro de 2011 seu corpo foi exumado e os restos mortais do "Servo de Deus" foram colocados em duas caixas e transladados para a Paróquia Senhor Bom Jesus, em Ibitinga.
Curiosidades
Fora os 'túmulos dos milagres', no cemitério São Bento há muitas sepulturas curiosas, como o do aviador Edmundo Lupo, que tem uma asa de avião, e do dentista Ary Kerner Lustoza da Silva, morto em 1962, que pediu para não ser sepultado 'embaixo da terra' e por isso, seu caixão fica suspenso.
Outros curiosos são o das Irmãs Franciscanas, de 1880, com 50 m² e 23 gavetas, e dos Padres Redentores. O das irmãs está na quadra 3A e tem 91 placas padronizadas de sepultamento e uma estátua de São Francisco de Assis.